terça-feira, 22 de março de 2011

Do útil ao agradável:: Eliane Cantanhêde

Pobre oposição... é o que deve estar pensando quem viu Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso confraternizando na festa de 90 anos da Folha e, depois, a foto dos dois brindando quase carinhosamente na recepção a Barack Obama no Itamaraty.

Nada contra a civilidade, mas constata-se que a oposição está ficando claustrofóbica, sem espaço para se movimentar e respirar, e parece uma barata tonta com a criação do PSD, o novo partido de Gilberto Kassab.

Por mais que ele mande sinais amigáveis para os tucanos em São Paulo, seu alvo é atrair os descontentes nos partidos governistas e os aflitos na oposição para dar mais uma sigla de apoio ao Planalto.

Dilma, portanto, vai muitíssimo bem, obrigada, conquistando a simpatia de símbolos como FHC -a quem incluiu na mesa principal do almoço-, dividindo a oposição, imprimindo sua marca ao governo e gerando expectativas positivas até entre os 44 milhões que preferiram José Serra e não votaram nela.

Tudo isso não é à toa. Dilma herdou a boa vontade que a população tinha em relação a Lula, agregou doses de seriedade e compromisso com princípios e correu a aparar as arestas deixadas pelo antecessor -junto à imprensa e a grandes líderes, por exemplo.

Ou seja, ela juntou o útil ao agradável: capitaliza o fato de ser continuação de Lula, mas sem se contaminar com os erros e passando a percepção de que pode ser ainda melhor do que ele.

Assim, não surpreende que ela tenha conseguido no Datafolha inéditos 47% de aprovação no início de seu primeiro governo, comparáveis aos índices que o próprio Lula obteve apenas quando começou o seu segundo.

E aqui vai uma avaliação: afora a parte em que voltou ao palanque para badalar Lula, o discurso de Dilma foi mais concreto e político do que o blá-blá-blá de Obama tratando o Brasil como um menininho que tirou boa nota.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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