terça-feira, 9 de agosto de 2011

Opinião do dia - Roberto Freire


Não adianta dona Dilma dizer que é faxineira, pois de vassoura temos uma péssima lembrança. Se Dilma adotar essa prática vai acabar varrendo Lula. Não podemos esquecer que ela fez parte do governo passado e herdou de Lula muitos ministros, agora envolvidos em denúncias.
Não é mais admissível que a República brasileira trema todo o final de semana a espera de um novo caso de corrupção. Isso é um descalabro, estamos vivendo o despautério da corrupção com centrais de propina espalhadas em vários órgãos do governo. Chegamos ao ponto de um lobista montar seu escritório dentro de um ministério (da Agricultura). Isso é a Casa da ‘Mãe Joana da Propina’,
Está mais do que claro de que o governo é o responsável pela roubalheira que está aí. “Eles podem até querer blindar (os ministros), mas nós do PPS vamos cumprir o nosso papel e exigir investigação.
Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS, ontem, no Portal do PPS

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Bolsas assombram mundo
Ministério da Agricultura é alvo de devassa

FOLHA DE S. PAULO
O ESTADO DE S. PAULO
VALOR ECONÔMICO
ESTADO DE MINAS
CORREIO BRAZILIENSE
ZERO HORA (RS)
JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Ministério da Agricultura é alvo de devassa


A Controladoria Geral da União (CGU) recolheu ontem computadores usados no Ministério da Agricultura por servidores suspeitos de integrar um esquema de fraude em licitações e pedidos de propina. Milton Ortolan, ex-secretário executivo da pasta, que pediu demissão após a divulgação das denúncias, terá que se explicar à Comissão de Ética da Presidência. Ortolan era homem de confiança do ministro Wagner Rossi, elogiado ontem pela presidente Dilma. "Não é ele que está em questão", disse ela

CGU faz devassa na Agricultura

Órgão recolhe computadores, entre eles o do ex-secretário-executivo. Ministro não será investigado

Carolina Brígido e Chico de Gois

Técnicos da Controladoria Geral da União (CGU) recolheram ontem no Ministério da Agricultura computadores utilizados por funcionários suspeitos de integrar um esquema de fraudes em licitações. Entre as máquinas confiscadas está a do ex-secretário-executivo Milton Ortolan, que pediu demissão sábado, quando a revista "Veja" chegou às bancas com a denúncia do esquema. Segundo a reportagem, o lobista Júlio Froes teria pago propina a servidores em troca de benefícios em licitações, e Ortolan estaria envolvido.

Estão na mira da CGU servidores que lidam com licitações, contratos e convênios. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, não será investigado. Segundo o ministro da CGU, Jorge Hage, Rossi não teve seu computador apreendido por falta de indício de participação nas supostas irregularidades. Hage contou ter conversado com Rossi ontem de manhã. O colega teria se colocado à disposição para auxiliar a investigação - que ele mesmo pediu para ser instaurada.

- Do ministro, não (serão recolhidos computadores). Não há qualquer denúncia que pese sobre o ministro, pessoalmente. O recolhimento dos computadores é do pessoal que trabalha na área de licitações e de convênios, basicamente - disse Hage no Palácio do Planalto, onde assistiu à posse de Celso Amorim como ministro da Defesa.

O chefe da CGU não quis opinar sobre a gravidade das denúncias:

- Não tenho que avaliar a priori. Tenho que me manifestar depois que concluirmos a auditoria - afirmou.

Rossi teria se oferecido para ajudar investigação

Hage elogiou, porém, a postura de Rossi, que teria se oferecido para ajudar na investigação.

- O ministro Rossi me oficiou, pondo-se à disposição, colocando todos os órgãos abertos para fornecer todas as facilidades para o nosso trabalho evoluir, isso é o que importa. Eu me comuniquei com ele antes do meio-dia e informei a ele que, à tarde, nossa equipe estava indo para o ministério recolher os computadores das áreas que foram objeto de denúncia para fazer a cópia, o chamado espelhamento dos discos rígidos dos e-mails, para começar os nossos trabalhos. É um trabalho normal, como qualquer outro nessas situações - explicou.

Semana passada, a CGU abriu auditoria para investigar o Ministério da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por suposto esquema de pagamentos irregulares a empresas, além de irregularidades em sentenças judiciais e na avaliação e alienação de imóveis da Conab. A denúncia foi feita à "Veja" por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

O prazo para o fim dessa investigação é 30 de setembro. Com a nova denúncia, Hage anunciou que esse prazo será prorrogado, mas não soube precisar a nova data. Em resposta a parlamentares que querem sua presença no Congresso para prestar esclarecimentos, Hage disse que comparecerá quando for preciso. A decisão de abrir investigação para apurar a nova denúncia será publicada hoje no Diário Oficial da União.

Pagot diz que não cumprirá quarentena

Em outra frente, a Comissão de Ética da Presidência decidiu pedir explicações a Ortolan e a Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit). Pagot afirmou que não cumprirá a quarentena para atuar no setor privado. Oscar Jucá Neto, irmão de Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, também terá de explicar suas denúncias sobre um esquema de desvio de recursos na Conab e no Ministério da Agricultura. Jucá Neto sofreu ainda uma censura pública da comissão, por não ter apresentado a declaração confidencial de informações (DCI), obrigatória a todo funcionário nomeado. O DCI informa os bens e o patrimônio do servidor.

O presidente da Comissão de Ética, Sepúlveda Pertence, disse que o colegiado também pediu à CGU informações sobre o andamento das investigações no Ministério dos Transportes. Ele disse que qualquer sanção contra o ex-ministro Alfredo Nascimento dependerá de informações objetivas da CGU.

FONTE: O GLOBO

PMDB não pode ser tratado diferente, diz senador do PR

Gabriela Guerreiro

BRASÍLIA - As acusações de corrupção no Ministério da Agricultura, controlado pelo PMDB, aumentaram a insatisfação de aliados da presidente Dilma, que cobram "limpeza" na pasta semelhante à realizada nos Transportes.

O senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos mais descontentes com a saída do ex-ministro Alfredo Nascimento, disse esperar que a presidente Dilma não use "dois pesos e duas medidas" na sua relação com os aliados.

"Não é porque é o PMDB, o maior partido do Congresso, que tem que ter tratamento diferenciado. A mesma coisa feita nos Transportes deve ser feita na Agricultura ou em qualquer outra pasta", declarou o senador.

Irritados, os congressistas do PR se reúnem hoje para decidir se vão permanecer na base de apoio de Dilma. A bancada do Senado já se declarou independente.

No PMDB, a ordem é blindar o ministro Wagner Rossi (Agricultura). O presidente do partido, Valdir Raupp, disse não ver "fatos novos" que justifiquem a troca no comando do ministério.

Raupp defendeu o loteamento político do PMDB na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Chefe do Exército favoreceu firmas, diz análise do TCU

Análise do TCU diz que o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, beneficiou firmas ligadas a militares ao dispensá-las de licitação entre 2003 e 2007. Há também casos de duplicidade de pagamento.

O Exército apurará possível dano ao erário

TCU diz que comandante do Exército favoreceu empresas

Auditoria responsabiliza general por fraudes em contratos de engenharia

Segundo fiscalização, Enzo Peri, que não se pronunciou, dispensou licitações ilegalmente; prejuízo foi de R$ 15 mi

Marco Antônio Martins

RIO - Fiscalização do TCU (Tribunal de Contas da União) afirma que o general Enzo Martins Peri, comandante do Exército, beneficiou empresas ligadas a militares com dispensas de licitação entre 2003 e 2007, quando administrou o DEC (Departamento de Engenharia e Construção), do Exército.

De acordo com relatório concluído em junho, há casos de projetos contratados que não foram entregues e outros de duplicidade de pagamentos -quando duas entidades recebem dinheiro por um mesmo contrato.

