quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Por mínimo, pressa nos cargos para aliados

Na véspera da votação no Senado, Planalto promete agrados ao PMDB

Gerson Camarotti

BRASÍLIA - Na véspera da votação no Senado do projeto de lei que estabelece o salário mínimo de R$ 545, o Palácio do Planalto sinalizou para partidos aliados, inclusive ao PMDB, que vai agilizar os pleitos para o loteamento político dos cargos de segundo e terceiro escalões. Isso consolidou o clima de vitória do governo. Avaliação feita nesta terça-feira pela manhã, em reunião comandada pela presidente Dilma Rousseff, indicava uma maioria folgada que pode oscilar entre 54 e 59 votos. Os líderes trabalharão até o último minuto para reverter a tendência de votos contrários no PMDB dos senadores Roberto Requião (PR), Luis Henrique (SC) e Pedro Simon (RS). Jarbas Vasconcelos (PE) é tido como caso perdido.

No PMDB, a grande dúvida ainda era o futuro do ex-presidente da Eletrobras José Antonio Muniz, afilhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O partido pressiona para que ele seja o presidente da Eletronorte. Mas o Planalto tenta compensá-lo com uma diretoria da Eletrobras. Mesmo assim, o partido recebeu a sinalização de que várias indicações seriam atendidas. Entre elas, a do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima para a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.

Jucá: Dilma confia na base aliada

Outro nome que o Planalto sinalizou positivamente foi o do ex-governador José Maranhão (PMDB-PB) para a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa. Já o ex-governador Iris Resende (PMDB-GO) deve assumir o comando da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste). O problema, neste caso, é a demora na criação do novo órgão. Mas nem todos os pleitos foram atendidos. Há resistência para a nomeação do ex-senador Hélio Costa (PMDB-MG) para um cargo de visibilidade.

Na reunião desta terça-feira no Palácio do Planalto com ministros e o vice-presidente Michel Temer, Dilma recebeu um relato detalhado do mapa de votação desta quarta-feira no Senado, feito pelo líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR). O fato positivo foi a garantia de unidade da bancada do PT, com todos os 15 votos, inclusive do senador Paulo Paim (RS). No PMDB, ainda havia dúvida nos votos dos senadores Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE), Roberto Requião (PR) e Luiz Henrique (SC).

- A presidente Dilma Rousseff pediu rapidez na votação para sancionar o projeto ainda em fevereiro. Ela quer o novo mínimo em vigor no dia 1º de março. Da base de 62 senadores, vamos ter a garantia mínima de 54 votos. A presidente está confiando na base aliada - disse Romero Jucá.

Comportamento do PDT está na mira do governo

O Planalto decidiu concentrar forças na bancada do PDT, de quatro senadores. Houve um esforço para garantir o voto do senador Pedro Taques (MT). O governo foi avisado que o senador Cristovam Buarque (DF) não compareceria à sessão por estar de licença médica. Havia preocupação no partido com um voto contrário de Cristovam. No núcleo do governo, a avaliação é que a situação do partido poderia se complicar ainda mais se a bancada votasse rachada no Senado.

O PDT recebeu o recado do Planalto de que as demandas de cargos do partido foram para o fim da fila. Nesta quarta-feira, o ex-deputado Dagoberto (PDT-MS) deve ter um encontro com o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. O PDT pressionava para nomeá-lo presidente da Eletrosul. Mas agora a situação está incerta.

Na mesma situação estão o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT-AL), que cobiçava a presidência do Banco do Nordeste (BNB), do ex-deputado Pompeu de Mattos, cotado para uma diretoria do Banco do Brasil e do ex-senador Osmar Dias (PDT-PR), que foi indicado para a diretoria de agronegócio do Banco do Brasil.

- As nossas indicações estavam praticamente certas. Agora, vamos ter que esperar. Já teve um trabalho na Câmara, que reverteu parte dos votos da bancada. Espero que o comportamento da bancada no Senado acabe ajudando na votação - reconheceu Dagoberto, que foi líder do partido na Câmara no ano passado.

FONTE: O GLOBO

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