sábado, 18 de junho de 2011

Folha registrou trajetória de FHC, da USP à Presidência

Acervo do jornal na internet reúne atuação do ex-presidente e sociólogo desde a oposição à ditadura até hoje, quando faz 80 anos

SÃO PAULO - A geração do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que completa 80 anos hoje, está na origem dos dois partidos que atualmente dominam a política brasileira -PT e PSDB, ocupantes da Presidência nos últimos 16 anos.

Essa geração, porém, foi afastada da academia no auge da ditadura militar -na USP, por exemplo, mais de 20 professores foram aposentados compulsoriamente em abril de 1969, meses depois de o AI-5 ter sido decretado.

Nos anos seguintes, sobretudo a partir da década de 70, a Folha ofereceria amplo espaço a esses intelectuais, seja como entrevistados, articulistas de seções como "Tendências/Debates" ou colunistas -casos do próprio FHC e de Florestan Fernandes (1920-1995), entre outros.

Todos esses artigos podem ser pesquisados no site do Acervo Folha (acervo. folha.com.br), que oferece a íntegra do jornal desde 1921.

O cerco aos professores da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP começou anos antes da aposentadoria compulsória, durante o governo de Castello Branco, o primeiro dos presidentes militares da ditadura.

Em 30/3/1965, a Folha informava que um promotor militar pedira a prisão preventiva de quatro docentes e um aluno da FFCL, acusados de "propaganda marxista e subversão". Os professores eram FHC, Florestan, o físico e crítico de arte Mario Schenberg (1914-90) e o filósofo João Cruz Costa (1904-78).

Tanto o futuro presidente -que, de 1964 a 1968, passou períodos no Chile e na França- quanto o físico seriam incluídos no expurgo de 1969, noticiado pelo jornal em 30 de abril de 1969.

CEBRAP

Ainda em 1969, alguns dos professores afastados pela ditadura fundariam o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) -instituição de estudos com verbas fornecidas por diversos organismos internacionais.

Nos anos seguintes, o Cebrap se tornaria um ponto de referência para o pensamento de oposição ao regime militar, e a Folha abriria suas páginas a colaborações de vários dos seus integrantes.

Em 6 de julho de 1972, o jornal deu espaço a uma palestra em que o economista Paul Singer -outro dos aposentados em 1969 e que viria a ser um dos fundadores do PT- questiona os dados da economia no período chamado de "milagre brasileiro".

Vários outros participantes do grupo inicial do Cebrap, como o próprio FHC, José Arthur Giannotti, Boris Fausto, Francisco de Oliveira e Roberto Schwarz, escreveram para a Folha de modo esporádico, frequente ou com regularidade, ao longo das décadas seguintes.

Com a abertura do final do regime militar, esses intelectuais iniciariam sua reinserção na vida política do país, de diferentes maneiras.

Em 1978, FHC disputaria o Senado pelo então MDB e ficaria como suplente de Franco Montoro, eleito por São Paulo. Quatro anos depois, Montoro se elegeria governador, e o sociólogo assumiria sua cadeira no Senado.

Era o início de uma carreira política que, passando pela implantação do Real (1º/ 7/1994), culminaria na Presidência, na estabilização da economia do país e em escândalos como o da acusação da compra de votos pela reeleição (13/5/1997).

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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