quarta-feira, 20 de abril de 2011

Demissões em março atingem pior nível desde 1992

Emprego formal tem pior março desde 1992

Com carnaval, saldo de vagas cai 65% e demissões batem recorde de 1,67 milhão, informa Ministério do Trabalho

Geralda Doca e Henrique Gomes Batista

BRASÍLIA e RIO. O mercado formal de trabalho brasileiro amargou um mês de março ruim. Com o menor número de dias úteis devido ao carnaval, que este ano foi em março, o saldo de empregos com carteira assinada criados no país ficou em 92.675, numa queda de 65,21% em relação a 2010 e de 66,99% sobre o mês anterior, informou ontem o Ministério do Trabalho. Pesquisa divulgada pelo IBGE, porém, mostra um mercado de trabalho ainda muito aquecido: a taxa média de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país, incluindo o setor informal, ficou estável em 6,5% em março, no melhor resultado para esse mês na história do levantamento, que começou em 2002.

Pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, em março foram demitidos 1.673.247 trabalhadores, recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 1992. As admissões somaram 1.765.922. Desta forma, houve um saldo líquido de geração de vagas de 525.565 no primeiro trimestre - queda de 20% na comparação com igual período de 2010.

Em março, no setor de comércio, foram eliminados 3.817 postos de trabalho, sobretudo no varejo. O setor de serviços, de outro lado, foi o que mais contratou no mês: 60.309 pessoas com carteira assinada. A indústria da transformação foi a segunda maior geradora líquida de vagas, com abertura 14.448.

Ao divulgar os números do Caged, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que ainda não há uma desaceleração concreta do mercado de trabalho, apesar das medidas tomadas pelo governo para reduzir o ritmo de crescimento da economia e combater a inflação.

- Acredito que o mercado de trabalho vai continuar bastante aquecido. Pode ter um pequeno ajuste, mas nada que mude nosso rumo - afirmou o ministro, que manteve a meta de geração de três milhões de empregos formais em 2011.

Segundo Lupi, os dados do emprego em abril virão melhores, pois março teve praticamente "dez dias parados" devido ao carnaval. Com isso, as contratações antecipadas em fevereiro foram rescindidas no mês passado, disse Lupi.

IBGE: desemprego estável e alta de 3,8% no rendimento

Os números do IBGE mostram a taxa de desemprego praticamente estável - 6,5% em março, contra 6,4% em fevereiro. Mas, em relação a março do ano passado, quando a taxa estava em 7,6%, houve forte queda. Além disso, destaca Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa do IBGE, na média do primeiro trimestre, o desemprego ficou em 6,3% - resultado inferior à taxa média de todo o ano de 2010, que foi de 6,7%.

- E o dado de 2010 inclui o mês de dezembro, que foi muito positivo e jogou a média do ano para baixo - explicou.

Azeredo destacou ainda que houve ganho de renda e maior formalização no mercado de trabalho. O rendimento médio real ficou em R$1.557,00, o valor mais alto para o mês de março desde 2002, que representa incremento de 0,5% na comparação mensal e de 3,8% frente a março do ano passado. Do total de trabalhadores ocupados no setor privado, 48,2% tinham carteira assinada em março.

- Este é o maior número de formalização já registrado pela pesquisa - disse Azeredo.

O Rio registrou, em março, a taxa mais baixa de desemprego entre as regiões pesquisadas (4,9%) e o maior rendimento (R$1.678).

Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, a taxa de desemprego de março veio abaixo do esperado pelo mercado. Isso mostra que o bom momento do mercado de trabalho continua, o que deve reforçar o argumento para uma alta da taxa básica de juros, a Selic, que será decida hoje pelo Banco Central (BC).

FONTE: O GLOBO

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