sábado, 20 de agosto de 2011

Tucanos reagem a apoio de FH à faxina de Dilma


ESCÂNDALOS EM SÉRIE

PSDB considera que tem que se opor ao atual modelo de gestão e insistir na criação da CPI da Corrupção

Adriana Vasconcelos
BRASÍLIA. O apelo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso para que o PSDB apoie a faxina ética que a presidente Dilma Rousseff está fazendo no governo desagrada aos tucanos e a outros integrantes da oposição no Congresso. O ex-presidente fez essa defesa na coluna Nhenhenhém, de Jorge Bastos Moreno, no dia 30 de julho. E teria reafirmado sua tese em conversas esta semana com dirigentes tucanos.

O líder da bancada do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), fez questão de ressaltar sua divergência em relação à estratégia sugerida pelo ex-presidente. Inclusive sobre a ideia de abandonar o esforço pela criação de uma CPI no Congresso, que também teria sido defendida por Fernando Henrique Cardoso.

- Parece-me que se trata mais de uma solidariedade de quem já foi presidente. De qualquer forma, eu discordo. O partido tem a missão de se opor a esse modelo de gestão causador de toda corrupção. E a instalação de uma CPI seria fundamental - afirmou o senador tucano.

Para ele, a presidente Dilma já tem uma base muito ampla no Congresso:

- Claro que isso nos causa constrangimento (a posição de FH). A presidente já tem muito partido apoiando seu governo, e foi exatamente por isso que ela decidiu lotear seu governo. Mas eu respeito a posição do ex-presidente.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), foi mais diplomático. Mesmo reconhecendo que Dilma tem tido uma postura diferente da adotada pelo ex-presidente Lula, o deputado tucano levanta dúvidas sobre a disposição da presidente de levar adiante uma faxina em seu governo.

- A presidente Dilma, ao modo dela, está se diferenciado de Lula, embora ainda não ache que ela esteja fazendo faxina alguma. Isso se daria apenas se a presidente decidisse dar tratamento igual aos desvios de conduta. Nada nos foi pedido, a não ser que fizéssemos uma oposição responsável. Por isso vamos prosseguir na nossa estratégia. A CPI não é do PSDB, nem da oposição, mas da sociedade - afirmou Duarte.

Oposição quer entrar na faxina via CPI

O secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), admitiu ser muito difícil para qualquer partido ou cidadão ficar contra medidas de combate à corrupção. Ele considera, no entanto, que a presidente Dilma não está fazendo tudo o que seria preciso para corrigir as irregularidades detectadas em seu governo:

- Não podemos dar um cheque em branco para a presidente, até porque ela vem usando dois pesos e duas medidas para lidar com as diferentes denúncias. Basta ver a diferença de tratamento dada aos problemas detectados no Ministério dos Transportes e no Ministério da Agricultura. Isso reforça a opção da presidente de manter uma base fisiológica.

Para o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), a CPI já ajuda a presidente Dilma:

- Estamos apoiando as ações da presidente Dilma de combate à corrupção, por isso defendemos a CPI. O que o ex-presidente Fernando Henrique está colocando não diverge do que estamos fazendo no Congresso.

- Considero que Fernando Henrique está correto, mas vamos insistir na CPI, pois consideramos importante que o Congresso entre nessa faxina - emendou o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO).

FONTE: O GLOBO

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