terça-feira, 17 de maio de 2011

Reflexão do dia – Ancelmo Gois

"Há consultorias e consultorias. Esta é uma atividade séria. Mas, com todo o respeito, o que Antonio Palocci e Zé Dirceu fazem parece outra coisa: tráfico de influência. "

Ancelmo Gois, coluna em O GLOBO, 17/5/2011


Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO

Nem fiança de US$ 1 milhão tira chefe do FMI da cadeia
Livro com erros pode levar a ações contra MEC
Secretários são presos no Sul por desvio
Rio, cidade oficialmente arco-íris

FOLHA DE S. PAULO

Comissão de ética diz que Palocci não relatou bens
Ministro do STF nega pedido de libertação para Battisti

O ESTADO DE S. PAULO

Dilma blinda Palocci e oposição reage com cautela
Compensação para desonerar folha pode atingir bancos

VALOR ECONÔMICO

Governo não descarta controle do fluxo de capital
Mudança profunda no crédito rural
Distribuidoras abrem rombo na Eletrobras
Prefeitura de Salvador vive seu pior momento

ESTADO DE MINAS

O novo fermento da inflação...
...E um velho ingrediente

CORREIO BRAZILIENSE

Remédio varia até 987% entre farmácias
Gays: Luta agora será pelo casamento
Linguagem popular em mais livros

ZERO HORA (RS)

Máfia gaúcha liderava esquema de desvio de verbas da saúde
Cresce cerco da oposição a Palocci

JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Avaliação trava contrato de imóvel
Marcha da Maconha pode ser proibida

Dilma blinda Palocci e oposição reage com cautela

O Planalto montou operação para blindar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil), suspeito de irregularidade por ter multiplicado o patrimônio por 20 em quatro anos. Em reunião com a coordenação do governo, a presidente Dilma Rousseff disse que a denúncia faz parte de um jogo político para desestabilizar o início da sua gestão e pode ter desdobramentos no Congresso. "Não nos cabe indagar a história da fortuna dos pobres e dos ricos que se tornaram ministros", disse Sepúlveda Pertence, da Comissão de Ética Pública da Presidência. A oposição tucana reagiu com cautela. Para o ex-governador paulista José Serra, Palocci não pode ser "crucificado".

Planalto blinda Palocci, mas petistas pedem que ministro comprove renda

Governo tenta evitar que revelação sobre aumento do patrimônio do chefe da Casa Civil em 20 vezes se transforme em crise; Gilberto Carvalho diz que ‘não cabe fazer investigação sobre o passado’, enquanto vozes isoladas do PT querem mais transparência

Vera Rosa, Tânia Monteiro, Eduardo Bresciani e Daiene Cardoso

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto montou uma operação para blindar o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, acusado de multiplicar o próprio patrimônio por 20 num período de quatro anos. A estratégia contou com uma espécie de "nada consta" pronunciado pela Comissão de Ética Pública da Presidência e enfáticas declarações de apoio palacianas, apesar de algumas vozes isoladas dentro do próprio PT terem defendido que Palocci torne pública a declaração de Imposto de Renda para dissipar as dúvidas sobre seu patrimônio.

Em reunião com a coordenação do governo, na manhã desta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff disse que a denúncia faz parte de um jogo político para desestabilizar o início de sua gestão e pode ter desdobramentos no Congresso. Na sua avaliação, porém, a acusação não se sustenta.

"Isso é guerra política, mas não tem como prosperar", afirmou Dilma, segundo relatos de dois ministros presentes à reunião, que contou com a presença do próprio Palocci. De qualquer forma, enquanto a oposição e até mesmo alguns petistas cobravam explicações públicas do chefe da Casa Civil, o governo formou um cordão de proteção em torno do braço direito de Dilma.

Nas fileiras do PT, no entanto, não houve defesa incondicional de Palocci. Os senadores Walter Pinheiro (BA) e Eduardo Suplicy (SP) disseram esperar que o ministro dê mais detalhes sobre sua atuação empresarial, que teria lhe garantido os rendimentos para adquirir em 2010, num bairro nobre de São Paulo, um apartamento no valor de R$ 6,6 milhões. Um ano antes, ele já havia adquirido um escritório na cidade por R$ 882 mil.

Os imóveis, segundo revelou o jornal Folha de S. Paulo, foram comprados pela empresa de consultoria Projeto, da qual o ministro tinha 99,9% do capital. Em 2006, quando concorreu a deputado federal, Palocci declarou patrimônio de R$ 375 mil.

"Se ele tem os documentos, o material que diz ter, então deve divulgar e acabar logo com isso", observou Pinheiro. "A gente é que tem de se antecipar e mostrar tudo, até porque esse terreno é propício a ilação. Não vejo crime em se divulgar essas informações", acrescentou.

Na mesma linha, Suplicy afirmou que, pela atuação de Palocci na campanha de Dilma, "será melhor se a explicação vier mais completa".

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido confia no ministro e que todos os esclarecimentos já foram prestados. "Nada mais há a dizer sobre esse tema, que está suficientemente esclarecido."

No Planalto, o presidente da Comissão de Ética, José Paulo Sepúlveda Pertence, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, fizeram a defesa mais enfática em favor do ministro.

