quarta-feira, 21 de setembro de 2011

PT "baby face" :: Fernando de Barros e Silva

A eleição em São Paulo representa uma espécie de teste derradeiro para a ascendência de Lula sobre o PT.

Em âmbito nacional, o ex-presidente deitou e rolou. Elegeu Dilma, ampliou a bancada petista no Senado, mandou para casa líderes da oposição (como Tasso Jereissati, Arthur Virgílio e Cesar Maia), dobrou o PT onde foi preciso em favor do apoio a oligarquias locais, caso do Maranhão.

Em São Paulo não é exatamente assim. A tentativa de patrocinar a aventura de Ciro Gomes ao governo resultou em fiasco. Lançado de afogadilho, Mercadante já nasceu como candidato de segunda mão.

O cara agora é Fernando Haddad. Não é uma opção recauchutada nem, muito menos, um aventureiro. O calo do professor universitário (economista e filósofo) que trabalhou na gestão de Marta e virou ministro da Educação de Lula está no fato de ser político de menos. Nunca disputou um voto nem tem vivência partidária -e nisso se assemelha a Dilma.

Lula aposta que é justamente o efeito novidade que dá gás a seu pupilo. Numa campanha que pode contar com Gabriel Chalita (PMDB) e Bruno Covas (PSDB), teremos, quem sabe, uma invasão de "baby faces" no horário nobre da TV. Lula quer vender o seu como o ministro que colocou os pobres na universidade.

Anteontem, Haddad obteve o apoio da principal corrente interna do PT, majoritária no diretório nacional, mas não em São Paulo.

O ex-presidente trabalha agora para evitar a realização de prévia contra Marta. Na ponta do lápis, mesmo desgastada, a senadora ainda derrotaria Haddad na consulta interna se tivesse o apoio dos deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini, pré-candidatos.

Mas nada hoje indica que Marta arriscaria ir à luta sem a bênção que Lula já lhe negou. Ganharia a prévia para ficar na chuva. Mesmo com as resistências do partido, será uma enorme surpresa -e um trauma- se Lula não emplacar o seu professor.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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