A análise do TCU verificou os convênios do Exército com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), entre os anos de 2003 e 2010. Foram vistoriados pelos fiscais do tribunal 200 contratos.

No período em que o general Enzo esteve à frente do DEC foram assinados 27 acordos com a Fundação Ricardo Franco, que subcontratou dez empresas ligadas a militares. Todos sem licitação.

Criada em 1997, em apoio ao IME (Instituto Militar de Engenharia), a fundação que tem o nome do patrono da engenharia do Exército recebeu R$ 85 milhões em quatro anos. O TCU informa que pelo menos R$ 15 milhões foram destinados irregularmente a essas empresas.

Em nota, o Exército informou não ter conhecimento da fiscalização do TCU e que os militares não se pronunciariam (leia texto nesta página). A fundação não se pronunciou.

De acordo com o levantamento do TCU, o coronel Paulo Roberto Dias Morales coordenou o convênio do IME com o Dnit, entre 2004 e 2005. Investigação do próprio Exército mostra que, durante este período, o coronel acompanhou a criação das empresas que mais tarde ganhariam os contratos.

Segundo inquérito policial militar, os donos das empresas seriam amigos do coronel Dias Morales. Ele nega. Essas empresas eram subcontratadas pela Fundação Ricardo Franco para realizar projetos de viabilidade econômica, ambiental ou de monitoramento das estradas federais.

Três delas tinham como sócia a cunhada do major Washington de Paula, braço direito do coronel Morales. O major também nega as acusações do TCU.

O documento aponta como responsáveis pelas fraudes os diretores do IME e do DEC. Ao todo, 26 oficiais do Exército são citados como participantes, entre eles oito generais e oito coronéis.

O general Enzo Peri é responsabilizado pelo TCU por ratificar "indevidamente" dispensas de licitação e liberar pagamentos. O grupo é investigado pela Procuradoria-Geral da Justiça Militar, como mostrou a Folha.

Em um dos contratos assinados por Enzo, foram liberados R$ 2,3 milhões no mesmo dia em que o acordo foi assinado, em 2005.

O acordo previa o estudo de viabilidade econômica da BR-101 Nordeste. O projeto não foi feito, apesar de o coronel Dias Morales ter afirmado o contrário.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Bolsas assombram mundo


Bovespa tem a maior queda. Vale e Petrobras, juntas, perdem quase R$ 43 bilhões

No primeiro dia útil após o rebaixamento da nota dos EUA pela Standard & Poor"s, os mercados financeiros derreteram. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a cair 9,73% e, por muito pouco, os negócios não foram interrompidos no circuit breaker - acionado quando a queda chega a 10%. Entre as principais bolsas do mundo, a Bovespa foi a que mais caiu: 8,08% no fim do dia. Só perdeu para a da Argentina, bem menor. O desastre arrastou bolsas na Ásia, na Europa e nos EUA. As baixas se acentuaram após o fraco discurso do presidente Obama, que se limitou a desafiar as agências de risco e dizer que o país é e sempre será "AAA". Só Vale e Petrobras perderam juntas o equivalente a R$ 43 bilhões ou duas CSNs. As empresas do império X, de Eike Batista, viram R$ 7,4 bi virarem pó

Mercados arrasados

Bovespa chega a cair 9,73% no primeiro pregão após rebaixamento dos EUA. Bolsas recuam em todo o mundo

Bruno Villas Bôas

Os mercados internacionais foram arrasados ontem por causa do rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência Standard & Poor"s (S&P), na última sexta-feira. No primeiro pregão após o corte, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a cair 9,73% no meio da tarde de ontem, a apenas 139 pontos de um "circuit breaker", sistema que suspende automaticamente as negociações por meia hora em caso de oscilação maior que 10%. Isso não acontece desde 23 de outubro de 2008, auge dos impactos da crise financeira internacional sobre os mercados. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, terminou o dia num tombo de 8,08%, aos 48.668 pontos, maior queda desde outubro de 2008 e de volta ao patamar de 30 de abril de 2009. O mercado agora acumula uma perda de 29,78% no ano.

Os mercados de Wall Street também se afundaram em pânico. O Dow Jones - principal índice da Bolsa de Nova York - fechou ontem em queda de 5,55% e o Nasdaq, de 6,90%. Já o índice S&P 500 teve uma desvalorização de 6,66%, a maior em quase três anos. Mais cedo, os mercados da Europa tinham fechado também com fortes perdas, como Londres (3,72%), Paris (4,68%) e Frankfurt (5,02%). Os mercados asiáticos já começaram o dia hoje em forte queda: a Bolsa de Tóquio caiu na abertura 4,8%, a de Hong Kong, 6,67% e a de Seul, 7,45%. Mais uma vez, o Ibovespa teve a maior perda entre as principais bolsas internacionais. Se considerados os 91 índices acompanhados pela agência Bloomberg News, o índice ficou atrás apenas da Bolsa de Buenos Aires no ranking de maiores perdas do mundo. Em dólares, o Ibovespa recuou 10,26%, enquanto o Índice Merval caiu 10,70%.

Bovespa no topo das perdas, de novo

As quedas da Bolsa brasileira vêm ficando entre as maiores do mundo porque seu principal índice é composto por muitas empresas ligadas a commodities - e, com um mundo em crise, cai o consumo de matérias-primas, ou seja, cai o lucro dessas companhias também. Além disso, é um mercado desenvolvido e líquido, o que facilita a venda em meio ao pânico. Segundo analistas, os investidores estão saindo da Bolsa para comprar ouro, dólares, títulos do Tesouro americano ou até mesmo do governo brasileiro.

Especialistas chegaram a afirmar que o corte da classificação de risco dos EUA de "AAA" para "AA+" não deveria importar tanto assim e chegaram a lembrar que isso já tinha sido motivo de muitos rumores na semana passada. Mas os investidores não concordaram com isso. Por volta das 10h30m, logo na abertura, o Ibovespa recuava 4,95%, aos 50.325 pontos. Em Wall Street, o Dow Jones e o Nasdaq tinham perdas na faixa de 3%.

- O que ninguém imaginava que poderia ficar pior ficou muito pior com o corte do rating. Então todos vendem, e perguntam depois - afirma Hersz Ferman, gestor da Yield Capital. - Quanto mais as bolsas caírem, mais os investidores vão vender ações, seja por ordens automáticas para impedir mais perdas ou porque estão revendo quanto realmente vale uma ação.

O tombo pelo mundo começou a ficar mais intensificado, no entanto, por volta das 15h, quando o presidente dos EUA, Barack Obama, fez um pronunciamento sobre o corte da nota e o crescimento da economia americana. Obama culpou o impasse político em Washington pelo rebaixamento da classificação de risco e que "temos sido e sempre seremos um país "AAA"".

Segundo Álvaro Bandeira, diretor de Varejo da Ágora Corretora, o mercado considerou "vazio" o discurso do presidente americano, por não apontar um caminho para a saída da crise, que pode estar caminhando para uma recessão este ano.

- Os mercados sempre esperam nessas horas uma notícia que possa acalmar os nervos. Mas isso não veio. É preciso uma ação coordenada sobre os problemas da dívida na Europa para acalmar o mercado e de alguma medida do governo americano. Fica a expectativa agora para um discurso de Ben Bernanke, presidente do Fed (o banco central americano), amanhã (hoje) após a reunião para decidir os juros - diz.

Depois do discurso de Obama, o Dow Jones acentuou a queda em 4,69%, e o Nasdaq, em 6,18%. A S&P, por sua vez, rebaixou ontem a nota das agências de refinanciamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac (envolvidas na crise das hipotecas subprime, o crédito imobiliário de alto risco em 2008). Também foram reduzidos os ratings de bancos federais de empréstimos e de credores do setor agrícola. Todos foram de "AAA" para "AA+".