Sepúlveda Pertence disse que Palocci o procurou, em dezembro, para saber se não haveria conflito de interesse em assumir a Casa Civil sendo proprietário da consultoria Projeto. Foi o próprio presidente da Comissão de Ética que o orientou a mudar o contrato da empresa, reduzindo-a a uma administradora de imóveis. Palocci, então, contratou um banco para administrar seu patrimônio.

"Ele nos perguntou se a fórmula nova da empresa era adequada e nós entendemos que sim", argumentou Pertence.

O assunto ocupou nesta segunda a primeira parte da reunião de três horas e meia da Comissão de Ética da Presidência. De acordo com Pertence, porém, nada há a investigar. "Não nos cabe indagar a história da fortuna dos pobres e dos ricos que se tornaram ministro", insistiu ele.

Para Gilberto Carvalho, não há problema com o chefe da Casa Civil, definido por ele como "peça fundamental". "Do ponto de vista do governo não há reparo a fazer. Agora, ele tem vida pessoal. Antes, era deputado federal, desenvolvia outras funções e não cabe a nós discutir isso", comentou Carvalho. "A presidente Dilma convidou Palocci para ser seu ministro e o que interessa é o comportamento dele nesse período, se ele vai ou não auferir bens de maneira legítima dentro do governo. É isso que interessa. Não cabe ao governo fazer investigação sobre o passado, salvo, naturalmente, a postura ética que cada um dos ministros teve ao longo de sua vida."

No final do dia, a avaliação no Planalto é de que o assunto "está encerrado" e só será "requentado" se a oposição convocar Palocci a depor.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Comissão de ética diz que Palocci não relatou bens

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República contradisse a versão do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) de que havia relatado aumento patrimonial em 20 vezes de 2006 a 2010, período em que foi deputado federal pelo PT. O presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, contou que Palocci não fez menção ao apartamento de R$ 6,6 milhões e ao escritório de R$ 882 mil adquiridos pela sua empresa Projeto.

Comissão de Ética afirma que Palocci não informou bens

Órgão de controle da Presidência diz ter sido avisado sobre a empresa do ministro, mas não sobre os imóveis

Presidente da comissão diz não ter motivo para investigar evolução patrimonial antes da posse na Casa Civil

Márcio Falcão e Breno Costa

BRASÍLIA - A Comissão de Ética Pública da Presidência da República afirmou ontem que não foi informada pelo ministro Antonio Palocci (Casa Civil) sobre a evolução de seu patrimônio nos últimos anos, derrubando versão divulgada pela assessoria do ministro.

A Folha revelou no domingo que Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio entre 2006 a 2010, o período em que exerceu mandato de deputado federal pelo PT.

Palocci comprou dois imóveis de luxo em São Paulo: um apartamento de R$ 6,6 milhões em 2010 e um escritório de R$ 882 mil em 2009.

As aquisições foram feitas por uma empresa de consultoria criada por Palocci, a Projeto, que ele transformou numa administradora de imóveis no fim do ano passado, antes de virar ministro.

Em e-mail enviado à Folha no domingo, a Casa Civil disse que "todos os detalhes das atividades da Projeto foram registrados na Comissão de Ética, inclusive, obviamente, a aquisição dos bens".

A Folha pediu à comissão uma cópia do informe. O órgão negou, alegando que "o documento é confidencial".

Em entrevista, porém, o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, disse à Folha que o informe de Palocci não faz nenhuma menção ao apartamento e ao escritório.

"Você só encontra as cotas da sociedade da empresa", disse Pertence, ao descrever o conteúdo da Declaração Confidencial de Informações que o ministro encaminhou.

A Comissão de Ética diz não ver motivo para analisar a evolução patrimonial de Palocci. Questionado se o órgão abrirá investigação, Pertence disse: "Por ora, não".

FORTUNA

A comissão fez uma reunião de mais de três horas ontem. Segundo Pertence, o grupo concluiu que só poderia agir se houvesse dúvidas sobre a legalidade do relatório entregue pela Casa Civil.

"Não nos cabe indagar a história da fortuna dos pobres e dos ricos que se tornaram ministros", afirmou Pertence, ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Pertence disse que recomendou a Palocci mudar o contrato social da empresa no fim de 2010 para que deixasse de ser uma consultoria.

O presidente da Comissão de Ética disse que, se a empresa continuasse como consultoria, poderia gerar conflito de interesse com a atuação de Palocci na Casa Civil.

Segundo Pertence, a Projeto é administrada por uma empresa ligada ao Bradesco. "As decisões administrativas são tomadas sem que Palocci seja consultado", disse.

A CGU (Controladoria Geral da União), outro órgão de controle interno do governo, afirmou que não cabe a nenhum órgão investigar a evolução patrimonial de Palocci porque ela ocorreu antes de sua posse como ministro.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PSDB pede investigação, e Serra defende Palocci

Empresa de consultoria do hoje ministro adquiriu dois imóveis, no total de R$ 7,4 milhões, no ano passado

Maria Lima, Adriana, Vasconcelos, Flávio Freire e Lino Rodrigues

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Líderes governistas e petistas no Congresso reagiram com cautela à ação da oposição que quer uma devassa na vida financeira do ministro Antonio Palocci, da Casa Civil. PSDB, DEM e PPS vão tentar aprovar requerimento na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para que o ministro seja convidado a depor sobreque serviços sua empresa, a Projeto, prestou para justificar acompra de um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 882 mil no ano passado.

