domingo, 20 de novembro de 2011

Manual de sobrevivência de um ministro

Com base na experiência do dominó de titulares da Esplanada derrubados por denúncias, o Correio publica cartilha para mostrar o que fizeram os governistas que conseguiram superar os tremores políticos na gestão de Dilma Rousseff

Josie Jeronimo

Seis ministros caíram e um agoniza na UTI política do Palácio do Planalto, tentando ganhar sobrevida pelo menos até a reforma nas pastas, marcada para fevereiro de 2012. De junho pra cá, a praga que atinge a Esplanada dos Ministérios revela que parte do primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff morreu vítima de um conjunto de sintomas que se repete escândalo após escândalo.

Os que conseguem sobreviver à crise adotam a fórmula "bom senso e separação entre público e privado" para evitar encrencas. O estado das artes da longevidade ministerial não é um mistério. Os ministros que continuarão na foto oficial do próximo ano são aqueles que perguntarão quem é o dono do avião antes de pegar caronas em jatinhos, acompanharão o destino do dinheiro que sai dos cofres públicos e não usarão recursos humanos e materiais das pastas que comandam para resolver problemas domésticos.

O manual de sobrevivência dos ministros também mostra que separar a vida partidária da ministerial contribui para a tranquilidade da gestão, assim como a temperança, remédio milagroso contra o suicídio verborrágico. Todos os itens de segurança foram esquecidos pelos ministros afastados.

Tudo começou na Casa Civil. Antonio Palocci não conseguiu explicar como aumentou em 20 vezes seu patrimônio, graças ao sucesso de sua empresa de consultoria, e abriu a porteira da reforma ministerial antes da hora. Menos de um mês depois da queda de Palocci, foi a vez de Alfredo Nascimento ser acusado de transformar o Ministério dos Transportes em uma sucursal da tesouraria do Partido da República. Denúncias de obras superfaturadas, farra dos aditivos e o sucesso empresarial do filho na área de infraestrutura derrubaram o ministro.

Jatinho

Na Defesa, foi a verborragia que custou o cargo de Nelson Jobim. O ex-ministro declarou voto no adversário de Dilma nas eleições de 2010 e colocou em dúvida a envergadura política da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O mau agouro de agosto que atingiu Jobim também pegou o ex-titular da Agricultura Wagner Rossi. As denúncias contra a pasta começaram na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e chegaram ao ministro quando o Correio revelou que Rossi utilizava o jatinho de empresa beneficiada por políticas do ministério para viagens pessoais.

Em seguida, foi a vez de Pedro Novais, que já chegou com aviso-prévio assinado à pasta de Turismo depois de ser pego usando verba indenizatória da Câmara para pagar despesas em motel. Novais aguentou operação da Polícia Federal, que prendeu até mesmo seu número dois em investigação de desvio de recursos em convênios, mas sucumbiu ao flagrante fotográfico que mostrou motorista contratado com dinheiro público prestando serviços domésticos a sua mulher.

De ONGs e ongueiros foi vítima o ex-ministro do Esporte Orlando Silva. Um ex-policial militar e presidente de entidade que tem convênios com a pasta acusou Orlando de receber propina na garagem do ministério. Loteamento político da pasta e problemas com ONGs no Programa Segundo Tempo também contaram para o afastamento do ministro.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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