Negócios suspensos no mercado futuro

A ansiedade do mercado somou-se ontem aos problemas da dívida europeia. Segundo analistas, a compra de títulos italianos e espanhóis pelo Banco Central Europeu (BCE) não resolvem os problemas. No domingo, o G-7 - formado por EUA, Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão - prometeu tomar "medidas necessárias" para estabilizar os mercados.

- Temos dúvidas sobre a capacidade de reação dos governos frente aos problemas fiscais e de crescimento no mundo. Os governos estão com pouco espaço de manobra, o que alimenta a aversão a risco. Ninguém sabe como os EUA vão incentivar a economia tendo que cortar US$1 trilhão de gastos - disse Newton Rosa, economista da SulAmérica Investimentos.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os contratos negociados no mercado futuro sobre o Ibovespa tiveram duas vezes uma espécie de "circuit breaker", acionados aos 47.740 pontos, quando chegaram a uma queda de 10%. Isso aconteceu às 15h25m e 15h26m. Neste segmento de negociação, o pregão não é interrompido, mas operadores não podem fechar contratos que provoquem uma queda ainda maior no índice futuro, que fechou em baixa de 8,50%, aos 48.534 pontos.

Segundo Guilherme Benchimol, presidente da XP Investimentos, o mercado está em movimento "irracional":

- O reflexo do corte do rating foi um grande rebalanceamento nas carteiras de investimentos pelo mundo, com investidores reduzindo sua participação em mercados emergentes, como o Brasil. Os investidores pessoas físicas também se assustam e saem. Ninguém gosta de ver sua ação cair 20% em apenas um dia - disse Benchimol.

Segundo analistas, o mercado brasileiro segue abatido por suas grandes estrelas, Vale e Petrobras. Os papéis preferenciais (PNA, sem voto) da mineradora recuaram ontem 9,17%, para R$36,54. Sozinha, a mineradora foi responsável por uma perda de 550 pontos no Ibovespa. Outro importante destaque de baixa foi a ação PN da Petrobras, que recuaram 7,58%, a R$18,65. Nenhum dos 69 papéis de 63 empresas do índice teve alta.

FONTE: O GLOBO

Itamar: FAP lança livro amanhã


Assessoria da FAP
Obra resgata a figura singular de Itamar Franco

Será lançado, nacionalmente, neste dia 10 (quarta-feira), no Senado Federal, em Brasília, o livro Itamar Franco. Homem público democrata e republicano, editado pela Fundação Astrojildo Pereira e organizado pelo jornalista Francisco Almeida e o historiador Ivan Alves Filho. O evento será por ocasião da homenagem que a Câmara Alta prestará ao ex-senador e ao ex-presidente da República Itamar Franco, a partir das 10 horas. A publicação, organizada em cerca de vinte dias, reúne dezenas de manifestações públicas decorrentes da morte do político mineiro. São declarações, artigos, discursos, notas, feitas por governos e representações estrangeiras, por autoridades dos Poderes da República, por personalidades políticas, por líderes de partidos os mais diversos e de concepções ideológicas as mais variadas, por organizações da sociedade civil, por intelectuais e acadêmicos, por periódicos e jornalistas.
Nelas, há uma unanimidade de que a ausência de Itamar Franco fará falta ao Brasil, reconhecido que é como um exemplo de cidadão simples e sem afetação, de democrata de palavra e ação, de republicano irretocável, de comportamento ético irrepreensível. Sua rica trajetória política foi marcada também pela convicção de que sozinho ninguém encaminha nem resolve problemas sérios, tendo como ponto alto o Plano Real. Com coragem e determinação, comandou o processo de implantação desse plano que permitiu controlar a mais violenta e persistente inflação da história do país, e com isso restabelecer a normalidade das atividades econômicas e a estabilização da moeda. Sem este passo decisivo, que teve continuidade nos governos FHC e Lula, não haveria crescimento da economia, a melhoria do padrão de vida da população, o início da ascensão social dos setores mais carentes e de combate à pobreza.
Destaque-se que, além de uma homenagem a esta figura singular da política brasileira, o livro se constitui uma contribuição à história nacional, ao reunir opiniões expressas nos mais diversos veículos de comunicação e de uma forma dispersa e fácil de perder-se nas brumas do tempo, se não tivessem sido organizadas.

Um Supremo petista?:: Merval Pereira


Com a anunciada aposentadoria da ministra Ellen Gracie, teremos uma nova indicação para o Supremo Tribunal Federal, a décima de governos petistas. Ainda em 2012 mais dois ministros se aposentam, e estará sendo julgado o processo do mensalão. Pelo menos a (o) substituta (o) da ministra Ellen Gracie atuará no julgamento e pode ser fundamental na decisão.

A sucessão da ministra já era discutida em Brasília antes mesmo que sua aposentadoria saísse oficialmente no Diário Oficial, o que ocorreu ontem, e praticamente apenas mulheres são cogitadas, seguindo a lógica de que a presidente Dilma Rousseff tem pretendido reforçar a representação feminina em suas escolhas.

Mais: entre as indicações possíveis, pelo menos quatro têm ligações com o PT. Maria Elizabeth Guimarães Rocha, ministra do Superior Tribunal Militar (STM) indicada por Lula, trabalhou na subchefia de assuntos jurídicos da Casa Civil entre 2003 e 2007, os dois primeiros anos sob as ordens de José Dirceu, o principal réu do mensalão.

Coube a ela, durante a campanha eleitoral, interromper o julgamento da divulgação do processo sobre a prisão de Dilma durante a ditadura militar, embora tivesse votado a favor da liberação do documento.

A procuradora do estado de São Paulo Flávia Piovesan, especialista em direitos humanos, é a preferida do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de quem foi colega na procuradoria.

A desembargadora federal Neuza Maria Alves da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1 ª Região, tem o apoio do governador baiano, Jaques Wagner. E Maria Tereza Rocha Moura, ministra do Superior Tribunal de Justiça, foi indicada para o cargo pelo então ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos.

A juíza do Tribunal Penal Internacional em Haia Sylvia Steiner também está na lista e atenderia ao desejo de Ellen Gracie de assumir um cargo em um tribunal internacional.

O jurista da Fundação Getulio Vargas do Rio Diego Werneck, um estudioso tanto do Supremo brasileiro quanto da Suprema Corte dos Estados Unidos, não acredita que temos um Supremo petista, "pelo menos não no sentido de um tribunal alinhado com o partido", mas admite que o poder presidencial de indicar ministros "é certamente empregado para fins políticos no Brasil de hoje".

Contudo, como ele indica em um trabalho em conjunto com Leandro Molhano Ribeiro, os fins políticos em jogo são muitos, e aumentar a chance de decisões judiciais alinhadas com o projeto político-constitucional do presidente é apenas um dentre esses múltiplos objetivos possíveis.

Nesse trabalho, os autores dizem que, no mínimo, há três fins políticos identificáveis nas nomeações para o Supremo, um fim político interno ao Supremo e dois fins políticos externos.

O interno seria alinhar decisões do STF e preferências do presidente. Os externos seriam barganha para angariar/manter apoio de membros da coalizão e indicar para certos grupos ou para a opinião pública em geral que está atento a uma determinada questão racial, de gênero etc.

"Não há nada de necessariamente ruim na indicação de pessoas alinhadas, em linhas gerais, à visão político-constitucional do presidente", avalia Werneck.

Como argumentam no texto, a opção constituinte por um mecanismo político de indicação "reflete um compromisso com uma relativa aproximação entre os ciclos da política e os ciclos da jurisprudência constitucional".

Se um determinado partido fica muito tempo no poder, o esperado é que isso tenha reflexos na jurisprudência do STF. "Da forma como está desenhado, isso é um resultado esperado do sistema", argumenta o jurista da FGV, embora a velocidade e a intensidade dessa influência da esfera política sobre a esfera judicial dependam de muitas variáveis, ligadas, sobretudo, ao contexto político em que as indicações são feitas.