O PSDB encaminhará requerimentos de informações ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), à Receita Federal e à Controladoria Geral da União. O partido quer saber se esses órgãos detectaram a existência de movimentações financeiras atípicas da Projeto e de Palocci.

—É importante que o ministro Palocci tenha a oportunidade de se explicar. Pelo cargo que ocupa, é crucial que qualquer suspeita contra ele seja esclarecida o quanto antes — disse o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

Já o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse que Palocci não pode ser crucificado.

— Prefiro ver as explicações dele. Acho normal que a pessoa tenha rendimento e que esse rendimento promova evolução patrimonial. De forma alguma ia crucificar uma pessoa por causa de sua evolução patrimonial — disse Serra.

O PPS ingressa hoje com representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo a abertura de inquérito para investigar osuposto enriquecimento ilícito do ministro.

— Se, como diz oministro, o aumento de patrimônio é legal, ele poderia revelar para quem sua consultoria prestou serviços equanto recebeu de cada cliente. Isso acabaria com qualquer dúvida sobre o caso—cobrou o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno(PR). Parlamentares questionam por que Palocci não divulgou o nome das empresas nem mencionou se alguma tem contrato com o governo federal. A manifestação da Comissão de Ética Pública em defesa de Palocci foi vista comalívio pelos governistas. Mas parlamentares petistas concordamque é preciso maior transparência.

— Suponho que o ministro vai semanifestar sobre pontos eventualmente obscuros— disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

—Palocci comunicou tudo à Comissão de Ética. Como ex-deputado e ex-ministro, era natural que fosse procurado para consultorias—defendeu o senador Lindberg Farias (PT-RJ). A senadora Marta Suplicy (PT-SP) leu da tribuna anota de Palocci e classificou a ação da oposição de “oportunista”.

—A nota do ministro coloca uma pá de cal sobre qualquer suspeita. Se alguém ajudou esse país a crescer e está ajudando a presidente Dilma Rousseff é o ministro Palocci. A oposição vai tentar fazer de tudo para fazer marola contra o governo.

“Para ficar rico, só herança ou ganhando na loteria”

Nem todos os petistas, porém, estão satisfeitos.

— Não sei se o ministro teria obrigação de identificar empresas para as quais prestou consultoria, mas, como homem público, fica inevitável que ele dê esclarecimentos sobre a fonte de recursos. A oposição está doida para pegar um fio qualquer de suspeita—afirmou osenador Walter Pinheiro (PT-BA). O presidente do PT,Rui Falcão, defendeu o ministro. Ele disse que tem "total confiança" no ministro em razão de sua lisura. Segundo Falcão, Palocci já esclareceu o caso.

— Temos total confiança no ministro. Nada pesa sobrePalocci — disse Falcão. Fora do Congresso, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcanti, disse que a instituição está "perplexa":

— Só há duas formas de ficar rico rapidamente: recebendo herança ou ganhando na loteria. Todas as demais formas merecem e precisam de explicação, sobretudo para quem exerce cargo público.

FONTE: O GLOBO

Charge do Aroeira

Aroeira - em O Dia

Oposição existe:: Paulo Pinheiro

Rio - Vivemos um momento político muito curioso, com a oposição passando por uma grave crise de identidade e divergências internas em alguns partidos. O PPS, contudo, vem se mantendo fiel à sua história sob o comando de seu presidente, o deputado Roberto Freire.

No âmbito municipal, como líder do partido na Câmara, tenho defendido esse posicionamento, confrontando a prefeitura sempre que a população é desrespeitada. Foi assim em relação à Taxa de Luz e à privatização da saúde pública, por exemplo.

No atual mandato, obtido para defender os interesses do cidadãos, protocolei nove representações no Ministério Público questionando o executivo municipal e fui contra a aprovação das contas de 2009, pela não aplicação de, no mínimo, 25% do orçamento na Educação, como manda a Constituição.

Todo governo possui seus acertos, faz parte de uma gestão. Mas é preciso destacar que, enquanto o cidadão carioca sofrer com filas em hospitais, falta de médicos, aumento de impostos, elevação excessiva no preço das passagens de ônibus, violência — contra a população mais pobre — e recursos minguados na Educação, será preciso divergir do Executivo.

Acredito que ao confrontarmos ideias, quem ganha é a população. Infelizmente, seduzidos pelas facilidades de aderir ao bloco governista, muitos políticos abandonam esse importante papel. Não lembram de suas campanhas, esquecem que não só os vencedores das eleições majoritárias precisam cumprir o que prometeram. Eu, particularmente, me mantenho fiel às minhas propostas. Para isso me deram votos, especialmente de confiança.

Médico, vereador do Rio pelo PPS

FONTE: O DIA

Visão perversa:: Merval Pereira

Há um aspecto perverso nessa crise do livro didático de português, que o MEC insiste em manter em circulação, que ultrapassa qualquer medida do bom-senso de um governo, qualquer governo. A pretexto de defender a fala popular como alternativa válida à norma culta do português, o Ministério da Educação está estimulando os alunos brasileiros a cultivarem seus erros, que terão efeito direto na sua vida na sociedade e nos resultados de exames, nacionais e internacionais, que avaliam a situação de aprendizado dos alunos, debilitando mais ainda a competitividade do país.

