sexta-feira, 1 de abril de 2011

Guerra santa:: Fernando de Barros e Silva

"Sobre o PSD, o meu pai sempre me recomendava: filho, lembre-se de santo Antônio de Pádua. Se não puder falar bem, não diga nada". Foi assim que Geraldo Alckmin se referiu ao novo partido do prefeito Gilberto Kassab.

Com ironia cortante mas contida, associada ainda mais ao exemplo religioso, o governador marcou posição e fez um gol. Sua tirada "católica", com o perdão do santo, vale por dez insultos de arquibancada.

Kassab, por sua vez, parece empenhado em fazer um concurso contra si mesmo: qual sua frase mais desastrada sobre o PSD? "Não será um partido nem de direita nem de esquerda nem de centro" -essa é só a mais recente da coleção.

A reação do tucano à legenda anfíbia, que se oferece para todos os lados, atrás da melhor oportunidade, escancara de vez a cisão no atual bloco de poder em São Paulo.

Vice de Alckmin, o agora "social democrático" Guilherme Afif começou a ser fritado na Secretaria de Desenvolvimento. Fritura em fogo brando, à moda do chuchu.

Quem não está gostando desse enredo é José Serra, apontado como a única pessoa capaz de salvar a aliança Alckmin-Kassab em 2011. O tucano não admite disputar a prefeitura nem para a própria sombra. A menção ao assunto já o irrita.

Até por isso, Janio de Freitas foi certeiro ontem ao dizer ser difícil discernir se Alckmin falou "a favor ou contra Serra" ao defender, de forma explícita, que ele é o melhor ou único candidato em São Paulo.

Nessas condições políticas -e diante da performance de Kassab à frente da cidade-, não é à toa que o PT vislumbre desta vez uma janela de oportunidade maior para retomar o comando da capital paulista.

O partido hoje tende a achar que Serra, por imposição da realidade, será o adversário. Mas, como não se sabe, por ora não interessa ao PT atritar muito com Kassab. O prefeito é um potencial aliado, por cima, ou, mais provável, por baixo do pano. Como ensina Alckmin: se não puder falar bem, não diga nada.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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