"Mesmo um presidente que queira somente indicar ministros que compartilham de sua visão sobre determinadas questões constitucionais, nem sempre pode fazer isso", adverte Diego Werneck.

No entanto, uma pesquisa de pós-doutorado de outra professora da FGV, Fabiana Luci de Oliveira, chega a conclusões interessantes sobre o comportamento dos ministros de 1988 até 2006.

O próprio título do estudo - "Processo decisório no Supremo Tribunal Federal - Coalizões e "panelinhas"" - já indica que a professora tende a defender tese oposta à de Werneck.

Seu trabalho mostra que, no período analisado, os ministros indicados pelo regime militar, pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e pelo governo Lula apresentaram um alto índice de coesão nas decisões de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins), com índices respectivamente de 93%, 96% e 84%.

A coesão dos ministros indicados no primeiro governo Lula é menor do que as dos ministros do período FH e dos militares, mas, ainda assim, é bastante significativa e estável, além de ser transversal a diferentes temas e áreas do Direito - daí a opção da professora Fabiana Luci de Oliveira pelo termo "panelinhas".

Seu trabalho é citado no estudo de Diego Werneck e Leandro, e Werneck admite que, embora tenha reservas à ideia de um Supremo "petista", "parece haver de fato uma tendência, entre 1988 e 2006, à formação de três "blocos" de votação que podem ser em grande parte explicados pela variável da indicação presidencial".

Evidentemente, argumenta o jurista da FGV, "o estudo não é o fim da história, trata apenas de Adins". Além disso, alega Diego Werneck, o fato de ministros indicados pelo mesmo presidente tenderem a votar juntos não significa que esses votos serão sempre favoráveis a esse presidente.

"Mesmo assim, é um passo importante: o estudo mostra que ministros indicados pelos três governos mencionados acima apresentaram uma grande tendência a formar blocos de votação estáveis no período indicado". (Continua amanhã)

FONTE: O GLOBO

Bandeira branca:: Eliane Cantanhêde

O comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, estudou boa parte da vida com Celso Amorim, agora ministro da Defesa e seu chefe civil, no colégio Mello e Souza, no Rio.

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, cansou de ouvir elogios à gentileza e à pontualidade de Amorim, que nos oito anos de Lula viajou 597 vezes e rodou o mundo pelas asas da FAB.

O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, vem da Arma de Engenharia, tem relação direta com a presidente Dilma Rousseff e não está aí para criar confusão.

E o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, ainda tem de mostrar a que veio antes de achar alguma coisa sobre o novo chefe.

Além disso, vale o que o general da reserva Augusto Heleno me disse na sexta e Dilma Rousseff repetiu literalmente ontem na solenidade de posse de Amorim: "Trocas de comando fazem parte da rotina militar". Sai um, entra outro.

É assim que, apesar de reações no Exército, ora iradas, ora irônicas, contra outro ministro vindo do Itamaraty, depois da trombada com o embaixador José Viegas, as cúpulas militares se deixaram fotografar sorridentes, quase felizes, no encontro de sábado com Amorim no Planalto. Não é uma cena comum. Oficiais costumam sair sérios e contidos em fotos de trabalho.

Assim, passado o primeiro momento de perplexidade para alguns e de surpresa para todos, a tendência é que as peripécias de Amorim no Irã sejam relevadas e a Defesa volte à rotina de reivindicações por maiores soldos e pelo descontingenciamento que pode salvar parte dos programas de reequipamento. No fundo, é o que interessa.

Num discurso curto e sisudo, Amorim produziu uma frase de efeito com o "x" da questão: "Um país pacífico como o Brasil não pode ser confundido com país desarmado e indefeso". Se levar isso a sério, não terá problemas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Cardozo vai negociar Comissão da Verdade:: Raymundo Costa


A presidente Dilma Rousseff aproveitou a troca de guarda no Ministério da Defesa e passou para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a negociação sobre a criação da Comissão Nacional da Verdade para investigar a prática de crimes contra os direitos humanos na ditadura. Cardozo é ex-parlamentar, tem amplo trânsito no Congresso, inclusive no PSDB e Democratas e credibilidade na esquerda diretamente envolvida no projeto.

Um exemplo é a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que tem restrições aos termos em que a negociação vinha sendo conduzida. Cardozo foi secretário de governo de Erundina quando a atual deputada era prefeita da cidade de São Paulo, na segunda metade dos anos 80. Além de Erundina, na trincheira dos que questionam o acordo negociado pelo ex-ministro Nelson Jobim estão o PSOL, algumas famílias de torturados, mortos e desaparecidos políticos e parte do PT, cuja principal expressão é o deputado Luiz Couto (SP).

A escolha da presidente faz todo sentido. O Ministério da Defesa é parte nesse processo, assim como a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, ocupada pela deputada do PT gaúcho Maria do Rosário. Logo, é boa política que uma das primeiras providências de José Eduardo Cardozo venha a ser uma conversa com os ministros Celso Amorim, empossado ontem na Defesa, e Rosário.

Cardozo já demonstrou capacidade para desatar nós complicados, como ocorreu quando foi chamado para relatar o projeto de lei da Ficha Limpa, aprovado na Câmara contra as apostas de boa parte da banca. Como negociador, portanto, tem crédito. As tratativas para a criação da comissão têm se mostrado tão ou mais difíceis.

No curso da aprovação do Plano Nacional dos Direitos Humanos, onde sua criação é prevista, um general perdeu a cabeça mas Jobim conseguiu circunscrever a natureza da comissão ao caráter testemunhal, de resgate da memória e reparação às vítimas. Valeu-se, para isso, da interpretação de reciprocidade dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao texto da Lei de Anistia: quem depuser à comissão não sairá da sala de audiências na condição de réu.

A tarefa de Cardozo é urgente. Se não for resolvida agora, provavelmente permanecerá como assunto mal resolvido da política, enquanto for viva a memória dos que tombaram na luta contra uma parte do Estado que preferiu o terrorismo à lei para enfrentar a oposição.

Cardozo é a novidade nas mudanças operadas por Dilma na Defesa, o que não quer dizer que Jobim tenha perdido o cargo por causa da negociação da Comissão da Verdade. Desde o início Jobim demonstrava não se sentir muito à vontade no governo Dilma. Também teve desentendimentos burocráticos tensos com Antonio Palocci, quando o ex-ministro estava na Casa Civil.

O certo é que faltava confiança na relação da presidente da República com o ministro da Defesa, o que não a impediu de mantê-lo no cargo até que o próprio Jobim tornou inviável sua permanência no governo. Ao contrário do que deixou transparecer, Jobim queria ficar na Defesa, mas um encadeamento de declarações infelizes - feitas em diferentes momentos, mas publicadas em sequência - tornaram sua permanência impossível.

Salvo comentário de bastidor de um ou outro oficial de pijama, o nome de Celso Amorim foi bem recebido nas Forças Armadas. A experiência dos militares com diplomatas no comando das três Armas não é boa, mas José Viegas, o primeiro ministro da Defesa do ex-presidente Lula, saiu direto do Itamaraty para a caserna. Ex-chanceler, Amorim está há seis meses fora do governo. Suas primeiras declarações de apoio à Estratégia Nacional de Defesa e à manutenção dos programas de modernização em andamento agradaram os militares.

Amorim certamente terá dificuldades se povoar de "itamaratecas" o Ministério da Defesa e demonstrar fraqueza nas negociações sobre orçamento das forças e salários. É apressada a euforia do lobby contrário à escolha dos caças franceses Rafale para a FAB: Amorim participou da arquitetura do acordo, quando era chanceler do governo Lula.