O ministro Fernando Haddad, que já protagonizou diversas confusões administrativas, agora se cala diante dessa “pedagogia da ignorância” que apresenta aos alunos da rede pública a defesa de erros de português, como se fossem corretas ou aceitáveis expressões populares como “nós pega o peixe” ou “dois real”. (Aliás, cada vez que escrevo essas frases, o corretor de texto teima em sublinhá-las em verde, como se estivessem erradas. Esse computador ainda não passou pelo crivo do MEC). Mas é o próprio MEC que veicula anúncios exaltando supostos avanços dos alunos brasileiros no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). O país registrou crescimento em todas as notas, embora continue muito abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e mesmo de alguns da América Latina.

Ora, se o próprio governo baliza sua atuação pela régua do Pisa, como justificar que a defesa de uma alternativa da fala correta seja uma política oficial do Estado brasileiro?

A professora Heloísa Ramos, autora do livro “Por uma vida melhor”, da Coleção Viver, Aprender (Editora Global) acredita ser “importante que o falante de português domine as duas variantes e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala”. Seria preciso então que as escolas e faculdades ensinassem o português popular para os que foram alfabetizados pela norma culta, numa radicalização esdrúxula que esse raciocínio estimula. O caráter ideológico de certos livros didáticos utilizados pelo MEC, especialmente de história contemporânea, ganha assim uma nova vertente,mais danosa que a primeira, ou melhor , mais prejudicial para a vida do cidadão-aluno.

Enquanto distorções políticas que afetem posições pessoais do aluno podem ser revertidas no decorrer de sua vida, por outros conhecimentos e vivências, distorções didáticas afetam a perspectiva desse aluno, que permanecerá analfabeto, sem condições de melhorar de vida.

Fosse o livro uma obra de linguística da professora Heloísa Ramos, nada a opor quanto à sua existência, embora seus métodos e conclusões rasteiras do que seja preconceito contra a fala popular possam, sim, ser refutados como uma mera mistificação política. Se fosse um romance, não haveria problema algum em reproduzir a maneira de falar de uma região, ou os erros de português de um personagem. Mas o livro didático não pode aceitar como certo o erro de português. Didática, pelo dicionário (?) é “a arte de transmitir conhecimento, técnica de ensinar” ou “que proporciona instrução e informação”. O fato de falarem de certa maneira em algumas regiões não quer dizer que este ou aquele linguajar represente o português correto.

A visão deturpada do que seja ensinar aparece na declaração de um assessor anônimo do MEC no GLOBO de ontem, alegando que não cabe ao ministério dizer “o que é certo eo que errado”, e nem mesmo fazer aanálise do conteúdo dos livros didáticos. Se não exerce esses deveres básicos, o que faz o MEC em relação ao ensino do país?

Seria um equívoco lamentável e perigoso se o MEC, com essa postura, estivesse pretendendo fazer uma política a favor dos analfabetos, dos ignorantes, como se ela fosse a defesa dos que não tiveram condições de estudar . Na verdade, está é agravando as condições precárias do cidadão-aluno que busca na escola melhorar de vida, limitando, se não impossibilitando, que atinjam esse objetivo. Se, porém, a base da teoria for uma tentativa de querer justificar a maneira como o presidente Lula fala, aí então teremos um agravante ao ato criminoso de manter os estudantes na ignorância. Querer transformar um defeito, uma falha da educação formal do presidente-operário, em uma coisa meritória é um desserviço à população.

Os erros de português de Lula não têm mérito nenhum, ele os explora para fazer política, é um clássico do populismo, cuja consequência é deseducar a população.

Mas ele nunca teve a coragem de defender a fala errada, embora goste de ironizar palavras ou expressões que considera rebuscadas. Ele desvaloriza o estudo, com frases como “não sei por que estudou tanto, e eu fiz mais do que ele”, ou quando se mostra como exemplo de que é possível subir na vida sem estudar . Mas em outras ocasiões, estimula que a universidade seja acessível a todos, numa atitude que parece paradoxal, mas que ganha coerência quando se analisam os objetivos políticos de cada uma das atitudes. Se, no entanto, o desdém pela norma culta do português transformou-se em política de Estado, aí teremos a certeza de termos chegado ao fundo do poço.

FONTE: O GLOBO

Por uma vida pior:: Dora Kramer

O Ministério da Educação decidiu não tomar conhecimento da adoção em escolas públicas do livro Por uma Vida Melhor, que "ensina" a língua portuguesa com erros de português. Avalizou, quando autorizou a compra e a distribuição, e depois corroborou seu apoio àquela ode ao desacerto ao resolver que a questão não lhe diz respeito.

Fica, portanto, estabelecido que o ministério encarregado dos assuntos educacionais no Brasil, além de desmoralizar os mecanismos de avaliação de desempenho escolar, não vê problemas em transmitir aos alunos o conceito de que as regras gramaticais são irrelevantes.

Pelo raciocínio, concordância é uma questão de escolha. Dizer "nós pega o peixe" ou "nós pegamos o peixe" dá no mesmo. "Os menino" ou "o menino", na avaliação do MEC, são duas formas "adequadas" de expressão, conforme o conceito adotado pela autora, Heloísa Ramos, note-se, professora.

