quinta-feira, 29 de setembro de 2011

BC prevê crescimento menor e mais inflação em 2011

Expectativa para o PIB cai de 4% para 3,5%. Já a projeção para inflação subiu de 5,8% para 6,4% - quase no teto da meta, de 6,5%

Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa

SÃO PAULO - Depois da decisão de reduzir a taxa básica de juros em agosto, o Banco Central (BC) previu hoje menor crescimento da economia brasileira e inflação mais alta em 2011. No Relatório de Inflação do terceiro trimestre, divulgado na manhã dessa quinta-feira, o BC reduziu de 4% para 3,5% a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano.

"Ações de política implementadas desde o fim do ano passado e, principalmente, a deterioração do cenário internacional, que tem levado a reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos", diz o relatório BC para explicar a revisão do PIB.

Já a estimativa de inflação medida pelo IPCA (índice oficial do governo) em 2011 aumentou de 5,8% para 6,4%, no chamado cenário de referência utilizado pelo BC. Para 2012, o BC reviu a sua estimativa de inflação de 4,8% para 4,7%, no mesmo cenário. Dessa forma, pelos cálculos do BC, o IPCA ainda não irá convergir para o centro da meta de inflação, de 4,5%, no ano que vem. O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse no início dessa semana que essa convergência era possível. Pelos dados do BC, divulgados hoje, a inflação só chegará ao centro meta no segundo trimestre de 2013.

Queda dos juros

A possibilidade de convergência da inflação para o centro da meta começou a ser bastante questionada pelos analistas do mercado financeiro depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu, no fim de agosto, a taxa Selic de 12,5% para 12%, dando início ao processo de flexibilização da política monetária.

Essas são as primeiras projeções de inflação divulgados pelo BC depois da decisão do Copom que surpreendeu o mercado pelo tamanho do corte. No novo cenário do BC, o IPCA acumulado em 12 meses vai fechar o terceiro trimestre deste ano em 7,2%, caindo para 6,4% ao final do ano. Pelas projeções, o IPCA recuará para 5,7% no primeiro trimestre de 2012, caindo para 5,2% no trimestre seguinte; 4,7% no terceiro trimestre de 2012 e fechando o ano que vem em 4,7%.

Em 2013, o IPCA em 12 meses permanecerá em 4,7% no primeiro trimestre, caindo para 4,5% no segundo trimestre e mantendo-se em 4,5% no trimestre seguinte.

BC otimista

A estimativa do BC é mais otimista do que as previsões do mercado. A última pesquisa Focus do BC, que coleta estimativas de instituições financeiras e consultorias, projeta que o IPCA fechará 2011 em 6,52% e 5,52% em 2012.

De acordo com o BC, a probabilidade de a inflação estimada ultrapassar o teto da meta (de 6,5%) em 2011 subiu de 22% para 45%, no cenário de referência. Já no cenário de mercado, a chance de o IPCA superar o teto da meta neste ano avançou de 18% para 44%. Para 2012, essa probabilidade caiu de 14% para 12%, no cenário de referência.

O cenário de referência leva em consideração juros constantes de 12% e a taxa de câmbio de R$ 1,65.

Economia mundial

No relatório, o BC ainda repetiu a avaliação, divulgada antes na ata da reunião de agosto do Copom, de que a economia mundial terá "baixo crescimento" e "por um período de tempo prolongado". Esse cenário foi levado em conta na decisão de redução dos juros, destaca o documento.

O documento reconhece que atualmente "aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado". Entre os motivos que levam à essa persistência dos efeitos da crise, o BC relaciona as taxas de desemprego que "se encontram bastante elevadas", os preços dos ativos que "têm sofrido perdas substanciais" e a reduzida confiança de empresários e consumidores.

Além disso, o BC lembra que na maioria desses países há um "limitado espaço para utilização de política monetária", além de ocorrência de "restrição fiscal".

Nesse trecho do documento, o BC observa que, apesar de a demanda doméstica continuar "resiliente" na Ásia e na América Latina, "o ritmo de atividade tem moderado em função do enfraquecimento da demanda externa, do comércio exterior".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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