As denúncias contra a cúpula do Ministério da Agricultura nem de longe representam um problema governo versus PMDB. O que está agora posto é se a faxina ética desencadeada pela presidente da República é a brinca ou à vera. Dilma não tem problema de base parlamentar. Ao contrário, tem gordura pra queimar. A questão não é de governabilidade, mas da a natureza do governo e de sua política.

As ações da presidente têm uma lógica com começo, meio e fim ou são espasmódicas? Dilma libertou o gênio da garrafa e se piscar pode ser por ele engolida?

Se a presidente demitir o ministro Wagner Rossi, a sociedade vai aplaudir. A questão da moralidade já passou dos limites. É inaceitável que o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves, nomeie a ex-mulher para o Ministério da Agricultura a fim de resolver seus problemas familiares. Antes ela já havia sido demitida da Infraero, motivo, aliás, do desentendimento entre o líder e ex-ministro Nelson Jobim, um pemedebista acidental.

A ofensiva ética de Dilma definiu um estilo de atuação de rentabilidade alta e imediata na opinião pública. Mas a presidente agora está com um grande problema nas mãos: Wagner Rossi. Ele é ministro da Agricultura por indicação de Michel Temer, que além de vice-presidente da República é presidente do poderoso PMDB. Rossi é afilhado reconhecido de Temer na Agricultura, como já fora na Conab e na direção dos portos de São Paulo.

O PMDB inteiro sabe disso, assim como desde sempre soube das denúncias que se acumularam contra o ministro nos cargos que exerceu antes por indicação do vice e da estreita ligação do ex-secretário-executivo da Agricultura Milton Ortolan com o chefe Rossi. Quando Rossi assumiu o posto, foi sugerido a ele manter na secretaria-executiva o ex-deputado Silas Brasileiro, mas ele insistiu com Ortolan.

Se Dilma quiser tirar Rossi ela não apenas tira como o PMDB não vai fazer nada. Pelo menos por enquanto. Além da opinião pública favorável à presidente, o partido "entende" que, se reagir, vai ficar ainda mais enlameado. Dilma pegou um peso-pesado pela frente. Sua decisão vai dizer se a faxina é à brinca, apenas uma jogada publicitária, como afirma a oposição, ou à vera.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

PT ameniza apoio à ''faxina'' para não melindrar aliados


Resolução do diretório nacional do partido só faz referência ao combate à corrupção no governo Dilma nas últimas linhas

Luciana Nunes Leal

RIO -  O diretório nacional do PT deixou para as duas últimas linhas da resolução do partido, de três páginas, o apoio à "faxina" promovida pela presidente Dilma Rousseff. A versão original do texto, modificada por emendas, era mais contundente, mas o partido foi cauteloso nas citações para não melindrar partidos aliados, especialmente o PR, e evitar um confronto explícito com a oposição num momento de crise econômica e fragilidade política na coalizão da presidente Dilma Rousseff.

Além disso, pelo menos um petista foi alvo da faxina no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Hideraldo Caron, que ocupava a diretoria de Infraestrutura Rodoviária, entregou o cargo a pedido do governo. Houve cobranças de dirigentes da base para que o governo desse o mesmo tratamento a petistas durante a "faxina".

"O diretório nacional do PT manifesta, por fim, seu apoio às medidas que o governo Dilma - dando continuidade ao que fazia o governo Lula - adota contra a corrupção", diz o trecho final do documento.

A primeira redação do documento dizia que, com "as recentes medidas adotadas em relação a denúncias de corrupção(...)", "o governo e a sociedade mostram que têm meios e disposição de enfrentar a crônica privatização do Estado montada pelas elites que antes governaram o País".

Na noite de quinta-feira passada, o presidente do PT, Rui Falcão, foi enfático na defesa das medidas saneadoras, apesar de rejeitar o termo "faxina". "Apoiamos a ação da presidenta. O PT sempre foi defensor da ética, sempre combateu a corrupção e quer continuar empunhando esta bandeira", disse Falcão.

"O clima geral na reunião do diretório foi de apoio integral à presidenta. Ela tem nossa total solidariedade, mas temos que pensar no Congresso, evitar atritos. Caminhamos no fio da navalha. Em um documento oficial é preciso cautela", disse o deputado José Guimarães (PT-CE).

Para o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), a resolução foi "enfática". "Temos compromisso com a ética e a presidenta tem o firme propósito de combater a corrupção. Este é um documento político, com várias abordagens. Nossa mensagem está dada", disse Teixeira.

Segundo outro petista presente às reuniões, houve preocupação de não "carregar nas tintas" nem "misturar alhos com bugalhos" e por isso o apoio à faxina foi mais enxuto.

No documento divulgado, os petistas pedem redução dos juros, maior proximidade do governo com os movimentos sociais e sindicais, em especial da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e abertura dos arquivos do regime militar.

Também mostram expectativa em relação ao novo marco regulatório dos meios de comunicação, tema que começou a ser discutido no governo Lula, mas perdeu fôlego na gestão Dilma. Mais uma vez, o PT destaca a importância da "democratização dos meios de comunicação" e prega o amplo acesso da população a todos os meios, sobretudo a internet."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

PSDB anuncia criação de núcleo sindical no partido


O PSDB definiu ontem o prazo de 90 dias para criar uma Secretaria Nacional Sindical. Ontem, em reunião em São Paulo, o presidente nacional da legenda, Sérgio Guerra, também disse que o partido pretende instalar núcleos sindicais em todos os Estados. A iniciativa trata-se de estratégia da legenda de tentar se aproximar de movimentos de trabalhadores que, tradicionalmente, sempre estiveram aliados ao PT.

No dia 20, haverá evento em Minas Gerais para marcar o apoio de 150 sindicatos mineiros ao PSDB local. A cúpula tucana pretende fazer do encontro um ato nacional de aproximação do partido com o sindicalismo.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Chile revive virulência entre direita e esquerda

Opositores se xingam, e líder sofre ameaças

Lucas Ferraz

A onda de protestos no Chile trouxe de volta ao debate político uma velha rixa entre direita e esquerda, que deixou marcas profundas na história do país por causa da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O primeiro sinal é a volta de um vocabulário que há muito não se via, com o uso de expressões como "subversivos" e "cachorros" para definir opositores políticos.

A virulência transbordou para as ameaças de morte a uma das líderes do movimento estudantil, Camila Vallejo, 23. Uma diretora do Ministério da Cultura do Chile escreveu no Twitter, referindo-se a ela: "Se mata la perra, se acaba la leva" -algo como "mata-se a cachorra e se acaba com a prole". A frase foi usada por Pinochet para referir-se à esquerda nos anos 70.

"Lamentavelmente, o governo incentiva esses atos de violência contra minha pessoa", comentou Vallejo.

O senador Carlos Larraín, presidente do Renovação Nacional, partido do presidente Sebastián Piñera, disse que os estudantes são um "bando de subversivos inúteis".

Do outro lado, um líder estudantil acusou o ministro do Interior do Chile, Rodrigo Hinzpeter, que é judeu, de importar para o país a "violência típica de Israel".

Diante dos ânimos acirrados, os estudantes convocaram para esta manhã uma greve geral, que vai contar com a adesão de outros setores insatisfeitos (como sindicatos e ecologistas). O governo não autorizou a marcha, mas os estudantes afirmam que ela está mantida.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Protestos e saques atingem diversos bairros de Londres

Revolta juvenil provocou incêndio de carros, lojas, casas e ônibus; em confronto policial, 215 são detidos

Polícia investiga se há conexão entre conflitos; distúrbios vão além da capital, e premiê interrompe as férias

Vaguinaldo Marinheiro

LONDRES - A onda de saques, vandalismo e conflito de jovens contra policiais, que começou no sábado em Londres, se espalhou ontem por toda a cidade. Carros, lojas, casas e ônibus foram incendiados.

Pela primeira vez, também houve confrontos com a polícia e saques fora de Londres, em Birmingham, no centro do país. À noite, foram registrados também distúrbios em Liverpool, ao norte. Ao menos 215 pessoas foram presas.

