domingo, 4 de março de 2012

Vice de Serra depende do tempo de TV do PSD

A indicação do candidato a vice-prefeito de São Paulo em eventual chapa do ex-governador José Serra (PSDB) dependerá da decisão do TSE sobre a participação do PSD no horário eleitoral. Se o partido de Gilberto Kassab ganhar tempo na TV ficará com a vice, um cargo valorizado, apesar das declarações de Serra de que cumprirá integralmente o mandato. Do contrário, cresce a tese da chapa puro-sangue, com a indicação do próprio PSDB

Kassab depende de tempo na TV para emplacar eventual vice de José Serra

Eleição em SP. Se o TSE conceder ao PSD minutos na propaganda eleitoral, a candidatura a vice ficará com o partido do prefeito paulistano em eventual chapa liderada pelo ex-governador; do contrário, ganha força a hipótese de uma dobradinha do PSDB

Julia Duailibi

A escolha do candidato a vice-prefeito de São Paulo em eventual chapa do PSDB liderada pelo ex-governador José Serra dependerá da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a participação do PSD no Fundo Partidário e no horário eleitoral gratuito.

Se o PSD, partido do prefeito paulistano Gilberto Kassab, ganhar minutos na propaganda eleitoral, a vice ficará com a legenda. Do contrário, cresce a tese da chapa puro-sangue, com a indicação do próprio PSDB.

O candidato a vice-prefeito numa chapa de Serra tem alto valor nas negociações eleitorais, não obstante as declarações dele, públicas e privadas, de que desta vez cumprirá todo o mandato.

A tese da renúncia em 2014 está precificada nas negociações e tem como lastro não só o desejo dele de ser presidente como a história recente: em 2006, renunciou para disputar o governo do Estado. Assumiu o vice, Kassab.

A expectativa dos advogados do PSD é a de que até o começo de abril o TSE julgue a ação em que a sigla pede que sua cota no Fundo Partidário seja calculada de acordo com a sua bancada de 52 deputados (só 47 hoje exercem o mandato; os demais estão licenciados). O critério atual leva em consideração a bancada eleita na última eleição, ou seja, em 2010. Como o PSD foi criado no ano passado, hoje tem direito a uma divisão marginal do bolo. Daí o pedido de revisão da regra.

Até que saia a decisão da Justiça, os tucanos ganham fôlego para as negociações, já que ainda têm pela frente a prévia em 25 de março, em que Serra disputará a indicação contra o secretário estadual José Aníbal (Energia) e o deputado Ricardo Tripoli.

Se vencerem a discussão sobre a distribuição do Fundo Partidário, os advogados do PSD ingressarão nos dias seguintes com a ação "siamesa", a do tempo na propaganda eleitoral, que é a que interessa na negociação da vice. "Se vencermos uma, ganhamos a outra. Elas seguem a mesma lógica", diz Saulo Queiroz, secretário-geral do PSD.

Apesar da disposição de Kassab de apoiar Serra neste ano, é o PT que tem visto com bons olhos o pleito do PSD na Justiça - os planos eleitorais dos dois partidos os aproximam em 2014.

Já o PSDB é contra o novo cálculo que beneficia o aliado de Serra. "PT foi nosso amigo, e o PSDB nosso inimigo, o que afasta a possibilidade de composição em 2014", afirma Queiroz.

Cenários. A vitória no TSE daria a Kassab 4 minutos diários de propaganda e poder de fogo na negociação da vice. O PSD se tornaria a terceira sigla com o maior tempo de TV, atrás apenas do PT e do PMDB. O DEM, hoje o aliado tucano com maior espaço no horário eleitoral (3min20s), perderia quase a metade do tempo.

Neste cenário, seria difícil não dar a vice ao prefeito. Kassab colocou quatro opções, mas a preferida é o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider.

Em caso de derrota no TSE, o PSD seria bombardeado pelos demais partidos da aliança, como o DEM, e veria seu cacife na negociação diminuído. Em encontro recente com Serra, o DEM avisou que, se não perder tempo de TV, vai pleitear a vice.

A chapa puro-sangue passa a ser uma saída para não melindrar nem PSD nem DEM, que se tornaram adversários quando Kassab montou seu partido, levando quadros da antiga sigla.

O secretário de Cultura, Andrea Matarazzo, amigo de Serra que abriu mão da pré-candidatura, é cotado, mas encontra a resistência do grupo de Kassab, já que ele apoiou a candidatura de Alckmin à Prefeitura em 2008. Bruno Covas, secretário estadual de Meio Ambiente, tem a simpatia do governador. Mas pesa contra ele declaração dada ao Estado em 2011 em que disse que ser vice é "querer ser subalterno".

Contra a puro-sangue, há a tese de que os adversários a usariam como indício de que Serra pode largar a Prefeitura mais uma vez. Há ainda quem veja com bons olhos a indicação de uma mulher, como Soninha Francine, pré-candidata do PPS.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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