sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Oposição à espera de um ano melhor

Denise Rothenburg

A oposição se despede de 2011 com a taça de champanhe pela metade. Ajudou a tirar seis ministros do governo e viu a presidente Dilma Rousseff adotar o programa de privatizações que o PT tanto criticou na campanha do ano passado. Mas, ao mesmo tempo, a força oposicionista no Congresso minguou a olhos vistos com a criação do PSD. Para completar, as últimas pesquisas de opinião detectaram que a presidente Dilma encerra seu primeiro ano de mandato com uma popularidade maior que a de Lula e a de Fernando Henrique Cardoso, quando considerado o mesmo período. Ou seja, para muitos, não há o que comemorar. Mas, na avaliação de um grupo expressivo, ainda há alguma coisa para brindar, preparar o futuro e "cantar 2012" como o décimo ano do "governo do PT" sem mudanças significativas em vários setores, como a infraestrutura.

"Numericamente, realmente perdemos, não conseguimos instalar CPIs nem destinar 10% do Orçamento para a área de saúde dentro da regulamentação da Emenda 29. Essa foi a nossa maior derrota. Ficamos emparedados pela inferioridade numérica", comenta o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN). Com a criação do PSD, o DEM, por exemplo, perdeu 17 deputados e um senador. No PSDB e no PPS, os estragos foram menores. Mas Agripino considera essa situação circunstancial. "O governo já está enfrentando dificuldades de ordem política e a tendência é que isso se agrave. Logo, logo, teremos gente da base votando conosco, prevê.

O líder do DEM no Senado considera que a maior vitória dos oposicionistas foi o fato de o governo adotar as privatizações. "A privatização foi demonizada pelo PT e pela candidata deles na campanha de 2010 e, agora, a presidente foi a São Gonçalo do Amarante privatizar o novo aeroporto", diz, avisando que isso certamente será lembrado no futuro como uma cópia feita pelo PT do projeto da oposição.

Reestruturação

Da parte dos tucanos, a ordem é aproveitar as eleições municipais para mostrar um projeto alternativo ao PT. "A aliança do governo é muito mais em torno de um projeto de poder do que de propostas. O Brasil está parando", comenta o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ele pretende visitar os estados a partir de janeiro para trabalhar a reestruturação do PSDB e, se possível, colocar na campanha municipal a semente de que, em 10 anos do governo petista, a infraestrutura para alavancar o Brasil deixou a desejar e a saúde continua problemática.

O problema na oposição agora é reconquistar a unidade, especialmente, dentro do PSDB, onde o fato de o PSDB ter colocado Aécio Neves como o primeiro da fila no rol de pré-candidatos à Presidência da República tem tirado o sono do ex-candidato José Serra e acirrado as divergências.

Enquanto a paz não vem, a ideia do PSDB é mudar o foco para a discussão de temas nacionais. O primeiro semestre, antes de as campanhas municipais ganharem a cabeça do eleitor, os oposicionistas planejam seminários sobre economia sustentável, mobilidade urbana, agricultura, saúde e educação. A ideia é pegar de cinco a seis temas e colocar o partido para discutir projetos. E, feitos os projetos, partir para as campanhas municipais.

Quanto à sucessão presidencial, a intenção de tucanos, do DEM e do PPS é só bater o martelo sobre um possível candidato em 2013 e prepará-lo como Lula fez com Dilma. Escolhido o candidato, com a clareza de um projeto capaz de representar o que os tucanos chamam de "expectativa de poder", o PSDB espera tentar atrair para o seu lado vários aliados do PT. Afinal, em política, para agregar mais do que o poder, só mesmo a expectativa de conquistá-lo.

17 anos de obra

A 28 km de Natal, o aeroporto de São Gonçalo do Amarante começou a ser construído há 14 anos e ainda não foi concluído. Com a privatização, a previsão é de que a obra seja finalizada até 2014. Ele será construído e explorado pelo consórcio Inframérica, formado pelas empresas Engevix e Corporación América, que venceram o leilão realizado em 28 de novembro deste ano. Também estão previstas as privatizações dos aeroportos de Cumbica (SP), de Viracopos (SP) e o de Brasília.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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