Os distúrbios de ontem começaram no fim da tarde em Hackney, bairro no leste londrino próximo do Parque Olímpico, onde acontecerá a Olimpíada no ano que vem.

Após a polícia revistar um homem, um grupo se juntou e começou a atirar o que encontrava nos policiais: latas de lixo, garrafas, pedras, pedaços de madeira. A maioria era jovem; muitos, menores, cobrindo o rosto com lenços. Depois quebraram vitrines e saquearam lojas.

Mais tarde, o mesmo aconteceu em Lewisham (sudeste de Londres) Peckham, Clapham (sul) e Ealing (oeste).

Por volta das 20h30 locais, um grupo incendiou uma loja de móveis e casas em Croydon (sul). Havia relatos de vandalismo em Camden Town e Notting Hill (norte).

A polícia investiga redes sociais como Twitter e Facebook e um serviço de mensagens do BlackBerry para checar informações sobre suposta convocação dos encontros.

"O que está havendo é banditismo. Pura criminalidade", disse a ministra do Interior, Theresa May, que interrompeu as férias para voltar a Londres.

Após críticas, o primeiro-ministro, David Cameron, e o prefeito de Londres, Boris Johnson, também decidiram suspender as férias e voltar à cidade. Hoje, Cameron faz uma reunião extraordinária para decidir que medidas tomar para conter a violência.

A polícia ainda investiga a conexão entre os conflitos.

O primeiro, em Tottenham, aconteceu após protestos pela morte de Mark Duggan, que tinha 29 anos e foi baleado pela polícia na quinta-feira.

A informação oficial é que ele atirou primeiro, o que a família contesta. Na tarde de sábado, familiares e amigos foram até a delegacia local pedir explicações à polícia.

Ainda não se sabe o que transformou o protesto pacífico em um conflito com os policiais, que, em menor número, não conseguiram conter as pessoas -elas incendiaram um ônibus, carros policiais e lojas.

O bairro foi tomado pela polícia no dia seguinte. Mas os protestos se espalharam para Enfield (que fica ao lado) e Brixton (no sul).

São todos bairros pobres, com grande concentração de população afro-caribenha.Moradores dizem que havia ódio contido pela forma como a polícia lida com os jovens, sobretudo os negros.

Afirmam que muitos são abordados e revistados sem nenhuma razão aparente.

Outros culpam os cortes feitos pelo governo em programas sociais.

Kit Malthouse, vice-prefeito responsável pela polícia, nega as acusações e diz que tudo é obra de um pequeno grupo de criminosos que não estão preocupados com questões sociais, mas com os produtos que vão saquear.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Seria mesmo o fim de um ciclo de crescimento? :: Tony Volpon


As absurdas taxas de juros colocam um limite à expansão do endividamento

Não é nenhum segredo que existe certo pessimismo em relação às perspectivas para a economia brasileira até antes da forte piora da crise fiscal dos países desenvolvidos. Depois do acelerado crescimento de 2010, muitos analistas estão notando um acúmulo de problemas domésticos. Talvez o mais preocupante seja como a economia brasileira preenche todos os requisitos clássicos de uma economia superaquecida: inflação e juros em alta, moeda supervalorizada, crescente prevalência de fluxos especulativos de curto prazo, possíveis "bolhas" nos mercados de crédito e imobiliários. Infelizmente a experiência nesses casos é muito clara: economias emergentes nessas situações normalmente entram em crise.Seria esse o destino da economia brasileira? Acreditamos que não, a despeito de o Brasil preencher muito das condições necessárias para ser considerado uma economia instável. A razão não tem a ver com as recentes tentativas do governo de gradualmente esfriar a economia. De fato, a experiência histórica é bastante clara: o gradualismo normalmente falha, e é quando o crescimento cai que os excessos acumulados durante o período eufórico finalmente se revelam.

A razão pela qual não acreditamos em uma eventual crise por fatores domésticos tem a ver, primeiro, com nosso maior malefício que, talvez paradoxalmente impeça a criação de desequilíbrios patrimoniais necessários para uma crise e, segundo, o que esperamos seja um comportamento mais racional do empresariado (se não do governo) em relação ao mercado de trabalho.

Enquanto esses dois fatores devem evitar uma crise, eles ao mesmo tempo apontam para o esgotamento de um ciclo de crescimento que, desde pelo menos 2005, tem nos mercados de crédito e de trabalho os mais importantes mecanismos para disseminar internamente os efeitos do boom internacional das commodities.

Temos uma bolha de crédito no Brasil? Essa questão é urgente porque a experiência histórica nesse caso também é bastante clara: mercados emergentes que passam por rápido aprofundamento dos seus mercados de crédito muitas vezes sofrem crises. Excesso de otimismo por parte dos credores e de bancos inexperientes combinado com políticas prudenciais insuficientes levam a excesso de alavancagem. O explosivo crescimento dos empréstimos para aquisição de automóveis, que já supera 4% do PIB, como a aceleração do preço dos imóveis seriam sinais preocupantes, entre muitos outros, de que estamos a caminho de criar uma estrutura insustentável de passivos.

Otimistas, dentro e fora do governo, apontam para a ainda baixa relação crédito/PIB, que apesar de ter subido de 24,7% no inicio de 2005 para 46,9% hoje, ainda se encontra bem abaixo do nível internacional. Mas essa comparação é enganosa: nenhum outro país tem de perto as nossas taxas de juros.

Colocando de lado o crédito direcionado, verdadeiro privilégio para os afortunados que o recebem, dados do Banco Central (BC) mostram que o crédito ao consumo custa 47% ao ano. Tendo que pagar quase metade do valor emprestado por ano somente em juros limita fortemente a expansão do estoque de credito. Nossos cálculos mostram que, levando em conta a necessidade de também amortizar o principal desses empréstimos, o consumidor médio já esta comprometendo mais ou menos um terço de sua renda líquida para sustentar suas dívidas. Apesar de não ser possível definir com precisão qual o limite do comprometimento de renda, devemos estar bastante perto dele.

As absurdas taxas de juros que nossos ávidos consumidores aceitam pagar colocam, paradoxalmente, um limite ao crescimento do endividamento agregado que deve evitar que ele atinja um tamanho crítico que levaria a uma crise. Mas esse mesmo limite vai reduzir talvez o mais importante fator de expansão da demanda agregada desses últimos anos. Evitaremos uma crise, mas não vamos evitar menor crescimento.

Outro fator que tem contribuído muito para o quadro de possível instabilidade macroeconômica tem sido o extremamente aquecido mercado de trabalho. A taxa de desemprego continua a cair para novas mínimas históricas.

Mas ao mesmo tempo o custo do trabalho está subindo para máximas históricas. Dados do BC mostram que o custo unitário do trabalho em dólares subiu 119% desde 2005. Uma economia em forte expansão pode, por algum tempo, suportar esses aumentos, mas aqui também existe um limite. Podemos ver isso já na produtividade da indústria, que está em franca queda, atingindo um crescimento de somente 0,8% ao ano em maio.

A queda da produtividade mostra que a atual exuberância irracional do mercado de trabalho está prestes a acabar. Empresários podem, individualmente, acreditar por um tempo que as leis da oferta e procura não valem para eles, e lógico que sempre haverá distinções setoriais. Mas, para a economia como um todo, um menor crescimento diminui o crescimento da receita das empresas que, se continuarem a contratar e conceder salários como durante a recente euforia, vão ver diminuir seu lucro líquido. E a queda da lucratividade deve então estourar a bolha nesse mercado. Como no caso do mercado de crédito o resultado final deve debilitar um dos maiores alicerces do forte crescimento desses últimos anos.

