quinta-feira, 21 de abril de 2011

Fusão, só depois das eleições

Permanência do governador Raimundo Colombo (SC) no DEM adia discussão para junção com o PSDB

Ivan Iunes

Uma possível fusão entre PSDB e DEM, caso ocorra, somente será definida depois das eleições municipais de 2012. A avaliação de tucanos e demistas é de que a união das duas legendas agora seria tragada pela popularidade de início de governo da presidente Dilma Rousseff. A fuga de parlamentares do DEM para o PSD reacendeu a discussão sobre a criação de um terceiro partido a partir da junção dos dois maiores oposicionistas. A disposição inicial do governador catarinense, Raimundo Colombo, de permanecer no DEM pelo menos até 2012 deixou as articulações em banho-maria.

O futuro de Colombo é tido como um divisor de águas dentro dos planos do DEM para os próximos quatro anos. Com a iminente saída do governador, a legenda ficaria com cerca de 30 deputados e apenas o governo do Rio Grande do Norte, musculatura considerada insuficiente para influir no jogo eleitoral. Sem o governador, caciques do partido como o presidente, senador José Agripino Maia (DEM-RN), e o líder na Câmara dos Deputados, ACM Neto (DEM-BA), estariam abertos a possíveis articulações para antecipar os planos de fusão com o PSDB. “A avaliação dos líderes era de que, com a saída de Colombo, o partido teria como único destino a fusão, caso contrário viraria um partido sem força. O destino seria inexorável”, avalia um ex-dirigente demista, de malas prontas para o PSD.

Entraves regionais

Para os tucanos, no entanto, o mais interessante seria formalizar um acordo apenas em 2013 para tentar capitalizar a fusão nas eleições nacionais e estaduais do ano seguinte. Por isso, a legenda entrou nas conversas entre Colombo e o PSD para tentar esvaziar o acordo sobre uma mudança de partido do governador. Pelo acordo que está sendo costurado, o catarinense só mudaria de legenda depois das eleições municipais. Caso isso ocorra, o prazo servirá para que os tucanos consigam convencer a parcela mais relutante do DEM a unir as duas legendas. Embora aliados nacionais, os dois partidos não conversam em pelo menos cinco estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Sergipe, Goiás e Rio de Janeiro.

Nesses locais, a palavra fusão é evitada a qualquer custo. “Não podemos ficar batendo cabeça. Independentemente de articulação de quem quer que seja, não vamos nos fundir”, defende o senador Demostenes Torres (DEM-GO). Para vários demistas, a desidratação do partido tem como principais articuladores o presidente de honra da legenda, Jorge Bornhausen, e o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. “Bornhausen faz trabalho subterrâneo, desleal, antiético. Assinou acordo de consenso em favor de Agripino e fez um jogo sujo, de descumprir palavras e riscar a sua biografia para aderir ao governo. O próprio Palocci ligou para as pessoas, e o governador de Amazonas (Omar Aziz) só assinou a filiação ao PSD depois que a presidente Dilma autorizou”, dispara o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO).

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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