sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Reflexão do dia – Itamar Franco

" (...) Será que Minas vai aceitar que, de repente, uma voz do além, junto com a sua candidata ventríloqua, venha dizer a nós... Esqueceram os outros presidentes da República, e nós somos tantos presidentes da República. Nós poderíamos rememorar, basta saber história, e eles não sabem muito história."

(...) Será que nós em Minas vamos aceitar que se diga 'nunca antes' e que nós vamos esquecer do que o presidente Kubitschek fez por Minas e pelo Brasil na hora do nosso voto?

(...) Não adianta dizer em um tom amistoso: 'Eu não vou privatizar a Petrobras, eu não vou privatizar o pré-sal'. Mas tem que ser em um tom mais forte: 'A senhora está mentindo!'.
"


(Itamar Franco, anteontem, em, Juiz de Fora/MG)

A quem serve a PTrobras? :: Roberto Freire

DEU NO BRASIL ECONÔMICO

Como sabemos a Petrobras é uma empresa de capital aberto (sociedade anônima), cujo acionista majoritário é o governo do Brasil (União). Uma empresa estatal de economia mista, fundada em 3 de outubro de 1953 e sediada no Rio de Janeiro, fruto da luta de vários segmentos da sociedade brasileira, com destacada atuação dos comunistas, do então PCB, que sempre a perceberam como uma empresa estratégica para o desenvolvimento do Brasil.

No entanto, nos governos Lula, infelizmente a empresa transformou-se em PTrobrás, instrumento ideológico de propaganda demagógica de um tipo de economia, cuja matriz pode ser identificada no período do ex-presidente Geisel, de triste memória, e um luxuoso cabide de empregos dos "companheiros" e sua base aliada.

Desde essa época os militares trabalhavam com a ideia de "Brasil potência", tendo as empresas estatais como carro-chefe de um tipo de economia conhecida na ciência econômica como "capitalismo de Estado".

Uma economia baseada em uma forte intervenção do Estado, onde este esforça-se para desenvolver as forças produtivas, de forma distinta da defendida pelo liberalismo.

No governo FHC, que o antecedeu, foram desenvolvidas mudanças importantes na Petrobras, no bojo de medidas que garantiriam a estabilização da nova moeda, o real, com a aprovação pelo Congresso da quebra de seu monopólio de exploração das jazidas petrolíferas, o que abriu a possibilidade de centenas de empresas investirem no setor.

É importante frisar que todas as reservas minerais e petrolíferas ficaram sob domínio da União, como definido pela Constituição. O que se modificou foi apenas o tipo de exploração, por meio de concessões que possibilitaram que empresas privadas participassem da exploração de petróleo, que por meio de contrato exploravam determinadas áreas.

Esse novo modelo foi elogiado por todos os que atuavam no setor e incrementou as indústrias cuja produção tinha como finalidade o equipamento para prospecção, o transporte e refino do petróleo, dinamizando regiões e setores econômicos, com um crescente fortalecimento da Petrobras e de sua capacidade tecnológica, por conta da concorrência.

No poder, no entanto, o governo do PT fez durante vários anos uma campanha sistemática contra as privatizações ocorridas no período FHC.

Privatizações que viabilizaram o real e abriram as portas para a modernização de nossa economia, sem onerar o Estado, que poderia, a partir de então, concentrar-se em sua função precípua, de melhoria das condições de vida de nosso povo, como tem acontecido desde então.

Agora, mais uma vez, o governo Lula e a candidata de sua sucessão utilizam-se do velho discurso nacionalista para "denunciar" a mentira que a Petrobras seria privatizada por um futuro governo Serra.

A questão que se coloca para todos nós é: a quem serve a PTrobras no governo Lula? À sociedade ou aos "companheiros" escolhidos para dirigí-la? Essa é a questão que a cidadania deve responder em 31 de outubro.


Roberto Freire é presidente do PPS

Sobre farsas :: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

Não satisfeito de ter transgredido todas as normas legais relativas à campanha eleitoral no afã de eleger a candidata que tirou da cartola, o presidente Lula na reta final da eleição perdeu qualquer vislumbre de constrangimento que porventura ainda tivesse e passou a fazer campanha política 24 horas por dia, antes, durante e depois do expediente oficial de presidente da República, em todas as dependências oficiais do governo.