Não tendo investido suficientemente em educação e infraestrutura, fatores que poderiam sustentar a produtividade do trabalho, nem em uma profunda reforma do regime fiscal, necessária para baixar as taxas de juros, o crescimento exuberante não tem como continuar. O modelo atual, baseado no tripé alta das commodities-expansão do credito-expansão do mercado de trabalho, já mostra sinais de esgotamento.

A tentação, que devemos rechaçar a todo custo para evitar uma crise é dar uma sobrevida artificial ao modelo atual usando as políticas do governo para insuflar ainda mais os mercados de crédito e trabalho. Dada a provável continuidade do ciclo de alta das commodities por ainda algum tempo, teremos oportunidade de executar as reformas necessárias. Até la, vamos ter que nos acostumar com bastante menos euforia e crescimento.

Tony Volpon é economista

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Canais de contágio:: Míriam Leitão


Três grandes perguntas rondaram o país ontem: Como a crise afeta o Brasil? Por que a bolsa brasileira caiu mais que as outras? Teremos de novo uma crise como a de 2008? Começarei pela última. Não é uma crise como a de 2008. Por enquanto, é menor. Ainda é só uma forte queda das bolsas, muita instabilidade no mercado de moedas e redução dos preços de commodities.

Nos afeta pela queda dos preços dos produtos que o Brasil exporta. Isso pode aumentar o déficit que o país tem nas contas externas. A bolsa brasileira tem uma representação exagerada de empresas ligadas às commodities. Essa é uma das razões pelas quais ela cai mais. A queda não é sinal de que a economia brasileira está pior do que as outras. Mas o Brasil não é inatingível. Se a perspectiva é de crescimento menor do mundo, o Brasil cresce menos também. Não temos aquele volume espantoso de poupança da China, com a qual ela aumenta o investimento para produzir uma demanda crescente doméstica, para compensar uma recessão mundial.

Ontem, o mercado amanheceu pessimista, mas sem pânico, na Ásia. Ficou mais nervoso na Europa. E houve um momento de pânico em que o Ibovespa desabou e as bolsas americanas caíram fortemente logo após a fala vazia do presidente americano, Barack Obama. Criar expectativas para dizer nada é a melhor forma de derrubar mercados já em si nervosos.

Do que os mercados têm medo? De uma recessão mundial; de a Zona do Euro não conseguir resgatar a Itália e a Espanha, que juntas somam 11 Grécias. Por isso, esperam a reunião de hoje do BC americano. Acham que ele aprovará uma nova rodada de expansão monetária. Se aprovar, será um alívio. Mas pequeno. Não será a solução.

A situação, por enquanto, é melhor do que em 2008, porque naquela época houve quebra de bancos nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, houve sérios problemas em algumas empresas que estavam com muitas operações no mercado futuro de câmbio. Como o dólar saiu de R$1,55 para R$2,38 em dois meses, e elas apostavam em queda, tiveram prejuízos enormes. Agora elas estão menos alavancadas, segundo o que se ouve tanto no Banco Central quanto no mercado.

Mesmo assim, há outros canais pelos quais a economia brasileira pode ser atingida. O preço das commodities está em queda nos últimos dias. Ainda é queda discreta e não atinge nossos principais produtos. Se houver recessão mundial, elas cairão, certamente, e são elas que garantem o superávit comercial brasileiro. O petróleo caiu 16% em um mês, mas o importante para nós são outras mercadorias, como soja, minério de ferro, açúcar. A soja, segundo Fábio Silveira, da RC Consultores, está ainda em alta de 42% de janeiro a julho, comparado com o mesmo período do ano passado. O minério de ferro teve alta de 87% em 2010 e de 60% este ano. O açúcar, alta de 41% de janeiro a julho. Mesmo assim, o índice que junta todas as commodities, o CRB, publicado no "Financial Times", mostra queda de 4,5% este ano, e no ano passado teve alta de 21%.

- Na bolsa brasileira, o setor de commodities está super-representado; 30% é Vale e Petrobras, mas elas juntas não são 30% da economia brasileira. Se agregar aço e alimentos, fica ainda maior. Por isso a perspectiva de queda de commodities afeta tanto a bolsa brasileira - diz Alexandre Schwartsman.

A analista da MB Agro Ana Laura Menegatti acha que os produtos agrícolas podem não cair muito, apesar da crise internacional, porque há baixos estoques e a demanda vem dos emergentes. Já as metálicas devem cair mais.

O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros acredita que o Brasil de novo é punido por ter um mercado mais sofisticado do que outros países.

- Se você precisar vender Colômbia num momento desses, não consegue. Aí, quem está tendo prejuízo em algum lugar vende ações num país onde há liquidez e mercado futuro, como o Brasil. Isso é que provoca esse exagero de quedas no país.

A RC Consultores informou que espera os seguintes movimentos: menos especulação nos mercados futuros; queda dos preços das commodities; menos inflação no resto do mundo; mercado de ações fraco; crescimento menor no Brasil: 3,5% este ano e 3,3% no ano que vem.

O cenário de queda das commodities é o mais comum, no governo e no mercado.

- Temos podido consumir mais do que o PIB porque os preços dos produtos que o Brasil exporta têm subido extraordinariamente. Se eles caem, o Brasil cresce menos - diz Schwartsman.

Há um exagero nas quedas dos últimos dias. Porém, há riscos à frente com o rebaixamento americano. Se a Moody"s também rebaixar, vai ser um Deus nos acuda. Muitos fundos de investimento têm um espaço menor em carteira para títulos de duplo A. Teriam que vender. Alguns administradores de reservas de países terão também que vender títulos do Tesouro americano. Um primeiro rebaixamento é ruim; um segundo, é péssimo. Alexandre acha que não vai acontecer. Ontem, a Moody"s soltou nota no estilo "quem avisa, amigo é". A Moody"s já pôs em atenção a dívida, em comunicado no mês passado, e ontem disse que se o ajuste fiscal não for confiável poderá mexer na nota. Mas o pior perigo ainda mora na Europa.

FONTE: O GLOBO

Rossi e Dilma negociam 'faxina' em indicados do PMDB, PT e PTB


Mauro Zanatta

Brasília - A crise política aberta por denúncias de supostas irregularidades na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e no Ministério da Agricultura deve resultar em uma "faxina" na estatal cujo comando está dividido entre PTB, PMDB e PT.Sob ataques desde as acusações de envolvimento em esquema de desvio de recursos, feitas pelo ex-diretor financeiro da Conab, Oscar Jucá Neto, o ministro Wagner Rossi costura com a presidente Dilma Rousseff uma ampla mudança na diretoria da estatal. As alterações poderiam atingir até mesmo escalões do próprio ministério, onde há indicações políticas de vários partidos aliados em secretarias, diretorias e coordenadorias.

Defendido publicamente por Dilma, que reiterou ontem "confiança" no auxiliar, Rossi tem conversado com a presidente desde sábado para tentar uma saída negociada com os padrinhos políticos dos atuais diretores da Conab. Os dois voltaram a tratar do tema ontem, no Palácio do Planalto. Ambos avaliam uma forma de circunscrever os danos entre os partidos da coalizão. Mais cedo, Dilma deu a deixa ao avalizar a permanência de Rossi: "Estamos, sem sombra de dúvida, reiterando a confiança no Wagner Rossi. Não é ele que está questão", disse. Em combinação com o Planalto, Rossi anunciou uma sindicância interna, presidida pela Advocacia-Geral da União (AGU), para apurar as denúncias. A "blindagem" da presidente estaria condicionada, porém, à gravidade de eventuais novas denúncias contra Rossi.

