sábado, 3 de março de 2012

PT x PT: Humberto, uma pedra no sapato de João da Costa

Senador estaria mais interessado do que nunca em se tornar candidato a prefeito, de acordo com avaliação de aliados do atual gestor

Bruna Serra

O ano de 2010 já estava perto do fim quando um dos principais líderes do PT pernambucano, Humberto Costa, foi eleito senador, maior conquista de sua trajetória política. Já se passaram quase 14 meses desde que assumiu o cargo e ele está de volta ao centro do debate eleitoral no Estado, agora como uma pedra no caminho da reeleição do correligionário João da Costa, prefeito do Recife. “Sabe aquela brincadeira do cuscuz, que quem derrubar o palito perde o jogo? É isso que estão tentando fazer com o prefeito no PT, cavar para que ele caia”, compara, em reserva, uma fonte tida em alta conta na prefeitura.

Ainda resistente em colocar publicamente o desejo de sentar-se na cadeira de João da Costa, o senador trabalha para viabilizar o seu nome. Há quem diga que Humberto estaria muito desiludido com a função de senador. Seus pares contam que por ter trabalhado diversas vezes no Executivo, como secretário e ministro, ele é só queixume com a burocracia da Casa Alta.

É nesse contexto que representantes da corrente petista Construindo um Novo Brasil, comandada em Pernambuco por Humberto, colocam diariamente em xeque as condições de João da Costa em conduzir por mais quatro anos a capital. O prefeito, de seu lado, insiste que sua gestão personifica fielmente as diretrizes de projeto político estabelecidas pelo PT.

Em Brasília, Humberto tem procurado líderes de partidos que formam a Frente Popular para discutir as possibilidades no Recife. “O maior cabo eleitoral de Humberto chama-se Joaquim Francisco (PSB), que está doido para ganhar um mandato de sete anos como senador”, conta um habitué das “negociações” na capital federal.

João da Costa sabe que não pode perder tempo, precisa conseguir o quanto antes que o PT confirme seu nome, visto que, apesar de algumas resistências, como é o caso do PTB, os partidos aliados tendem a receber sua candidatura com naturalidade.

Diante da euforia que tomou conta da prefeitura com a vinda da presidente Dilma Rousseff (PT) ao Recife esta semana, o senador foi o único que resistiu em admitir publicamente que a visita ilustre reforça candidatura do prefeito.

Rivais na disputa pela candidatura ao Senado em 2010, Humberto e o deputado federal João Paulo agora trabalham claramente em sintonia. A pedido do ex-prefeito, o vereador Múcio Magalhães trabalhou na última quinta-feira para esquentar a tese de que há no PT outros interessados em derrubar João da Costa. Além de Humberto e João Paulo, entrou na arena – citado por Múcio – o secretário estadual de Governo, Maurício Rands.

Em meio ao incêndio que consome o PT, o governador Eduardo Campos (PSB) – dizem aliados – está farto da novela do PT – ele deve se reunir com o ex-presidente Lula para tratar do imbróglio (leia na página 6). A ideia é que o líder máximo petista convença o senador a se conformar com a candidatura do prefeito. O JC tentou, sem sucesso, contato ontem com Humberto.

FONTE: KORNAL DO COMMERCIO (PE)

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