sexta-feira, 23 de março de 2012

Líder do PT ataca deputados da base

Após criticar "predadores da agricultura", Tatto condena aliados que se unem à oposição

André de Souza

BRASÍLIA. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto (SP), saiu ontem em defesa da presidente Dilma Rousseff e condenou a atitude de deputados da base aliada que condicionam a votação da Lei Geral da Copa à marcação, por parte do governo, de uma data para votar o Código Florestal. Anteontem, a grande maioria dos partidos aliados obstruiu a votação da Lei da Copa no plenário. Para Tatto, esse tipo de atitude cabe à oposição, e não à base:

- Gente! É colocar uma faca no pescoço do governo! É isso? Veja, a oposição pode falar isso. Agora, a base falar: "Nós queremos a data". A base não pode, gente! Olha a situação do governo! A base falando publicamente, pedindo para marcar a data (para votar o Código Florestal). Que história é essa? - protestou Tatto. - O governo quer discutir mérito e com razão. E o PT quer discutir mérito também.

Anteontem, em discurso inflamado, Tatto disse que o governo não poderia ceder à chantagem feita pelos "predadores da agricultura", irritando os ruralistas, que chegaram a vaiar o líder do PT. Ontem, procurando amenizar o que dissera, Tatto admitiu a possibilidade de o PT negociar o artigo 62 do Código Florestal, que obriga os produtores rurais a recomporem a vegetação nas margens de rios:

- Eu não falei mal dos ruralistas, eu não falei mal dos produtores rurais. Eu falei dos predadores da agricultura. Não sei se alguém vestiu a carapuça, mas, em nenhum momento, falei da bancada ruralista, dos produtores rurais.

Mas líderes de partidos aliados continuam reclamando do governo. Para o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), o Planalto não pode desconsiderar o papel importante que partidos menores têm na governabilidade:

- É como no futebol: o campeonato paulista não pode ter apenas São Paulo, Santos, Corinthians e Palmeiras. Tem que ter também o Botafogo de Ribeirão Preto. Posso não ser o principal, mas tenho um papel.

O líder do PR, Lincoln Portela (MG), sugere:

- No governo Lula a conversa fluía melhor. Tem algo na relação (agora) que não está dando liga. A Câmara tem que respeitar o governo, mas o governo tem que respeitar a Câmara. Filosoficamente, o que gera a violência é o desrespeito. O governo Dilma tinha uma base fidelíssima até o final do ano. Tem que ajustar a conversa.

FONTE: O GLOBO

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