segunda-feira, 5 de março de 2012

Crivella já defende Haddad de 'kit gay'

Na sua primeira agenda após assumir a pasta da Pesca, ministro isenta pré-candidato do PT de responsablidade por kit anti-homofobia

Pedro Dantas

RIO - O novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella, isentou ontem o ex-ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, de responsabilidade no episódio da produção do kit anti-homofobia. Em sua primeira agenda pública após assumir a pasta, o ministro fez questão de ressaltar, no entanto, que o seu partido, o PRB, terá candidato próprio na capital paulista - o ex-deputado federal Celso Russomano.

"Ele (Haddad) jurou com os pés juntos que não produziu (o kit). Disse que foi uma ONG contratada pelo ministério", disse Crivella, durante visita a duas colônias de pescadores na ilha da Madeira, na cidade de Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro.

"Não estou falando isso porque vamos apoiá-lo. A pesquisa do Datafolha mostrou que estamos em segundo lugar e que o (ex-governador José) Serra (PSDB) tem uma rejeição maior que a nossa. Então, estamos com chance de ir ao segundo turno e precisaremos do apoio do Haddad." De acordo com a sondagem do Datafolha divulgada neste fim de semana, Serra tem 30% das intenções de voto, Russomano está com 19% e Haddad aparece com 3%.

A nomeação para o ministério de Crivella, senador do PRB do Rio de Janeiro e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino do Deus, foi apontada como uma estratégia do governo federal para blindar Haddad dos ataques de evangélicos por conta do episódio do chamado kit anti-homofobia - elaborado pelo Ministério da Educação durante a gestão do petista e cuja distribuição em escolas foi cancelada depois de protestos de lideranças religiosas.

A iniciativa da presidente Dilma Rousseff, que contou com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também tem como objetivo facilitar uma eventual aliança entre o PT e o PRB em São Paulo - embora o próprio Russomano já tenha afirmado que não vai desistir da candidatura.

Depois da repercussão negativa de sua declaração de que não sabia sequer "colocar minhoca em anzol", Crivella tentou relativizar suas limitações.

"Ministro da Defesa são sabe dar tiro de canhão, ministro dos Esportes não faz gol de letra e nem o Serra quando era ministro da Saúde sabia dar vacina."

Em seu primeiro compromisso oficial, ele também aproveitou para reclamar da estrutura da pasta. "Tenho a intenção de fazer um plano nacional para a construção de terminais (pesqueiros). Mas como fazer licitação se dispomos apenas de dois engenheiros para fiscalizar um País continental?", questionou Crivella, que anunciou a intenção de lançar um programa chamado "Meu Barco, minha vida", com o objetivo de modernizar a frota dos pesqueiros do País.

Colaborou Alfredo Junqueira

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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