quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Heloísa deve trocar PSOL por partido de Marina

Ex-senadoras selam aliança para disputa da Presidência em 2014

Alagoana critica Dilma e ironiza faxina; "Faz de conta que promove a limpeza para preservar o corpo putrefato"

Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - Sem espaço no PSOL, a ex-senadora Heloísa Helena decidiu embarcar no projeto de Marina Silva, que deixou o PV em julho e estuda criar um partido para se candidatar à Presidência de novo em 2014.

Elas ensaiaram a união ano passado, quando Heloísa quis ser vice de Marina, mas os socialistas vetaram a ideia para lançar a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio.

A alagoana renunciou à presidência do PSOL depois da eleição, e agora autorizou a amiga a usar seu nome no movimento suprapartidário que deve dar origem a uma sigla sob sua liderança.

A aliança seria formalizada ontem, em ato promovido por Marina em Brasília, mas Heloísa não pôde ir por problemas de saúde -ela se recupera de um possível AVC (acidente vascular cerebral).

"É um momento muito especial", disse à Folha, de Maceió. "Espero estar com Marina na construção deste processo, que poderá culminar, como acho que certamente acontecerá, numa organização partidária para 2014."

Heloísa disse não se sentir presa ao PSOL, que ajudou a fundar depois de ser expulsa do PT por negar apoio a reformas do governo Lula.

"Não tenho mais nenhuma relação mística com estruturas partidárias, como se elas fossem donas da verdade absoluta ou proprietárias das bandeiras ideológicas com que me identifico", disse.

A ex-senadora deve ser acompanhada por aliados como os presidentes estaduais do PSOL Jefferson Moura (RJ) e Edílson Silva (PE), que se reuniram ontem com Marina.

Heloísa ficou em terceiro lugar na corrida presidencial de 2006, com 6,5 milhões de votos. No ano passado, perdeu a eleição para o Senado por Alagoas. Ela é vereadora em Maceió e diz não saber se disputará a reeleição em 2012.

Ontem, ela quebrou o silêncio sobre o governo Dilma Rousseff, que comparou às gestões de Fernando Henrique Cardoso e Lula.

"É a mesma coisa. O mesmo fatalismo neoliberal na política econômica e a mesma metodologia da roubalheira política", atacou.

Heloísa ironizou a faxina promovida por Dilma, que afastou ministros e servidores acusados de corrupção.

"Acredito em fadinhas e bruxinhas, mas não acredito nisso. O sistema precisa que algumas partes podres sejam retiradas para que o odor não chegue de tal forma que a opinião pública queira destruir o sistema todo", afirmou.

"Ao longo da história, esta prática já foi usada muitas vezes. Faz de conta que promove a limpeza para preservar o corpo putrefato."

O ato promovido por Marina teve referências explícitas a uma nova campanha ao Planalto. "Sua candidatura fez bem ao Brasil, mas sua eleição para a Presidência fará bem ao planeta inteiro", disse o ex-deputado José Fernando Aparecido (ex-PV).

Também compareceram políticos de outros partidos, como os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT).

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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