A opção pelo correto passa a ser considerada explicitação de "preconceito linguístico".

De onde, "nós vai ao mercado todos os dias" pode ser um exemplo de construção gramatical plenamente aceitável em salas de aula e fora delas. "As notícia" também "poderá" ser "apresentada" todas as noites nos jornais de televisão sem que os apresentadores sejam importunados por isso.

Ironias à parte, o assunto é da maior seriedade. Graves e inacreditáveis tanto a tese defendida pela professora quanto a posição do ministério em prol da incultura que apenas dificulta o acesso a uma vida melhor.

Aceitar como correta a argumentação de que a linguagem oral se sobrepõe ao idioma escrito em quaisquer circunstâncias e que não existe mais o "certo" nem o "errado", mas sim o "adequado" e o "inadequado" em face das deficiências educacionais, equivale a aceitar a revogação de todas as regras.

Não apenas do português, mas de todos os outros itens que compõem o currículo escolar. Com precisão, a escritora Ana Maria Machado exemplifica: "Seria como aceitar que dois mais dois são cinco".

Ou consentir na adaptação da história e da geografia ao estágio do conhecimento de cada um.

Tal deformação tem origem na plena aceitação do uso impróprio do idioma por parte do ex-presidente Lula, cujos erros de português se tornaram inimputáveis, por supostamente simbolizarem a mobilidade social brasileira.

Corrigi-los ou cobrar o uso correto da língua pelo primeiro mandatário da nação viraram ato de preconceito.

Eis o resultado da celebração da ignorância, que, junto com a banalização do malfeito, vai se confirmando como uma das piores heranças do modo PT de governar.

Multiplicação. Amigos e correligionários manifestaram confiança na lisura e nas explicações do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para o crescimento de seu patrimônio de R$ 375 mil para cerca de R$ 7,5 milhões em quatro anos.

Confiança essa da qual poderão desfrutar também o restante dos brasileiros assim que o ministro deixar de lado as evasivas a informar exatamente como amealhou o capital.

O governo tentará deixar por isso mesmo, mas cabe ao ministro notar que seu histórico e suas pretensões não permitem acúmulo desse tipo de passivo.

Blefe. Os produtores rurais têm pressa de aprovar o novo Código Florestal antes de expirar, em 11 de junho próximo, a validade do decreto que suspendeu temporariamente as punições a proprietários rurais que não tenham em suas terras o porcentual de mata nativa recomendado por legislação ambiental de 1998.

Mas o governo também tem muito interesse nisso porque, uma vez extinto o decreto, o poder público vai se deparar com a necessidade de dar uma solução para a quase totalidade dos produtores que amanheceriam o dia 12 de junho na ilegalidade.

Se não prorrogar o decreto, ver-se-á na desagradabilíssima contingência de se indispor com todo o setor agrícola. Sem falar no esforço que precisará empreender para fiscalizar e multar a nova gama de infratores.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Um petista neoclássico :: Fernando de Barros e Silva

O ministro Antonio Palocci comprou um apartamento de 502 m2 nos Jardins. Estilo neoclássico. Tudo bem, gosto não se discute. Mas até nisso, no prazer de novo rico pela ostentação, o PT se confunde com a direita.

O problema, é óbvio, está no valor do imóvel: R$ 6,6 milhões, pagos em apenas duas prestações (R$ 3,6 milhões, mais R$ 3 milhões). Coisa de milionário.

Não parece trivial que o ministro-chefe da Casa Civil, semanas antes de assumir o cargo, tenha adquirido este apartamento. Como revelou reportagem da Folha no domingo, em quatro anos Palocci multiplicou por 20 o seu patrimônio. Foi o período em que exerceu o mandato de deputado federal pelo PT, quando recebeu R$ 974 mil brutos.

Que Palocci é muito bem relacionado já sabíamos. Sua campanha à Câmara em 2006 custou, oficialmente, R$ 2,4 milhões, a maior parte vinda do bolso de banqueiros.

Ele precisa explicar, porém, o que, exatamente, fazia a sua empresa enquanto ele trabalhava pelo país. A Projeto, responsável pela compra do apezão de luxo, foi criada como consultoria e virou administradora de imóveis dois dias antes de Palocci chegar à Casa Civil.

Se alguém ainda duvida de que o caso precisa ser investigado, basta ler o que disse o vice de Dilma, Michel Temer: "O PMDB confia plenamente na lisura do procedimento de Palocci e estará ao lado dele". Se o PMDB confia, é bom desconfiar.

Um dos políticos mais influentes do país na última década, Palocci é hoje um medalhão blindado. Praticamente deixou de falar em público depois da violação do sigilo do caseiro, que o derrubou da Fazenda em março de 2006. Mesmo "reabilitado" pelo STF, que o inocentou no caso em agosto de 2009, manteve firme seu culto à discrição.

O apartamentão espalhafatoso vem dar outro sentido à continência verbal e à figura esquiva do ministro. Palocci não é, nunca foi, um mensaleiro vulgar, longe disso. Palocci é um petista neoclássico.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Os mistérios de Palocci:: Eliane Cantanhêde

Já que a Comissão de Ética Pública e a Controladoria-Geral da República dizem que não vão investigar Antonio Palocci, que já foi o ministro mais forte do governo Lula e é agora do governo Dilma, vamos nós remoer aqui algumas dúvidas. Afinal, perguntar não ofende, não é mesmo?

