segunda-feira, 2 de maio de 2011

Fantasma da inflação ocupa palanque do 1º de Maio

Aécio acusa governo de omissão no combate à alta dos preços; em carta, Dilma diz que poder aquisitivo será mantido

Silvia Amorim

SÃO PAULO. A festa organizada pelas centrais sindicais, sob comando da Força Sindical, para comemorar o 1º de Maio ontem, em São Paulo, foi marcada por um embate entre governo e oposição sobre o retorno da inflação no país. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos líderes da oposição, acusou o governo de omissão na tarefa de evitar a escalada inflacionária. Ausente da comemoração por estar com pneumonia, a presidente Dilma Rousseff mandou mensagem, lida pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, garantindo que o poder aquisitivo do trabalhador não será afetado pela alta de preços.

"Não permitirei, sob nenhuma hipótese, que a inflação volte a corroer o poder aquisitivo dos trabalhadores", disse Dilma no texto lido por Carvalho.

Pouco antes, no mesmo palanque, Aécio pediu atenção dos trabalhadores para a postura do governo em relação à inflação. O tema é uma aposta do PSDB para desgastar o governo Dilma.

- Venho aqui, como companheiro da oposição, para dizer que vamos estar firmes denunciando a omissão do governo em relação ao retorno da inflação, que penaliza principalmente a classe trabalhadora - disse Aécio, que lançou provocações:

- Eu quero dizer aos petistas de todo o Brasil: apertem os cintos e sejam muito bem-vindos ao maravilhoso mundo das privatizações - disse Aécio, em entrevista, referindo-se a concessões de aeroportos.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, defendeu Dilma:

- Acho que vamos gerar mais de 2,5 milhões de empregos, chegando a 3 milhões. Nós vamos trabalhar para isso, controlando a inflação.

Foi a segunda vez em uma semana que Dilma reforçou publicamente o compromisso de controlar uma onda inflacionária. O centro da meta fixado pelo governo é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais, podendo chegar, no máximo, a 6,5%. A inflação acumulada dos últimos 12 meses chega a 6,3%.

Durante o ato político, promovido por Força Sindical, UGT, CGTB, Nova Central e CTB, parte da estrutura metálica de sustentação de um dos telões cedeu parcialmente, comprometendo a área destinada a deficientes físicos. O setor foi evacuado pelo Corpo de Bombeiros. Ninguém ficou ferido. Houve shows e sorteios de 20 carros. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu vaias ao iniciar o seu discurso, mas minimizou o fato, alegando ter partido de um "pequeno grupo".

A festa da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Centro de São Paulo, reunião menos de 300 pessoas. Foi promovida à tarde, sob chuva e no horário da semifinal do campeonato paulista de futebol. Em São Bernardo, o evento do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reuniu de cerca de 10 mil pessoas.

FONTE: O GLOBO

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