sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O “laranja” estatal :: Roberto Freire

Definido como sede da Copa do Mundo, em 2014, e da Olimpíada, em 2016, o Brasil foi inundado por uma vaga de propaganda patriótica. No entanto, por trás dessa onda de justo júbilo do povo brasileiro, o governo Lula e sua base aliada, sobretudo o condomínio do Ministério do Esporte, sob a guarda inicial de Agnelo Queiroz e posteriormente Orlando Dias, ambos do PC do B urdindo “tenebrosas transações” que levaram a exoneração, na raiz de um escândalo nacional, o último deles.

Era antiga a desconfiança dessa parceria PCdoB/Esportes e que vinha do acontecido com o Pan, realizado no Rio de Janeiro, em 2007, cujo orçamento inicial era de R$ 386 milhões, e que terminou custando algo em torno de R$ 5 bilhões.

Esse descalabro foi devidamente denunciado pelo Tribunal de Contas da União - TCU, envolvendo as três esferas de governo, pois tanto o poder municipal e estadual como a administração federal estavam envolvidos nesse escândalo de desvios de verbas.

Se isso aconteceu com a construção de uma mera vila olímpica, para uma competição intercontinental, imagine-se o que não acontece com a construção de inúmeros estádios e a necessária infraestrutura para viabilizar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada? O jornal O Estado de S.Paulo, em sua edição do último dia 30, dá-nos uma boa ideia de como funciona o governo do PT, por meio de uma reportagem que denuncia a malversação de dinheiro público.

Essa reportagem informou que o Ministério do Esporte pagou R$ 4,65 milhões, sem licitação, para a Fundação Instituto de Administração (FIA) ajudar na criação de uma estatal que foi extinta antes de funcionar! A criação, só no papel, da Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016 durou um ano.

Mesmo depois de decidido que seria liquidada, ainda assim a FIA recebeu R$ 1 milhão, as quatro últimas parcelas graças a dois aditivos ao contrato, firmado em 2010.

E mais grave: para mostrar o total desrespeito com a coisa pública desse governo, a referida empresa estatal por não ter CNPJ, ficou “impedida de cumprir com suas obrigações tributárias”. Ou seja, não pagou impostos, conforme nota emitida por auditores independentes que acompanharam o balanço.

Algo semelhante observa-se em todos os ministérios que tenham agências empresas ou estatais.
Sua utilização, exclusivamente em benefício do condomínio de poder que se instalou no governo Lula/Dilma para administrar os interesses partidários e/ou particulares de seus “chefes”, como acabamos de constatar no Dnocs, ligado ao Ministério do Interior, ou o que vem ocorrendo no interior da Petrobras, ligada ao Ministério das Minas e Energia.

Em toda parte, o que se observa é a manutenção das novas e velhas oligarquias com o auxílio luxuoso dos governos do PT, logo depois das denúncias do “mensalão”, quando se adotou a estratégia de consolidar sua base parlamentar, oferecendo, para tanto, a estrutura estatal, transformada em um condomínio das forças aliadas, sob a administração da Casa Civil.

Assim, o Brasil não é apenas o país da jabuticaba.

O governo do lulopetismo deu à luz um novo “instituto jurídico”.

Além da pessoa física e pessoa jurídica, temos a pessoa cítrica, o “laranja”, do nosso desconforto moral, escoadouro dos desvios de verbas públicas, nos escaninhos de nossa estrutura estatal.

Roberto Freire, deputado federal e presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

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