Em 2006, Palocci declarou um patrimônio de R$ 375 mil, incluindo uma casa de R$ 56 mil. Como é que, em cinco anos, ele pulou dessa casinha para um apartamentão de quase R$ 7 milhões?

A empresa do ministro, a Projeto, que lhe custou mais R$ 882 mil, não tem placa na entrada do prédio nem na sua própria porta, como testemunhou a repórter Andreza Matais, autora da reportagem junto com José Ernesto Credendio. Ninguém sabe, e Palocci não explica, o que é essa empresa, qual o seu faturamento, em que áreas atua, quais os seus clientes.

Se têm R$ 7 milhões cash para o apartamento, quanto mais a empresa e Palocci terão? Imagina-se que nenhum milionário, especialmente sendo ex-ministro da Fazenda, aplique todo o seu patrimônio num único imóvel. Isso sugere que ele tem muito mais, aqui e acolá.

Não custa lembrar que o ministro não é primário em escândalos, depois da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), de se meter numa casa mal frequentada em Brasília, ser delatado com malas de dinheiro e afinal se enroscar com a quebra de sigilo do caseiro Francenildo.

São todas histórias muito estranhas, que não combinam com a cara bonachona de Palocci, com sua desenvoltura em todos os meios e muito menos com a história de moralismo do PT -contra os adversários evidentemente.

Collor foi arrastado por um Fiat Elba e uma cascata cafona na Casa da Dinda, Ibsen Pinheiro enterrou a carreira por causa de uma caminhonete, Alceni Guerra foi ao fundo do poço e nem mais se sabe por quê. Os exemplos são incontáveis.

Para dar nisso?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Emplastro Brás Cubas:: Andréa Freitas

Se há consenso sobre a necessidade de uma reforma política no Brasil, ele advém dos frequentes escândalos de corrupção associados à ausência de políticas públicas eficientes em setores básicos, como educação, saúde e tantos outros que afetam negativamente o dia a dia dos cidadãos. A crença difundida é que uma reforma política reformaria, literalmente, a política, ou a maneira de se fazer política no Brasil.

No entanto, grande parte das medidas em discussão tende a privilegiar o fortalecimento da organização partidária, ou seja, tende a concentrar poder nas instâncias internas dos partidos, aumentando o poder dos mesmos em sua relação com o Estado. Isso se dá em detrimento do fortalecimento da relação entre eleitor e representante, em uma palavra, da representatividade. É precisamente este o caso quando falamos da adoção da lista fechada - lista pré-ordenada pelos partidos nas eleições proporcionais -, do financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais e, mesmo, da adoção do sistema distrital, com a divisão dos Estados em pequenos distritos.

O fortalecimento dos partidos políticos é certamente o ponto a que mais se recorre para justificar a necessidade de uma reforma política. Mas o que isto significa? Se pensarmos a partir das propostas em discussão, basicamente significa conceder mais controle às lideranças partidárias sobre seus liderados. Mas o fato é que as lideranças já exercem forte influência sobre suas bancadas no parlamento, pois arbitram grande parte dos recursos capazes de garantir as chances de sucesso eleitoral de seus candidatos. Em poucas palavras, controlam os meios capazes de dar visibilidade aos políticos: definem qual parlamentar ocupará qual cargo na organização do Legislativo; quem tratará de matérias mais visíveis e quem ficará no limbo. Definem ainda aqueles que aparecerão no horário eleitoral gratuito, que candidato aparecerá ao lado do governador, do prefeito ou do presidente, ou do lado das lideranças melhor sucedidas nos palanques ou nos santinhos distribuídos em época de eleição. Reforçar essa lógica reformaria a maneira como se faz política no Brasil?

A reforma política, vendida como panaceia, nos termos em que está sendo discutida, não passa de uma reforma eleitoral. Independentemente das mudanças que venham a ser aprovadas, a maneira de se fazer política no Brasil não vai ser reformada apenas com modificações no sistema eleitoral.

Partidos fortes remetem à ideia de partidos programáticos que defendem políticas claras. A questão é que mudanças no sistema eleitoral não produzirão partidos políticos com raízes na sociedade, com bandeiras claras ou programaticamente consistentes. Assim, a propaganda que se faz da reforma é um engodo. Vende-se uma grande mudança que, na verdade, não muda nada, simplesmente porque as instituições, ou as leis, ou as regras a que estão submetidos os políticos não são mágicas.

Para termos partidos políticos mais representativos dos anseios da sociedade, seriam necessárias medidas que democratizassem as organizações partidárias. Medidas estas que garantissem maior participação dos filiados nas decisões sobre posicionamento político dos partidos e nas convenções partidárias, em especial, aquelas onde se decidirá quais candidatos serão apresentados ao eleitor.

A questão não é defender que tudo continue como está. Mudanças são necessárias, mas elas devem ser no sentido de dar maior transparência ao processo político. Dessa forma, o fim das coligações eleitorais nas eleições proporcionais, embora dificulte a vida dos pequenos partidos, traz avanços significativos na inteligibilidade do método de conversão do voto em cadeiras, torna mais fácil para o eleitor entender que ao votar em um determinado candidato ele está votando em toda a lista do partido, mas apenas daquele partido.

