quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Trabalho assinou convênios após viagem de Lupi

Parcerias de R$5 milhões com ONG de Adair Meira foram fechadas 18 dias após visita do ministro ao Maranhão

Francisco Leali

BRASÍLIA. O Ministério do Trabalho assinou quatro convênios com a organização não governamental (ONG) Pró-Cerrado, do empresário Adair Meira, duas semanas depois de o ministro Carlos Lupi visitar o interior do Maranhão no avião King Air providenciado pelo dirigente da entidade. Os convênios assinados nos dias 30 e 31 de dezembro de 2009 previam a liberação de R$5,1 milhões. A viagem para o Maranhão foi nos dias 11, 12 e 13 daquele mês.

Segundo a Controladoria Geral da União (CGU), desse montante já foram liberados até hoje R$2,3 milhões. Em nota divulgada no último sábado, a assessoria de Lupi sustentou que o ministro não usou avião providenciado por Meira e afirmou que, na época, o empresário não tinha negócios com a pasta.

CGU: irregularidades na execução de convênio

Os convênios, no entanto, foram assinados logo após a viagem em que o ministro visitou cidades maranhenses a bordo do avião King Air prefixo PT-ONJ. Adair admitiu que foi ele quem "providenciou" o avião, mas sustenta que não pagou a conta do fretamento da aeronave.

Todos os quatro convênios foram assinados pela Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, dirigida na época por Ezequiel Nascimento, que também participou da viagem ao Maranhão. Ezequiel tem sido pressionado pelo ministério para voltar atrás e negar a informação de que Adair forneceu o avião para Lupi.

Antes disso, o Ministério do Trabalho havia firmado um convênio com a entidade em 24 de dezembro 2007 no valor de R$2,3 milhões. Desse montante, a entidade recebeu R$682,6 mil.

Relatório da CGU sustenta que houve irregularidades na execução desse convênio firmado para "promover o empreendedorismo juvenil" em Goiás. Entre as falhas encontradas pelos auditores da coordenadoria estavam a inadequação dos locais escolhidos para os cursos e o registro de fornecimento de lanche para os matriculados em data anterior ao curso - ou seja, pode não ter sido fornecido lanche algum. Adair Meira contesta as conclusões da CGU e garante que sua ONG presta serviços de qualidade.

Para Lupi, transparência na escolha das ONGs

Quando prestou depoimento na quinta-feira passada na Câmara dos Deputados, Lupi alegou que não conhecia Adair Meira e sustentou que as entidades conveniadas com sua pasta eram escolhidas por processo transparente. Lupi tentou demonstrar que sequer sabia o nome de Adair.

- Eu não tenho relação nenhuma, absolutamente nenhuma, com o... como é mesmo o nome dele?, seu Adair - comentou o ministro, durante o depoimento.

FONTE: O GLOBO

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