E participou diretamente nos dois últimos dias de duas das mais vergonhosas tentativas de farsas políticas da história recente do país.

Ontem, ele se despiu dos rigores do cargo e assumiu o papel do cabo eleitoral mais energúmeno que possa haver.

(Antes que algum petista desavisado ache que estou xingando Sua Excelência, devo esclarecer que utilizo o termo energúmeno no sentido de "fanático". A palavra parece um palavrão, mas não é.

Na coluna de ontem, escrevi que Serra fora atingido por um "artefato" e houve petistas exaltados que vissem no termo um sentido alarmante que ele não tem. Usa-se a palavra para definir "qualquer objeto manufaturado". Como não sabia o que havia atingido o candidato tucano, usei a palavra. E acertei, como veremos).

Voltando ao caso, o cabo eleitoral Lula da Silva disse que a agressão sofrida por Serra era uma "mentira descarada".

Segundo ele, depois de ver imagens das redes Record e SBT, ficou convencido de que Serra fora atingido por uma bolinha de papel e seguiu caminhando por mais 20 minutos, quando recebeu um telefonema "de algum assessor da publicidade da campanha que sugeriu parar de caminhar e pôr a mão na cabeça para criar um factoide".

Para encerrar o festival de irresponsabilidades, Lula comparou o caso ao do goleiro chileno Rojas, que fingiu ter sido atingido por um rojão num jogo contra o Brasil.

Ontem, o Jornal Nacional demonstrou, com o auxílio de um perito, que quem criou um factoide com claros objetivos políticos foram as reportagens que montaram dois momentos diferentes como se fossem uma sequência, tentando desqualificar o que foi uma atitude política digna dos regimes fascistas.

Serra foi atingido, sim, por uma bobina de papel crepe (o tal "artefato") que, arremessado com força, pode provocar danos graves na pessoa atingida.

A agressividade dos cabos eleitorais petistas em si mesma já era motivo para preocupação, pois em democracias não é aceitável que grupos tentem impedir outros de se manifestar.

Desse ponto de vista, é lamentável o que ocorreu ontem em Curitiba, quando a candidata oficial foi recebida com bolas de água jogadas de cima de prédios. Se atingissem alguém, elas seriam tão perigosas quanto o "artefato" que atingiu Serra.

O que não é comparável é a origem dos dois fatos. O primeiro foi uma ação política orquestrada com a intenção de agredir o candidato oposicionista. A outra é uma irresponsabilidade.

Na quarta-feira, Lula havia anunciado para os jornalistas a conclusão de um inquérito que a Polícia Federal realizou sobre a quebra de sigilo fiscal de parentes e pessoas ligadas ao candidato da oposição José Serra.

O próprio presidente, depois de ter tentado desqualificar as denúncias sugerindo que se tratava de uma ação eleitoreira de Serra, viu-se obrigado a convocar a Polícia Federal para investigar o caso.

Soube em primeira mão o resultado do inquérito e pareceu satisfeito, tanto que anunciou aos jornalistas, sem que fosse perguntado, que a Polícia Federal iria revelar "a verdade dos fatos", que nada tinha a ver com "as versões".

De fato, a Polícia Federal retirou todo caráter político da investigação, e anunciou que o responsável pela compra dos sigilos quebrados era o jornalista Amaury Ribeiro Junior quando ainda trabalhava no jornal "Estado de Minas".

O PT passou então a espalhar a versão de que se tratava de uma briga interna dos tucanos, e que o serviço sujo fora feito para ajudar Aécio Neves na disputa interna com Serra pela indicação a candidato do partido a presidente.

A suposição era de que o jornal "Estado de Minas" mantinha estreita ligação com Aécio e designara seu repórter investigativo para devassar a vida de seu adversário.

O próprio Amaury Ribeiro Junior disse que fizera os levantamentos "para proteger Aécio", mas em nenhum momento afirmou que fora designado pelo jornal para tal tarefa, apenas insinuava o vínculo.

Não bastou que o jornal e Aécio desmentissem essa hipótese, a rede de intrigas petista passou a anunciar como verdade o "fogo amigo" tucano como gerador da quebra dos sigilos fiscais.