O movimento popular em prol da Lei da Ficha Limpa mostra claramente que o eleitor deseja mudanças no sistema político e almeja, principalmente, diminuir a corrupção e aumentar a transparência. Esses deveriam ser os objetivos a pautar uma reforma política, mas tais fins decerto não serão atingidos apenas mudando o sistema eleitoral, uma vez que não atacam as fontes principais dos problemas identificados.

Uma verdadeira reforma na maneira como se faz política no Brasil deve passar pela redução das estruturas do Estado, pela extinção de institutos e fundações que não produzem os resultados esperados; pela diminuição significativa do número de cargos comissionados, não só nos Executivos, mas também nos Legislativos em todos os níveis (federal, estadual e municipal); pela diminuição da burocratização excessiva, que fomenta desvios e tráfico de influência; pelo aumento da fiscalização sobre a aplicação do dinheiro público, no sentido de aumentar a eficiência de cada real gasto pelo poder público.

Todavia, nada disso se mostrará suficiente se não estiver associado à punição rápida e exemplar daqueles que comprovadamente cometem crimes contra o patrimônio público. O descrédito da classe política e o afastamento da sociedade do meio político são fruto da falta de punição àqueles que desviam verbas, superfaturam obras e se apropriam de maneira privada do poder público. É imprescindível uma reforma do Judiciário, que permita a este poder responder à sociedade aplicando a devida pena aos culpados. É preciso dar uma resposta ao eleitor a cada desvio comprovado do dinheiro público. Só uma reforma deste tipo pode ser nomeada como reforma política. Qualquer outra não é mais que um emplastro Brás Cubas.

Andréa Freitas é cientista política, pesquisadora do Cebrap e colunista convidada do Valor.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

O que pensa a mídia

Editoriais dos principais jornais do Brasil
Clique o link abaixo

Freire descarta fusão do PPS e adverte Aécio

Presidente nacional do PPS nega com veemência a possibilidade de a sua legenda se unir ao DEM e PSDB, como foi proposto pelo senador tucano Aécio Neves

O deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, Roberto Freire, descartou ontem, de forma veemente, a possibilidade de fusão de seu partido com o PSDB e o DEM, proposta que está sendo defendida pelo senador e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB). Freire revelou que o PPS não foi ouvido – e que se tivesse sido ouvido, teria dito, não – e desautorizou Aécio a falar em nome dos pós-comunistas. “O fato de sermos oposição, não nos torna um só partido. Partido tem que ter identidade, ideologia, visão de mundo e proposta programática. Não é um ajuntamento. Não temos identidade com o DEM. Ele fala em nome do PPS sem nos ouvir. Se o PSDB e o DEM vão se fundir, é problema deles”, rejeitou o deputado.

Potencial candidato da oposição à Presidência da República em 2014, por ser o nome mais forte do PSDB desde a derrota de José Serra, em 2010, o senador Aécio Neves costura a fusão dos tucanos com os democratas, puxando para o mesmo arco de legendas o PPS. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, domingo (15), Aécio expôs a proposta, mas que seria viabilizada somente depois das eleições municipais de 2012.

Freire adiantou que a fusão está descartada, mesmo que só com o PSDB, igualmente por não haver identidade entre ambos. Assinalou que a aproximação com os tucanos e o próprio DEM foi para a eleição de Serra (contra Dilma Rousseff, PT) ano passado, estando encerrada. Destacou, ainda, que as alianças para o próximo ano estão em aberto. “A união com o PSDB foi para 2010. Acabou. A única relação umbilical que temos é com o PCB (o PPS é oriundo do Partidão). Nossa aproximação maior, hoje, é com o PV”, afirmou.

Reconhecendo que o PPS diminuiu de tamanho, mas observando que toda a oposição diminuiu, o ex-comunista admitiu que o partido pode voltar a trabalhar em conjunto com as demais legendas de oposição, desde que preservando-se a identidade de cada um. “A oposição pode ter um projeto eleitoral comum, trabalhar em conjunto em governo. Mas não ter fusão de partidos.”

Freire acrescentou, por outro lado, que nenhum partido de esquerda tem condições de criticar as posições do PPS. “Quem? O PCdoB, que apóia o governo (Gilberto) Kassab (Prefeitura de São Paulo)? Qual a moral do PT que tem (Paulo) Maluf, (José) Sarney, (Fernando) Collor e Kassab apoiando Dilma? Que esquerda é essa?”.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Tucano e Lula fazem reuniões sobre reforma política

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador José Serra (PSDB) participaram ontem de reuniões em São Paulo para discutir a reforma política.

Serra discutiu o tema com Rui Falcão, presidente do PT, na Assembleia Legislativa.

Já Lula se encontrou com os presidentes do PSB, Eduardo Campos, do PC do B, Renato Rabelo, e o vice-presidente do PDT, Brizola Neto, num hotel da zona sul.

Serra defende a implantação do sistema distrital nas cidades com mais de 200 mil habitantes nas eleições de 2012 e disse que o vice-presidente da República, Michel Temer -com quem se reuniu na última semana- manifestou simpatia pela proposta.

"É uma proposta suprapartidária. Não é para beneficiar este ou aquele partido. Estou procurando todos que têm representação", disse, antes da reunião com Falcão.

Passando por um processo de isolamento, o ex-governador paulista tem se agarrado ao tema da reforma política para se manter em evidência no cenário político.

