domingo, 25 de setembro de 2011

Rio: PMDB e PT não mantêm as alianças no estado

Casados nacionalmente, peemedebistas querem eleger 45 prefeitos e petistas, 25; haverá embate em 22 cidades fluminenses

Cássio Bruno e Marcelo Remígio

O PMDB quer reinar soberano nas eleições municipais de 2012 no Estado do Rio, nem que para isso passe com seu rolo compressor por cima do principal aliado nacional, o PT. Das 45 prefeituras que os peemedebistas estimam conquistar - a legenda tem hoje 35 -, em pelo menos 21 o PMDB e o PT estarão em lados opostos. O total é próximo à meta traçada, até o momento, pelos petistas para o ano que vem: concorrer como cabeça de chapa e vencer em 25 municípios.

A Baixada Fluminense e a Região Metropolitana são os alvos mais cobiçados por PT e PMDB, representando, juntas com a capital - onde os partidos fecharam aliança pela reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB) -, 74% dos cerca de 12 milhões de eleitores no estado. Os orçamentos das cidades também pesam na disputa. As áreas serão estratégicas para a eleição do próximo governador.

Mas o impasse pode aumentar até março, quando o PMDB fechará a lista de candidatos a prefeito. Em nove municípios os nomes ainda não foram definidos, podendo ou não haver alianças. Nos locais onde houve consenso, PMDB e PT se armam para a luta contra o PR, maior adversário no estado.

- O nosso adversário mais difícil será o PR. Fechamos algumas alianças com o PT. Mas onde tivermos chances de vitória, vamos lançar candidatos e buscar a vitória. Onde não há, ficamos com os partidos aliados e indicamos vices em algumas chapas - diz o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, evitando polemizar com os petistas ao apresentar uma lista de alianças, na qual PP e PDT superam a participação do PT.

Enquanto Picciani limita o combate à campanha, sem antecipar publicamente o confronto - nos bastidores, o cacique se mune de pesquisas de intenções de voto e avaliações de prefeitos feitas em todos os municípios, e de sua longa experiência em negociar alianças e filiações -, alguns petistas, que já se sentem ameaçados, não poupam críticas ao aliado nacional:

- O PMDB adora que o PT o apoie. Mas o PMDB detesta apoiar o PT. Esse embate acontecerá no resto do país porque os dois querem lançar candidaturas próprias para prefeito em todas as capitais, exceto no Rio, onde há aliança - diz um petista da executiva nacional.

Na capital, o PT indicou o vereador Adilson Pires para vice na chapa de Eduardo Paes. A decisão foi selada, recentemente, em um jantar, na casa do prefeito, com o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB); o presidente nacional do PT, Rui Falcão; o senador Lindbergh Farias (PT); e o presidente regional do PT, Jorge Florêncio.

Em troca da aliança, o PT exigiu do PMDB, inicialmente, o apoio a prefeitos petistas candidatos à reeleição. Entre as cidades estão Belford Roxo, Petrópolis, Paracambi, Conceição de Macabu e Silva Jardim. No entanto, somente em Paracambi o acordo foi fechado. Nas demais, o PMDB lançará candidatos.

Sem alianças em São Gonçalo, Niterói e Macaé

Número de eleitores e orçamentos definem prioridade de partidos

PMDB e PT não chegaram a um consenso em quatro municípios considerados estratégicos para os partidos: Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu e Campos. Em Niterói, onde o PDT lançará a candidatura à reeleição do prefeito Jorge Roberto Silveira, o PMDB terá a vaga de vice, deixando na estrada e sem apoio o candidato petista, o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves.

Em São Gonçalo, segundo maior colégio eleitoral fluminense, com cerca de 700 mil eleitores, o PT tem três pré-candidatos, entre eles o deputado estadual Gilberto Palmares.

- Vamos apoiar o PMDB no Rio. Por que eles não podem nos apoiar em outros locais? - questiona Jorge Florêncio.

- Prefeito com menos de 45% de aprovação ou rejeição superior a 25% não se elege. Candidato com poucas intenções de voto, também não. Vamos lançar ou apoiar quem tem chances - diz Picciani.

Em São Gonçalo, o PMDB lançará o deputado federal Edson Ezequiel. Mas fechou acordo com PSB, PPS e PRB. O partido que tiver o candidato com melhor densidade eleitoral até o ano que vem fica com a vaga.

Em Nova Iguaçu, o ex-prefeito Lindbergh Farias não apoiará a prefeita Sheila Gama (PDT), que foi sua vice. Ele já deixou claro que também não fará campanha para o candidato do PMDB, o deputado federal Nelson Bornier, dificultando um acordo entre os dois partidos. Lindbergh tem forte ligação com o candidato do DEM, Rogério Lisboa.

Campos é outra cidade que será palco de batalha, mas com a possibilidade de acordo no segundo turno. O PMDB apoiará Roberto Henriques (PSD), oferecendo tempo de TV na propaganda política, e o PT pretende lançar Mackoul Moussallem. Oposição à prefeita Rosinha Garotinho, os partidos firmaram acordo com o PCdoB e o PSD para que sejam lançadas várias candidaturas, forçando um segundo turno. As legendas se unirão em um possível embate contra Rosinha no segundo turno.

Apesar de o mapa eleitoral preliminar do PT estar concentrado em cidades com mais eleitores, municípios com orçamentos engordados pelos royalties do petróleo, como Macaé, também serão prioridades.

PMDB e PT seguirão separados em Macaé, Mesquita, Barra Mansa, Angra dos Reis, Parati, Maricá, São Pedro da Aldeia, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Vassouras, Bom Jesus do Itabapoana, Itatiaia, Paty do Alferes, Conceição de Macabu, Italva e Itaperuna.

FONTE: O GLOBO

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