O epicentro da crise está na Conab, loteada por partidos, amigos e parentes de políticos. O presidente da estatal, Evangevaldo Moreira dos Santos, foi indicado pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). A saída, avalia-se, seria apoiar Arantes em sua postulação ao Tribunal de Contas da União (TCU). E o PMDB daria sua cota de "sacrifício". O diretor de Operações, Marcelo Araújo Melo, ex-deputado federal e candidato a vice na chapa de Iris Rezende em Goiás, é indicação do PMDB, assim como Rogério Abdalla, amigo de Wagner Rossi abrigado pelo partido na Diretoria de Administração. Restaria encontrar uma solução para evitar problemas no PT. Filiado ao partido, o diretor de Política Agrícola, Silvio Porto, tem apoio do secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho.

A nova diretoria colegiada da Conab teria um perfil técnico, composta por dirigentes especializados, à semelhança do que foi feito no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Isso permitiu estancar a crise gerada por acusações de supostos ilícitos que derrubaram o então ministro e atual senador Alfredo Nascimento (PR-AM). A solução, avalia o governo, encerraria a crise na Agricultura.

Ao defender-se ontem de acusações de irregularidades no ministério, Wagner Rossi afirmou haver uma disputa política na Conab. "Ninguém apontou ato ilegal meu. Há uma concorrência natural por espaço. Na Conab, tem diretores de todos os partidos. Isso tem criado divergências. Sinto que há dificuldades de entendimento", disse. Rossi foi além ao creditar à "disputa de dois grupos" as acusações de ligações do seu então secretário-executivo, Milton Ortolan,

com o suposto lobista Júlio Fróes, feitas pela revista "Veja". "Havia a disputa de dois grupos, da gestão anterior e de alguns que ficaram. Havia fricção (...) um confronto natural. Muda a equipe e se hostilizam por baixo do pano. Isso existe entre equipes", afirmou o ministro. E garantiu desconhecer Fróes: "Não conheço o "seu" Fróes. Se ele entrasse aqui, não o reconheceria. Não controlo tudo, não sou dono do ministério".

Wagner Rossi também insinuou que as acusações seriam derivadas de disputas partidárias em São Paulo. "O PMDB tem crescido em áreas importantes. A eleição para a prefeitura de São Paulo tem criado confrontos. Mas não quero apontar isso como motivação", disse. Comandado por seu filho, o deputado estadual Baleia Rossi, o PMDB paulista disputa espaço com PT e outros partidos aliados de Dilma Roussef no plano federal.

Afilhado político do vice-presidente Michel Temer, o ministro da Agricultura defendeu o emprego de parentes de políticos na Conab. E disse que várias indicações foram feitas por PTB e PT. "Tinham, sim, qualidade e expertise", afirmou. Têm vaga na Conab o filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Rodrigo Calheiros; o neto do deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), Matheus Benevides Gadelha; e a ex-mulher do líder pemedebista na Câmara, Henrique Alves (RN), Monica Azambuja. "Eles têm competência. O filho do Renan é da maior qualidade. É engenheiro agrônomo". Rossi afirmou que as "restrições" ao emprego de parentes são "fruto de mentalidade corporativa" que rejeita "quem vem de fora". (Colaborou Fernando Exman)

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Oposição pretende ouvir todos os acusados


Ministro da Agricultura falará pela segunda vez no Congresso sobre as denúncias

BRASÍLIA. A oposição promete reagir à blindagem do Palácio do Planalto ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que deverá comparecer pela segunda semana consecutiva ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre denúncias de corrupção na sua pasta. Desta vez, ele falará na Comissão de Agricultura do Senado, amanhã. O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), disse que só a presença do ministro não será mais suficiente. Ele protocolou ontem novos requerimentos na comissão convidando Milton Ortolan, o ex-secretário-executivo do Ministério da Agricultura; Oscar Jucá Neto, ex-diretor financeiro da Conab; e o lobista Júlio Froes, a também prestarem esclarecimento.

Ortolan pediu demissão ao ser identificado como a pessoa que teria garantido o acesso do lobista Júlio Froes ao Ministério da Agricultura. Mas foi Jucá Neto - irmão do líder do governo do Senado, Romero Jucá (PMDB-AP) - quem fez as primeiras denúncias sobre a existência de corrupção na Agricultura, após ser demitido da diretoria financeira da Conab. No requerimento, Álvaro Dias justifica que a intenção é buscar esclarecimentos sobre "mais uma entre as inúmeras denúncias das graves irregularidades que se proliferam por toda estrutura da administração pública".

Já o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), anunciou que o partido está pedindo que o Ministério Público Federal no Distrito Federal que abra investigação sobre as novas denúncias. Na mesma linha, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), disse que a demissão de Ortolan reforça a necessidade de investigações profundas na pasta.

FONTE: O GLOBO

Gilberto Carvalho defende regulação da mídia


Chefe da Secretaria Geral da Presidência critica a imprensa e diz não crer em atuação para formar cidadãos

Tatiana Farah
SÃO PAULO. O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, fez ontem o que chamou de "severa crítica" aos meios de comunicação e defendeu a criação de um conselho para regular o setor, sem a participação do governo. A proposta de um conselho, que foi defendida na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já foi refutada pela presidente Dilma Rousseff. Também o PT, em encontro na semana passada, abandonou a defesa do chamado "controle social da mídia".

Em conferência do Instituto Ethos, ontem em São Paulo, o ministro, muito ligado ao ex-presidente Lula, reacendeu a polêmica e fez um desagravo ao ex-colega de governo Franklin Martins, autor do projeto de regulamentação da mídia enterrado por Dilma.

- No fundo é uma crítica, vamos abrir o jogo: é uma crítica severa - disse o ministro, depois de questionar por duas vezes a contribuição dos meios de comunicação para a construção de "consciência-cidadã" dos brasileiros.

O ministro afirmou ter "muita dúvida" sobre o "saldo de cidadania" dos meios de comunicação. Ele disse ter uma "pergunta dramática" para o setor:

- Os meios de comunicação no Brasil exercem efetivamente um papel de qualificação para a democracia de nossa gente, já que eles atingem as massas?

Perguntado pela plateia se o governo não deveria pressionar a mídia, uma vez que é anunciante dos meios de comunicação, o ministro defendeu a criação de um conselho, mas sem a participação do governo. E lembrou a crise na gestão do ex-ministro Franklin Martins:

- O ministro Franklin Martins paga o preço até hoje - disse ele, negando que houvesse um viés autoritário na proposta do ex-ministro.

A provocação do ministro resultou em uma pergunta à plateia, de cerca de 200 pessoas, sobre a contribuição dos meios de comunicação. Metade da plateia afirmou que não havia essa contribuição.

O ministro ainda fez piada sobre o tema:

- Manchete amanhã: governo Dilma ataca a liberdade de imprensa - disse ele, sob risos da plateia.

Anteontem, o PT divulgou as resoluções da reunião do diretório nacional, realizado quinta e sexta-feira no Rio. O documento mostra uma mudança de posição do partido em relação ao "controle social da mídia", como adiantou O GLOBO no sábado.

O ministro, no entanto, negou que esteja na contramão das decisões da presidente e mesmo de seu partido.
- De forma alguma vai na contramão. O que fiz aqui foi um exercício de pensarmos a extensão da democracia em todas as atividades. Por que não se pode pensar em uma forma de participação-cidadã dos meios de comunicação? Tirei fora o governo, quero deixar bem claro aqui, para evitar qualquer vezo autoritário. A minha fala é muito mais um apelo - disse ele em entrevista, após o debate.

O ministro também colocou em pauta uma das bandeiras que deverão ser empunhadas pelo PT nos próximos meses, para tentar deixar para trás os escândalos que envolveram nomes petistas desde o governo Lula.

- Vivemos no Brasil uma necessidade de profunda revisão da ética. Da ética na política, nos negócios, da ética empresarial, social. E essa ética não pode nos levar apenas a um farisaísmo, ela tem de estar vinculada a um projeto político, a um projeto de uma sociedade de fato igualitária, justa e participativa.

FONTE: O GLOBO

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

Edu Lobo e Mônica Salmaso - A história de Lili Braun