Pois ontem a verdade veio à tona: o jornalista não estava mais trabalhando para o "Estado de Minas" quando encomendou a quebra de sigilo dos parentes de Serra e de pessoas ligadas a ele no PSDB, e agora acusa o petista Rui Falcão, coordenador da campanha de Dilma, de ter roubado os dados de seu computador.

Esses dados, juntamente com a informação de que havia sido criado um grupo de espionagem dentro da campanha, foram vazados para a imprensa em decorrência de uma disputa de poder entre Fernando Pimentel, responsável pela contratação dessa equipe de "jornalistas investigativos" para trabalhar no "setor de inteligência" da campanha, e Rui Falcão.

Agora a Polícia Federal tem a obrigação de prosseguir nas investigações para saber quem financiou o jornalista Amaury Ribeiro Junior desde a compra dos sigilos até que surgisse oficialmente como membro da campanha dilmista no tal "setor de inteligência".

Do jeito que as coisas ficaram, a sensação é de que a Polícia Federal foi usada pelo governo para revelar, às vésperas do segundo turno da eleição, apenas informações que prejudicassem o campo oposicionista.

A nota indignada do diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, repudiando o uso político das investigações, só pode ser considerada se a atitude da Polícia Federal corresponder a ela, o que não aconteceu até agora.

Brincadeira tem hora:: Dora Kramer

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Em primeiro lugar, o presidente Luiz Inácio da Silva é a última pessoa com autoridade moral para falar em farsas ou em "mentira descarada", visto que é protagonista da maior delas: a falácia segundo a qual recebeu uma "herança maldita" e que estabilidade econômica, a abertura do Brasil para o mundo, o crescimento e a entrada de milhões do mercado consumidor deve-se exclusivamente ao seu governo.

Há pouco seu governo inteiro junto com sua candidata à Presidência produziram "mentiras descaradas" ao repudiarem as denúncias de que havia na Receita quebras de sigilo fiscal de adversários políticos e que um esquema de tráfico de influência e corrupção estava montado a partir da Casa Civil.

Lula também se precipitou ao atribuir as quebras de sigilo a uma "briga de tucanos". Baseava sua tese no fato de o mandante ser repórter do Estado de Minas sem saber que à época Amaury Ribeiro estava em férias a serviço de outrem.

O presidente da República dá razão ao antecessor que o chama de "chefe de uma facção", quando escolhe insuflar a violência no lugar de contribuir para apaziguar os ânimos.

É o que faria um estadista.

Justiça se faça, Lula não ficou só em sua tentativa de ridicularizar o episódio. Muitos na imprensa partiram para ironias, achando um exagero a reação de José Serra atingido, afinal, só por "uma bolinha de papel".

Foram duas imagens captadas em dois momentos diferentes, comprovou-se ao longo do dia.

Mas, ainda que o candidato tucano tenha feito drama, continuam sendo inaceitáveis os ataques de militantes contrariados com a passagem do tucano pelas ruas de Campo Grande (RJ). Brincar com isso é má-fé, tratar como banal a violência eleitoral e, sobretudo, não entender o valor em jogo.

Impedir um ato de campanha com tumultos é violência. Bem como foi violência atirar um balão cheio de água sobre o carro onde estava a candidata Dilma Rousseff ontem em Curitiba. O balão não a atingiu, mas poderia ter atingido. Ainda assim resta a intenção: agredir.

O presidente da República condenará uma violência, mas aprovará a outra? Ou dirá que estava apenas condenando o "teatro" do adversário? Nisso não é crítico autorizado.

É partícipe e mesmo condutor de uma caminhada em direção ao retrocesso: a nos tornarmos permissivos com o uso da violência na política, assim como já estamos no rumo de revogar a integralidade do preceito do livre pensar.

Ovos da serpente. É assim que começa: a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou projeto de um conselho para atuar entre outras funções no "exercício fiscal sobre a prática da comunicação".

Em Goiás, a TV Brasil Central, do governo do Estado, não pode entrevistar adversários políticos.

O projeto de controle da mídia foi iniciativa de uma deputada estadual do PT cearense, aprovado por unanimidade, e ainda precisa passar pelo crivo do governador Cid Gomes.

