domingo, 1 de maio de 2011

Centrais disputam espaço e verbas no governo

Repasses de R$246,5 milhões do imposto sindical distribuídos nos últimos três anos estão em jogo

Leila Suwwan

SÃO PAULO. As festas de 1º de maio das centrais sindicais viraram palco para o início de uma guerra velada por poder e dinheiro entre sindicalistas. Depois de um curto namoro durante as eleições do ano passado - selado pela "pauta unificada" de reivindicações como a jornada de 40 horas e o fim do fator previdenciário -, as seis organizações já disputam publicamente uma queda de braço para ganhar espaço no governo Dilma Rousseff e manter suas estruturas de base e de financiamento.

Em jogo, estão os R$246,5 milhões do imposto sindical que foram distribuídos para CUT, Força, UGT Nova Central, CTB e CGTB nos últimos três anos.

CUT e Força divergem sobre fim do imposto sindical

De um lado, a CUT encampa o fim da contribuição obrigatória e da unicidade sindical. Do outro, Força, UGT, CTB, Nova Central e CGTB denunciam o que chamam de hipocrisia e arrogância da empreitada.

A CUT já celebra a indicação de seu vice-presidente, José Lopes Feijóo, para um cargo na Secretaria-Geral da Presidência. Na missão de interlocução entre Planalto e movimento sindical, esvaziaria o espaço do ministro Carlos Lupi (PDT) e, consequentemente, da Força Sindical. Na ausência da intermediação direta de Lula, Feijóo será uma voz cutista próxima à presidente. Ele aguarda apenas a confirmação no Diário Oficial da União.

- O imposto sindical é nocivo, responsável pela imensa pulverização de sindicatos. É ele que garante financiamento para sindicato que não funciona, porque tem recursos independentes e garantidos. Hoje é mais fácil fundar sindicato do que abrir uma microempresa - disse Feijóo.

A CUT também aposta na sua organização e primazia para desidratar as demais centrais. Ao encampar o fim da unicidade sindical como uma das bandeiras de seu 1ºde maio, por meio da ratificação da convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho, poderá ocupar espaços que hoje já são cativos, por lei, de sindicatos filiados a outras centrais.

Hoje, a legislação permite apenas um sindicato por categoria e cidade.

- O fim da unicidade na base é uma ideia ultrapassada, que vem da pós-guerra na Europa, quando havia uma situação sindical de muita divergência ideológica. Não é o caso no Brasil. Pode virar uma grande confusão, e prejudicar o trabalhador - disse João Carlos Gonçalves, o Juruna, da Força Sindical.

O secretário de Organização da CUT, Jacy Afonso, escreveu, em informe aos filiados, que a entidade é a "melhor" central e deve retomar a meta de ser a "única" representante dos trabalhadores no Brasil. Hoje, segundo dados do governo, tem 38% da representatividade do setor.

Colaborou: Geralda Doca

FONTE: O GLOBO

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