sábado, 15 de janeiro de 2011

Sem reformas:: Valdo Cruz

Dilma Rousseff não deseja abraçar uma grande agenda de reformas durante seu governo. Avalia que o custo político é elevado e consome uma energia que deve ser mais bem utilizada.

A decisão é dela, presidente, mas não chega a ser consenso em seu governo. Tem gente em sua equipe que nutre a expectativa de que ela ainda mude de opinião.

Até aqui, Dilma adiantou que não pretende enviar uma reforma da Previdência ao Congresso, deixará a tarefa de fazer a da política com o Legislativo e vai propor a tributária em fatias.

Ou seja, nessa área, pouco muda em relação ao governo Lula, que também não quis enfrentar esses temas espinhosos no Congresso. Preferiu fazer mudanças pontuais, sem grande sucesso.

Em seu time, há quem defenda, por exemplo, que ela apresente uma reforma da Previdência com foco na geração futura, criando soluções de médio prazo para o sistema. Nada mudaria para quem está no mercado de trabalho.

A avaliação é que, hoje, apesar do deficit no sistema previdenciário, que pode ter batido nos R$ 45 bilhões no ano passado, a situação é administrável. Mas não será no médio prazo. Pelo contrário, pode se tornar insustentável.

Evitar esse caos no futuro, com certeza, é tarefa de quem está hoje no governo.

Mal comparando, é o caso das tragédias no Rio. A situação atual de calamidade é reflexo da inação do passado.

No caso da reforma política, deixá-la para o Congresso, sem o envolvimento do Executivo, é o mesmo que sepultá-la. Logo essa reforma, considerada por muitos a mãe de todas as reformas. Inclusive por petistas hoje no ministério.

Dilma deveria refletir um pouco mais sobre o tema. No caso da reforma política, a presidente teria só a lucrar. Quem sabe não poderia tornar bem mais barato aprovar projetos no Congresso. Ela, porém, parece cética sobre o futuro dessas batalhas no Legislativo.

(Publicado na Folha de S. Paulo)

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