domingo, 6 de março de 2011

MULHERES - Socorro Ferraz: “Poucas participam por vocação”

Na próxima terça-feira as mulheres festejam o seu Dia Internacional. No entanto, apesar de estar em crescimento, a presença feminina na política eleitoral ainda é tímida.

A historiadora Socorro Ferraz, diretora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE, avalia como “pouco significativa” a participação feminina na política. Mas destaca que a eleição de Dilma Rousseff tem um efeito positivo para o gênero.


JORNAL DO COMMERCIO – Como a senhora avalia a evolução da participação da mulher na política?

SOCORRO FERRAZ – Do ponto de vista partidário/eleitoral é pouco significativa, se levarmos em conta que, desde 1934, a mulher pode votar e ser votada. O fato de termos uma mulher presidente não nos permite afirmar que isto é fruto de uma grande participação feminina na política. O estereótipo da mulher brasileira, que participa da política, é que ela deve ter um perfil de gerente, que administra no grito como se fosse um sargentão. Poucas participam da política partidária no País por vocação. A eleição de Dilma é um fato positivo para o gênero feminino e, dependendo de sua atuação, poderá provocar algumas mulheres a participarem de forma mais efetiva na política.

JC – Muitas mulheres só ganham espaço na política partidária devido a relações de parentesco, por quê?

SOCORRO – A maioria da parentela feminina de políticos, eleita com tarefas determinadas por seus mentores, não ajuda à participação do gênero na política maior de uma sociedade. Isto é comportamento equivocado dos homens e mulheres, que muitas vezes desejam aparecer publicamente, levados por vaidade.

JC – Quais as bandeiras femininas atuais?

SOCORRO – Continuam as mesmas do início do movimento feminista: respeito ao ser feminino, igualdade de oportunidades no trabalho, nos estudos e na vida social, reconhecimento das nossas diferenças de gênero, sem galhofas sobre as nossas características, término da violência contra a mulher. Todas estas reivindicações podem ser desenvolvidas como algo positivo para a humanização das relações entre homens e mulheres e elas podem fazer parte da educação de todos, que se inicia na casa e na escola.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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