domingo, 1 de abril de 2012

Na contramão de SP, onde apoia Serra, PSD se alia ao PT em outros estados

Apesar das críticas petistas ao partido de Kassab, há coligação em 4 capitais

Maria Lima

BRASÍLIA. O PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que não é de centro, de direita nem de esquerda, mas é o principal aliado do tucano José Serra na eleição da maior cidade brasileira, tem pouca afinidade com o PSDB país afora.

O desenho atual das alianças que estão sendo fechadas para a eleição nas capitais mostra que, além de São Paulo, a dobradinha PSD/PSDB só deve se repetir em Belém (PA) e Rio Branco (AC). Os dois aliados mais comuns do PSD são o PT da presidente Dilma Rousseff, com quem Kassab faz reuniões reservadas e até sigilosas como a da semana passada; e o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Os petistas desdenharam do apoio do PSD em São Paulo, mas o partido de Kassab vai apoiar candidatos da base de Dilma na maioria das capitais. Os petistas já despontam nas coligações com o PSD em Salvador, Aracaju, Campo Grande e Recife, onde serão os cabeça-de-chapa.

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, já usaram palavras duras contra Kassab, mas isso não inviabilizou alianças nessas capitais e em muitas outras cidades médias.

Segundo Rui Falcão, as diferenças manifestadas entre PT e PSD, quando Kassab discutia apoio ao candidato petista em São Paulo, Fernando Haddad, são pontuais. Perguntado se isso afetaria alianças em outros estados, foi curto:

- Acho que não.

PSD vai apoiar candidatos socialistas

PMDB só tem aliança garantida com partido de Kassab no Rio

O PSB, partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, terá o apoio do PSD para seus candidatos em seis capitais, entre elas centros urbanos importantes e com grande eleitorado, como Belo Horizonte, Curitiba, João Pessoa e Fortaleza. Nesta eleição de estreia, o PSD quer se fazer conhecido por meio de parcerias eleitorais de grande visibilidade.

Faz parte do projeto do partido do prefeito Gilberto Kassab tentar se consolidar agora para ter uma participação mais consistente na eleição de 2014, com candidaturas próprias onde tiver chance de vitória. E, a três meses do registro de candidaturas, o PSD já conta com pelo menos cinco pré-candidatos em capitais: Goiânia, Florianópolis, Manaus, Maceió e Porto Velho.

Secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz diz que na formação o PSD teve apoios explícitos ou consentidos dos líderes políticos regionais na maioria dos estados. E por isso, a decisão da Executiva Nacional é nesta primeira eleição apoiar os candidatos dos aliados que incentivaram o processo de fundação da legenda.

- O apoio do PSD ao PT nas capitais é a conta que estamos pagando por causa do apoio dos governadores Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE), por exemplo. Esse processo não tem nada a ver com o episódio de São Paulo - explica Saulo Queiroz.

Sobre o apoio do PSD a Nélson Pelegrino, pré-candidato petista em Salvador, depois da confusão em São Paulo, o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), numa provocação, diz que o partido de Kassab vai apoiar candidatos que forem do governo:

- Aqui na Bahia, o dono do PSD é o vice de Jaques Wagner, o Otto Alencar, uma mistura de carlismo com todos os ismos que existem. É natural que apoie o candidato do governo. Onde tem governo, o PSD é governo. Afinal é um partido, não uma entidade filantrópica.

O PMDB, principal partido do governo de coalizão de Dilma, só tem apoio garantido do PSD à reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Mas o partido de Kassab está comprometido com os candidatos do PMDB em São Luís e Vitória, não definidos.

No entanto, até agora o PSD não acertou apoio aos candidatos de Porto Alegre, Cuiabá, Boa Vista e Macapá, entre outras capitais. No Tocantins, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) costura uma aliança com o PV para a eleição na capital, Palmas.

No Rio Grande do Sul, Saulo Queiroz diz que o PSD não teve o apoio de nenhuma liderança tradicional do estado e que o partido ainda analisa o cenário:

- Já no Paraná, tivemos um apoio consentido do governador Beto Richa e vamos apoiar a reeleição do atual prefeito, que é do PSB, em coligação com vários partidos, inclusive o PSDB.

Em Minas, o PSD estará indiretamente coligado com o PSDB e PT na disputa em Belo Horizonte, onde as três legendas apoiam a reeleição do prefeito, Márcio Lacerda, que é do PSB.

FONTE: O GLOBO

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