FINANCIAMENTO

Já Lula e os dirigentes do PSB, PC do B e PDT disseram que a reunião visava "iniciar um diálogo com todos os partidos sobre o tema".

No encontro, eles fecharam questão sobre o financiamento público exclusivo para as campanhas eleitorais, mas ainda divergem sobre a adoção do voto distrital e calendário das eleições.

"Há consenso de que o financiamento público responde ao anseio de mais lisura nos pleitos", disse Renato Rabelo, do PC do B.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu que as eleições municipais aconteçam no mesmo ano das estaduais e federais. Assim, a população iria às urnas a cada quatro anos, e não a cada dois.

O ex-presidente Lula ainda deve discutir o assunto com a cúpula do PMDB.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Serra: ideia de união é fora de hora

SÃO PAULO – O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse ontem que a proposta de fazer uma fusão de partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) defendida pelo senador tucano Aécio (MG) é uma discussão “fora de hora”. A declaração foi feita logo depois da inauguração da estação Pinheiros do Metrô.

Serra ficou ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante a cerimônia. “Não é uma ideia que está posta. É uma discussão fora de hora”, criticou Serra. Conforme a Folha de S.Paulo revelou ontem, Aécio Neves planeja criar o novo partido para representar a oposição na disputa presidencial de 2014.

O governador tucano endossou as declarações de seu antecessor no cargo. “Eu respeito as ideias dele. Eu respeito Aécio, mas é muito cedo para essa discussão”, comentou Alckmin.

Após a cerimônia, Serra, Alckmin e Alberto Goldman, cogitado para a secretaria nacional do partido, percorreram um trecho do Largo da Batata, em Pinheiros. Os três falaram com moradores, pararam num bar e tomaram café, pago por Goldman – que governou São Paulo no final do mandato de Serra, então envolvido com a candidatura à Presidência.

Serra e Alckmin têm aparecido em público numa tentativa de mostrar coesão no partido e que não existe crise. Ambos disputaram espaço no PSDB para a candidatura à Presidência em 2010. Serra também compareceu à inauguração da estação Butantã, em março passado.

Outros líderes tucanos – como Tasso Jereissati, Fernando Henrique Cardoso e o próprio Alckmin – já mencionaram a fusão do PSDB com DEM e PPS como uma possibilidade a ser considerada no horizonte da oposição. “Existem propostas nesse sentido. São aspectos delicados. Acho que o mais importante é manter a coesão dos partidos. (...) Não sei qual a tendência, se vai haver fusão ou não”, afirmou FHC, em abril. Naquela mesma semana, Geraldo Alckmin disse que a fusão “pode ser muito boa, mas que não via urgência nessa discussão”.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

PT emplaca mais filiados em cargos do 2º escalão

Petistas também devem tirar vaga do PMDB na Agência Nacional do Petróleo

Governador da Bahia, Jaques Wagner, deverá nomear um petista para Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

Catia Seabra

BRASÍLIA - Para insatisfação dos aliados, sobretudo do PMDB, o PT avança sobre os demais partidos da base na ocupação da máquina do governo.

Fora a presidência da Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, o PT garantiu a diretoria de participações imobiliárias da fundação para Carlos Augusto Borges.

Sua indicação contempla o ex-presidente do PT deputado Ricardo Berzoini (SP), que não escondia sua irritação com a perda de cargos no Banco do Brasil e na Caixa. O próprio Borges fora exonerado da vice-presidência da CEF, deflagrando uma crise.

Ligado ao senador Wellington Dias (PT-PI), o presidente da Funcef, Carlos Alberto Caser, foi presidente da extinta Confederação Nacional dos Bancários.

Já a presidência da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é uma demonstração de prestígio do ex-prefeito de São Carlos (SP) Newton Lima. O novo presidente, Dirceu Brás Aparecido Barbano, foi secretário durante a gestão do deputado.

Após dura queda de braço entre PT e PMDB, aliados do ex-ministro Patrus Ananias garantiram o comando da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Seu novo diretor-presidente, Gilson de Carvalho Queiroz, ocupa espaço antes reservado ao PMDB.

Numa articulação com o PC do B, o PT está prestes a tirar uma cadeira dos peemedebistas na ANP (Agência Nacional do Petróleo). Como o comando da agência ficará com o PC do B, o PT ocupará a vaga de Victor Martins, do PMDB. Um peemedebista acaba de ser exonerado da diretoria comercial da Pesa (Petrobras da Argentina).

Ainda no setor de Minas e Energia, o governador Jaques Wagner (BA) deverá nomear o petista Manoel Barretto na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Na EPE, o petista Elso Nunes deverá ser preservado.

Líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza minimiza a reação na base. "Os insatisfeitos continuarão insatisfeitos."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Charge: troca-troca partidário

FONTE:http://chargistaclaudio.zip.net/

Zimbo Trio e Fabiana Cozza - O samba é meu dom

Bruxa::Carlos Drumonnd de Andrade

A Emil Farhat



Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.


Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.


De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?


E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer.


Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
até que venha a manhã
trazer leite, jornal e clama.
Porém a essa hora vazia
como descobrir mulher?


Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.


Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
querendo romper a noite
não é simplesmente a bruxa.
É antes a confidência
exalando-se de um homem.