sábado, 13 de agosto de 2011

Fotos de presos provocam dura reação


Planalto e aliados dizem que vazamento é inaceitável; Cardozo pede investigação ao CNJ

A publicação de fotos de seis presos na Operação Voucher, incluindo o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Costa, e do ex-deputado Colbert Martins, causou forte reação em Brasília. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu ao STF que o Conselho Nacional de Justiça investigue o vazamento, que teria sido feito pela Polícia Civil do Amapá. A presidente Dilma discutiu o assunto com Cardozo. O Planalto considerou inaceitável a divulgação das fotos num jornal do Amapá. Aliados e advogados dos acusados também protestaram. Ontem, a Justiça Federal mandou soltar 16 presos. Oito deverão pagar fianças de R$ 109 mil a 163,5 mil, como prevê a legislação sancionada em maio, que mudou o Código Penal. Costa não poderá reassumir o cargo.

Fotos de presos causam indignação

Ministro da Justiça pede ao STF que CNJ apure o vazamento

Chico de Gois e Catarina Alencastro
BRASÍLIA. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, procurou ontem o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, pedindo que ele acione o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar e, se for o caso, punir o vazamento de fotografias de seis detidos na Operação Voucher. Peluso já acionou a Justiça do Amapá e o Ministério Público. Cardozo tratou do assunto ontem à noite em reunião com a presidente Dilma Rousseff.

O vazamento foi informado a Cardozo pela Polícia Federal. Segundo o Ministério da Justiça, a suspeita é que agentes da Polícia Civil do Amapá tenham entregue as fotos para o jornal "A Gazeta", de Macapá, que as estampou em sua primeira página na edição de ontem.

Nas fotos, aparecem sem camisa e segurando um cartaz com seus próprios nomes alguns presos: o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva Costa; o secretário de Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins; o ex-secretário executivo da pasta Mário Augusto Lopes Moysés (que aparece sem identificação); o diretor-executivo da Ibrasi, Luiz Gustavo Machado; Jorge Fukuda; e Sandro Elias Saad.

- É uma situação ofensiva à dignidade humana - disse o ministro José Eduardo Cardozo ao GLOBO.

Porta-voz da Presidência condena divulgação das fotos

Cardozo afirmou que, em sua função, nada pode fazer sobre o vazamento, uma vez que ele teria ocorrido por agentes estaduais. O CNJ vai atuar porque as fotos teriam sido vazadas por uma prisão estadual.

O porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena, também condenou a divulgação e classificou o episódio de inaceitável. O presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, mostrou-se indignado com o vazamento das fotos dos detidos. Para ele, o fato é uma humilhação a mais contra pessoas que, em seu entendimento, não são culpadas de nada:

- É uma humilhação a mais e desnecessária. Vivemos num estado de direito, e isso é uma violência. Não é por aí - declarou.

Raupp defendeu Colbert:

- Não encontraram nenhuma prova contra o Coulbert e por isso ele foi solto.

Para o presidente do PMDB, Colbert deveria entrar com uma ação de indenização por ter sido exposto. Ele disse que o PMDB irá defender a permanência do apadrinhado no cargo no Ministério do Turismo.

O advogado Renato Ramos, que defende Colbert e Frederico, também protestou. Disse que avalia que providências tomar, mas acusou a polícia de ter vazado o material:

- É um absurdo, inaceitável. Fiquei totalmente chocado com essa divulgação. O objetivo foi humilhar. Deve ter vindo da polícia. Ninguém mais tinha essas fotos. Com certeza, vamos tomar providências. Alguém tem que se responsabilizar. Isso traz prejuízo moral e psicológico. Essas pessoas têm família, o dano à imagem é irreparável, ainda mais feito assim, às vésperas do Dia dos Pais - reclamou.

FONTE: O GLOBO

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