domingo, 22 de janeiro de 2012

PSDB prepara prévia para apaziguar ânimos

Dividido e inerte, partido espera que modo de escolha de candidato à Presidência em 2014 mude clima interno

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Diante das críticas crescentes à apatia tucana e da persistência das divergências internas, especialmente entre mineiros e paulistas, a cúpula do PSDB decidiu iniciar imediatamente o recadastramento de filiados em todo o país como primeira providência para realizar prévias para a escolha do próximo candidato à Presidência.

A perspectiva é que o candidato seja definido até o fim do ano, no mais tardar no início de 2013. Antes disso, porém, o partido precisa se reorganizar para as eleições municipais deste ano, diante do risco de perder para o PT a hegemonia em seu principal reduto eleitoral, São Paulo.

A briga travada nos bastidores entre o ex-governador José Serra (SP) e o senador Aécio Neves (MG) pela preferência do tucanato para a disputa presidencial de 2014 vem deixando em segundo plano não só a reestruturação do partido como sua atuação na oposição ao governo Dilma. A aposta do presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), é que esse clima de guerra acabe diante da perspectiva de realização das prévias.

- Ao término de 2012 estaremos em condições de realizar as prévias para as eleições presidenciais. Nossa disposição é de escolher nosso candidato logo depois das eleições deste ano - afirma Guerra.

Suspeitas de conspiração e relações cortadas

Na última semana, Guerra fez nova tentativa de amenizar o clima de disputa entre Aécio e Serra. Em reuniões com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sondou mais uma vez a possibilidade de Serra entrar na disputa pela prefeitura de São Paulo - hipótese que deixaria o PSDB paulista numa situação mais confortável para enfrentar a candidatura do petista Fernando Haddad, patrocinada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por outro lado, praticamente sepultaria as chances de Serra de reivindicar a vaga de candidato à Presidência em 2014. Mas Serra não está disposto a entrar na disputa paulistana.

O clima no PSDB anda tão ruim que bastou a presença de Aécio nos encontros com Alckmin e Fernando Henrique para alimentar novas suspeitas de uma possível conspiração contra o ex-governador paulista. Para se ter uma ideia, Guerra e o primeiro vice-presidente do PSDB, o ex-governador Alberto Goldman, um dos principais aliados de Serra, não se falavam desde o fim do ano passado.

A confusão começou depois que Guerra encomendou a Goldman um balanço sobre o primeiro ano do governo Dilma. O texto, no entanto, acabou sofrendo modificações, o que desagradou não só Goldman como Serra, devido à redução no tom das críticas ao PT.

- Meu texto não chegou a ser examinado pela Executiva Nacional, e, como havia o compromisso de que só seria apresentado à imprensa depois do Reveillon, viajei para São Paulo. Mas fui surpreendido com a publicação do documento no site do partido com várias mudanças. Desde então, tenho perguntado por e-mail ao presidente Sérgio Guerra os motivos destas alterações, e não recebi qualquer resposta - relata Goldman.

FONTE: O GLOBO

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