A censura foi denunciada, num gesto inédito, ao vivo pelo jornalista Paulo Beringhs, proibido de entrevistar o candidato ao governo Marconi Perillo (PSDB), chamado no dia anterior de "mau caráter" pelo presidente Lula em palanque.

Liberdade e luta. Já que Chico Buarque puxou o assunto ao manifestar seu encanto com o fato de o governo Lula "não falar fino com Washington nem falar grosso com Bolívia e Paraguai", vamos ao fato: o governo brasileiro não deveria é falar fino com ditaduras.

Aliás, o mundo da cultura, que sofreu pesadamente os efeitos da durindana local, nos últimos anos não se incomodou - se o fez não foi em voz alta - com a maleabilidade das vértebras do presidente Lula diante de tiranos.

A complexidade das relações exteriores não cabe em um jogo de palavras. Já a condenação aos crimes das ditaduras às quais o Brasil se dobra para espanto do mundo requer apenas dois atributos: coerência e solidariedade.

Independentemente da opinião eleitoral.

Do ponto de vista democrático:: Raimundo Santos

(O artigo será postado mais tarde, neste espaço)

Campeonato de "bolinha de papel" :: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - O país está praticamente dividido ao meio desde o início do segundo turno, mas os vermelhos estão aumentando, os azuis vão perdendo o fôlego e os verdes continuam sendo o diferencial.

Dilma Rousseff disputa um campeonato de times, como se fosse de vôlei, basquete, futebol. Transformou "o nosso governo" e "o presidente Lula" no seu partido (ou time) e investe no "nós contra vocês". Compara governos e épocas.José Serra está numa competição do tipo tênis, nado livre ou salto em altura. Refere-se a um sonhado "governo de união nacional" com "todas as forças políticas" e faz campanha na base do "eu contra você". Confronta biografias e feitos.

O peso de Marina Silva no primeiro turno reflete-se agora na força do seu eleitorado, que veste a camisa verde, apesar de não ser necessariamente "verde".

E foi aí que Dilma ganhou e Serra perdeu impulso segundo o Datafolha de hoje. Dilma cresceu oito pontos no espólio de Marina, indo de 23% a 31%, enquanto Serra diminuiu cinco pontos, de 51% para 46%. Mais uma vez, o atleta Serra colheu apoios no varejo -Gabeira no Rio e Feldman em São Paulo- enquanto o time de Dilma foi no atacado: a bancada do PV.

Na reta final, Dilma e Serra se concentram no Sul e no Sudeste, com seus imensos eleitorados, julgando ambos que o eleitorado do Norte e Nordeste está cristalizado a favor de Dilma. Ela não teria muito mais a fazer. Ele acha que não tem nem teria como romper a barreira. Mas foi justamente aí e no Centro-Oeste que a petista continuou crescendo e conquistou apoios que inflaram a diferença de 8 para 12 pontos nos votos válidos.

Serra tem programa de TV bem avaliado e foi considerado melhor no último debate. O que mais poderia fazer? Seu problema é menos a adversária e mais o time e a técnica de Lula, capaz de querer "exterminar" competidores e de atingir a própria credibilidade jogando sujo com uma "bolinha de papel".

Fernanda Cunha no programa do Ronnie Von (Último desejo- Noel Rosa)

Uma questão de caráter:: Editorial – O Estado de S. Paulo

Na reta final do segundo turno da eleição presidencial a baixaria se generaliza. É impossível determinar até que ponto o lamentável rebaixamento do nível do que deveria ser um debate político esclarecedor deve-se à ação direta dos comandos das campanhas.

Certamente, boa parte dessa guerra suja pode ser debitada à iniciativa irresponsável de militantes extremamente agressivos, de ambos os lados, que, principalmente pela internet, lançam mão das mais torpes mentiras para atacar os adversários. Mas há também o horário gratuito na mídia eletrônica, que nos últimos dias vem sendo usado cada vez mais para veicular ataques e acusações. E assim, tudo considerado, não há como eximir de culpa os responsáveis pela condução das campanhas. É tudo muito lamentável e a constatação a que se acaba chegando, com benevolência, é a de que este é, infelizmente, o tributo que se paga à imaturidade política e à fragilidade dos valores democráticos da sociedade brasileira - problemas que muitos julgavam já superados. Somos, portanto, todos responsáveis.

