sábado, 24 de março de 2012

Em reunião, empresariado reclama de lentidão do governo

Natuza Nery

BRASÍLIA - Empresários reunidos anteontem com Dilma Rousseff se queixaram da lentidão de ações do governo e da centralização de decisões em torno da presidente da República.

Na última quinta-feira, o Palácio do Planalto reuniu 28 empresários, a nata do PIB (Produto Interno Bruto), para discutir formas de acelerar a economia e defender a indústria nacional.

Entre eles estavam representantes de grupos industriais, como Jorge Gerdau, e de grandes bancos, como Roberto Setúbal, do Itaú, e Lázaro Brandão, do Bradesco.

Em mais de três horas de encontro, Dilma ouviu apelos por desonerações, redução da carga tributária e mais medidas para conter a valorização do real frente o dólar.

Muitos dos empresários ali reunidos também se queixaram da lentidão da principal bandeira federal para impulsionar a indústria, o programa Brasil Maior.

Disseram que o programa é importante, mas não está andando na velocidade necessária. Um dos pontos mais críticos, segundo entidades do setor produtivo, é a demora na devolução de créditos de alguns impostos a exportadores. Há ações do plano que ainda não foram implementadas.

Segundo relatos, uma crítica chamou atenção: Joesley Batista, presidente da holding J&F, dona do frigorífico JBS, disse à presidente que sua cadeia produtiva envolve diferentes ministérios e que todas as pastas não decidem nada antes de submeter a demanda à presidente da República. Isso provoca demora e incerteza sobre definições.

"Microgestão"

O empresário resumiu no encontro uma queixa que é feita até mesmo por alguns ministros de Dilma. Esses interlocutores reclamam que a obsessão da presidente pela "microgestão" está travando decisões importantes.

Outros representantes do setor produtivo pediram uma solução urgente para as concessões de energia elétrica que começam a vencer a partir de 2015.

Baratear o custo da energia elétrica foi uma demanda unânime na reunião, mas o governo ainda não decidiu se vai renovar automaticamente as concessões ou licitar os empreendimentos novamente.

Um caso típico de atraso em medidas do governo é o chamado marco regulatório da mineração. Ele está há anos sendo discutido no Planalto, mas, até agora, não há sinal de que o projeto de lei será enviado ao Congresso.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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