segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Esquerda petista critica ajuste e juros altos

Silvia Amorim

SÃO PAULO. O descontentamento de setores do PT e entidades historicamente ligadas ao partido com o início do governo da presidente Dilma Rousseff começa a sair dos bastidores e pautar o discurso da militância mais à esquerda. O foco de insatisfação é a área econômica, precisamente o corte de gastos para 2011 e a previsão de alta dos juros.

A Coordenação dos Movimentos Sociais, ligada à Central Única dos Trabalhadores, aprovou documento em que diz que as ações adotadas nos dois meses de governo "seguem num caminho diferente do apontado pelas urnas" e promete uma "jornada unificada de lutas" no primeiro semestre, em defesa de mudanças na política econômica.

Trechos do documento estavam até ontem no site da CUT. "As ações implantadas nesse início de mandato pela equipe econômica sob justificativas do controle da inflação e das contas públicas seguem num caminho diferente do apontado pelas urnas e reproduzem a pauta imposta pelos interesses do setor financeiro, sustentadas no Banco Central", diz o texto, que ataca "o aumento dos juros, o congelamento das contratações públicas, o contingenciamento de R$50 bilhões e o pouco diálogo no debate sobre o reajuste do salário mínimo".

Cerca de 80 dirigentes de entidades sindicais de 11 estados participaram do encontro. O presidente da CUT, Artur Henrique, classificou como retrocesso o corte de R$50 bilhões.

Setores do PT têm a mesma avaliação, principalmente nas alas mais à esquerda. Um dos fundadores do partido, Wladimir Pomar divulgou no site de uma das correntes do PT, a Articulação de Esquerda, artigo em que contesta as medidas para conter a inflação: "As medidas de contenção da inflação, através da elevação dos juros e do forte contingenciamento fiscal, podem ser ótimas se a política geral não se incomodar com a compressão do consumo e a continuidade da miséria."

FONTE: O GLOBO

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