sábado, 3 de março de 2012

Morre Fernando Sant`Anna: Enorme perda para o PPS, para a Bahia e para o Brasil

Na Constituinte, Fernando Sant`Anna (c) Augusto Carvalho (e) e Freire. 
Francisco Inácio de Almeida

O ex-deputado federal Fernando Sant'Anna morreu nesta quinta-feira aos 96 anos na Cidade de Todos os Santos. A Bahia, o Brasil e o PPS lamentam profundamente a morte do Adorável Comunista. Presidente de honra do partido, ele deixa a esperança de um Brasil mais justo. Crítico da luta do poder pelo poder, lutou no pelourinho da ditadura pela democracia. Fernando Sant`Anna nunca perdeu de vista o liberdade plena do povo brasileiro. Resistiu e venceu. É um ícone da resistência democrática. Leia abaixo nota do PPS em homenagem ao CAMARADA de luta.

Enorme perda para o PPS, para a Bahia e para o Brasil

A direção nacional do Partido Popular Socialista comunica, sob forte e sentida emoção, a morte, neste dia 1º de março, do querido companheiro Fernando dos Reis Sant’Anna, presidente nacional de honra do PPS. Com o seu desenlace, aos 96 anos, não apenas nós, seus amigos de combate partidário, estamos de luto, mas também a Bahia e o próprio Brasil.

Além de notável engenheiro civil, este bravo filho de Irará, no Recôncavo Baiano, foi presença destacada em alguns dos grandes momentos da história brasileira, como liderança política e como parlamentar. É considerado um dos "comunistas históricos" do país, notabilizando-se sobretudo pela defesa da propriedade estatal das riquezas do subsolo do país.

Desde jovem, integrou-se às lutas por um Brasil democrático, desenvolvido e equitativo, nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro. Participou, como líder da delegação baiana, do Congresso Nacional, realizado, no Rio de Janeiro, então capital da República, em aberto desafio à ditadura do Estado Novo, momento em que foi fundada a União Nacional dos Estudantes, da qual foi um dos seus primeiros dirigentes nacionais.

Formado, em 1944, no Curso de Engenharia da então Escola Politécnica da Bahia, em Salvador, no ano seguinte torna-se engenheiro-chefe do Segundo Distrito da Aeronáutica (Bahia e Sergipe), sendo logo depois chamado a trabalhar como assessor direto do grande e revolucionário educador que foi Anísio Teixeira, no governo de Octávio Mangabeira, como engenheiro-chefe encarregado da Planificação e Construção de Escolas Públicas.

Grande orador, que empolgava multidões e plenários não apenas pelo rico conteúdo dos seus discursos e falas, mas também pela rica forma de apresentar suas ideias, após resistir a pressões de amigos e companheiros que o estimulavam a disputar mandatos populares, ele finalmente se candidata e se elege deputado federal, no pleito de 1960. Num dos momentos mais delicados da vida nacional, nos anos que antecederam o Golpe de 1964, ele foi um dos parlamentares mais combativos em defesa da institucionalidade democrática e das reformas de base, sobretudo como um dos líderes do Governo João Goulart.

Tendo sido cassado em seu mandato e em seus direitos políticos, incluído na lista primeira dos punidos pelo regime atrabiliário, Fernando foi obrigado a refugiar-se em uma embaixada, para fugir à repressão policial-militar, depois exilando-se por alguns anos. Após a Anistia, retomou a carreira parlamentar, elegendo-se nos pleitos das legislaturas federais de 1982 e 1986. Foi, em 1987/88, um dos mais ativos constituintes, integrando a sua Comissão da Ordem Econômica e 2º presidente da Subcomissão da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária, além de integrante da Frente Parlamentar Nacionalista, sendo considerado um dos "deputados nota 10" pelo Diap, notabilizando-se pela luta em nacionalizar o subsolo e suas riquezas minerais. Ali coordenou a campanha nacional "O Petróleo é Nosso", em defesa da propriedade do subsolo pelo Estado brasileiro.

Homem de formação ética e política irretocável, ele atravessou mais de meio século de vida pública, conseguindo estabelecer um delicado equilíbrio de ser radical no caráter e nas convicções ideológicas e políticas e, ao mesmo tempo, ser flexível no relacionamento interpessoal e no diálogo político. Como disse o editor do belo livro do jornalista Antonio Risério – O Adorável Comunista – Fernando era um “camarada” que sempre colocou a camaradagem, em primeiro lugar.

Em meu nome pessoal, e de todos os que fazem o PPS, transmitimos nossas fraternas condolências à sua companheira Gilka e os seus filhos Márcia, Pedro e Isabella, à sua irmã Wanda, e que tenham paz de espírito para suportar esta imensa perda, que é de todos os que tiveram o prazer de conhecer e compartilhar da amizade desta singular figura humana.

Brasília, 1º de março de 2012
Deputado Roberto Freire
Presidente nacional do PPS

FONTE: PORTAL DO PPS

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