domingo, 27 de novembro de 2011

Governo dividido sobre estímulo à economia

Fazenda quer a retirada das medidas de contenção ao crédito e corte maior de juros, já o BC prefere ir mais devagar

Gabriela Valente

BRASÍLIA. O mercado financeiro já fez um mea culpa e admitiu que o Banco Central (BC) estava certo quando começou a cortar em 0,5 ponto percentual a Taxa Selic em agosto. Agora, a dúvida é como estimular a economia para que a crise, que dá sinais de que será prolongada, não freie ainda mais o crescimento brasileiro. Os questionamentos não estão apenas entre os analistas, mas dentro do próprio governo. É neste clima de divisão que o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá esta semana para responder à principal questão: qual a velocidade ideal do corte de juros?

A calibragem tem de, ao mesmo tempo, evitar o impacto da turbulência global e aproveitar a janela de oportunidade da inflação - ou seja, antes que o aumento de 14,26% do salário mínimo, a ser concedido em janeiro, reacender a pressão inflacionária.

Há duas correntes no governo, segundo fontes do Palácio do Planalto. Uma defende que sejam retiradas as medidas de contenção de crédito que ainda estão em vigor, como depósitos compulsórios maiores. Só essa norma enxugou mais de R$60 bilhões do mercado de crédito brasileiro. A aposta é que essas medidas precisam cair para estimular a economia e, assim, seria mantido o ritmo de queda de 0,5 ponto dos juros básicos.

O BC,porém, acha que ainda é cedo para liberar o crédito e os compulsórios, mas analisa de perto os dados todos os dias.

Analistas não crêem em corte maior de juros

O primeiro grupo, encabeçado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, defende que os juros sejam cortados mais rapidamente e que sejam retiradas as medidas de contenção do crédito para acelerar a atividade. Essa posição ganha força nos bastidores - não apenas entre técnicos do governo, mas entre os economistas ouvidos pela equipe econômica.

No entanto, os analistas não acreditam num corte maior na próxima reunião do Copom, nos dias 29 e 30, diante do termo usado pelo BC e pelo próprio presidente do banco, Alexandre Tombini, de "ajuste moderado" na Taxa Selic.

- Houve uma substancial e generalizada deterioração do cenário internacional. Essa deterioração tem importantes e significativos impactos na dinâmica da atividade econômica e da inflação, por diferentes canais de transmissão, justificando a implementação de ajustes moderados na taxa básica de juros.

FONTE: O GLOBO

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