sexta-feira, 25 de março de 2011

Marina: PV quer sufocar democracia

Ex-senadora é contra permanência de José Luiz Penna à frente do partido

A ex-presidenciável Marina Silva divulgou artigo, ontem, em que critica a cúpula do PV. Segundo ela, os verdes tentam sufocar a "pouca democracia" que existe no partido. O descontentamento da ala de Marina com o comando da sigla é evidente desde que José Luiz Penna, presidente da legenda desde 1999, liderou manobra para manter-se no cargo por mais um ano, no último dia 17.

"Se deixarmos de lado a renovação política dentro do partido, acabou-se a moral para falar de sonhos, de ética, de um mundo mais justo e responsável com o meio ambiente. Podemos até continuar falando, mas soará falso, como voz metálica de robô".

Há especulações de que o grupo de Marina e do deputado federal Alfredo Sirkis, que faz oposição à ala de Sarney Filho (PV-MA) e do próprio Penna, poderia deixar o partido e fundar uma nova sigla. Segundo Sirkis, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", "há um clima de ódio contra o grupo de Marina".

A ex-senadora, no artigo publicado em seu site, afirma que não há entendimento entre as correntes partidárias.

"Não creio que o aprofundamento da democracia possa ser feito através da supressão, mesmo que temporária, da pouca democracia ainda existente", disse ela.

No artigo, Marina afirma que é preciso retribuir aos eleitores a credibilidade adquirida por ela e pelo PV ao longo da campanha eleitoral. "Precisamos honrar o crédito dessa expectativa, sob o risco de, eu e o PV, nos transformarmos em devedores de credibilidade, sonhos e esperança. Agora é o momento de mostrar com clareza e sinceridade que vamos saldar nossa conta".

De acordo com Marina, é hora de discutir a reestruturação do PV, "arejar a cultura política brasileira e apresentar propostas de desenvolvimento compatíveis com o que se espera no futuro, no século 21. Hoje, não há outro assunto mais importante do que esse, porque ainda não nos acertamos, nos detalhes, para seguir nessa direção. E, se não é esta a direção, estaremos nos desconstituindo enquanto promessa e negando a própria gênese do PV no mundo".

Segundo ela, "é impossível negar os problemas" do partido. "Esse novo jeito de fazer política requer enfrentar a crise geral pela qual passam os partidos, que de instrumentos de representação e avanço social cristalizaram-se como máquinas burocráticas, amorfas e voltadas para a conquista do poder pelo poder, muitas vezes não importando os meios, e abandonando a disputa programática pela simples disputa pragmática". Marina encerra o artigo afirmando que quer participar das discussões "para propor formas mais democráticas de organização partidária".

FONTE: O GLOBO

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