A responsabilidade, porém, deve ser atribuída com peso proporcional à importância de cada um dos atores da cena política. E é aí que assoma o triste papel que vem desempenhando - na verdade, desde sempre - o presidente da República. Lula, que é, reconhecidamente, quem dá o tom da campanha da candidata do PT, não hesita em partir para a agressão sempre que se vê contrariado. E não mede palavras quando parte para o ataque. Nada mais natural, portanto, que seu exemplo de agressividade seja seguido pelos militantes petistas. Até com agressão física, como a que ocorreu em Campo Grande, no Rio de Janeiro, contra o candidato tucano José Serra.

Depois do susto do primeiro turno, o homem que se considera o inventor do Brasil resolveu partir para o tudo ou nada contra aqueles que elegeu como seus principais inimigos: a oposição e a imprensa. Na verdade, ele gosta de achar que uma e outra são a mesma coisa, mas isso faz parte da tática de confundir para dominar.

Na entrega dos prêmios "As empresas mais admiradas do Brasil", ao qual compareceu a convite da revista semanal promotora do evento, Lula pontificou: "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país. A covardia é muito grande." Pouco lisonjeiro para a "classe política", certamente. Mas qual será o significado real dessa exortação?

Mais uma ameaça à imprensa que não lhe rende loas? De fato, Lula tem uma visão muito peculiar de qual deva ser o papel dos veículos de comunicação. Foto e exaltação a Dilma Rousseff na capa do jornal da CUT pode. Crítica ao PT na capa da revista Veja é "acinte à democracia e uma hipocrisia". A indignação do presidente parece resultar de que boa parte dos jornais, revistas, rádios e televisões se nega a atender ao pouco que ele pede: "A única coisa que quero que digam é a verdade. Sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Mas, quando cada um tem a sua própria verdade, Lula quer que fiquemos sempre com a dele.

Por exemplo, em comício realizado dias atrás em Goiânia, ao lado de sua escolhida para governar o Brasil, Lula ensinou: "Política a gente não pode fazer com ódio, com agressão. Ninguém aguenta mentira. Não tem nada pior do que um político mau caráter, alguém que não colocou um trilho na ferrovia dizer que ele fez a ferrovia", disse, referindo-se ao candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo.

Claro que não se dá conta de que, partindo para a xingação pura e simples, está liberando os seus "balilas" do Rio de Janeiro para a agressão física. Em caso algum se pode admitir que um presidente da República insulte adversários políticos do alto de um palanque eleitoral. No caso de Lula, porém, a coisa é mais grave, considerando-se que se cercando das companhias de que se cercou para constituir maioria no Congresso, que autoridade moral tem para acusar alguém de mau-caratismo?

Como cidadão, Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de tomar partido no processo de sua sucessão - até inventando, como fez, a candidata. Como presidente, tem o dever de se comportar com a dignidade e a moderação que seu cargo exige. Não faz isso, por uma questão de caráter.

Coordenador de Dilma 'roubou' dados de sigilo, acusa jornalista

DEU EM O GLOBO

Informações seriam destinadas a grupo de "inteligência" da campanha da petista

Acusado de ser o mandante da quebra de sigilo fiscal de tucanos e pessoas ligadas a José Serra, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior disse à Policia Federal que o coordenador de comunicação da campanha petista, o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), furtou dados sigilosos de seu computador e entregou-os à campanha de Dilma Rousseff. Falcão nega as acusações. Em depoimento à PF no dia 15 de outubro, Amaury disse que os dados seriam utilizados por um grupo de inteligência que estava sendo preparado pela pré-campanha petista. O jornalista afirma que, quando o furto aconteceu, estava hospedado no apartamento do responsável pela administração de gastos da campanha petista. Segundo investigadores da PF, Amaury teria dito que levantava as informações para se contrapor a uma investigação de serristas sobre, Aécio Neves - mas isso não consta no depoimento de 15 de outubro. Amaury hoje é funcionário da TV Record.

"Furto amigo" no PT

Coordenador de campanha de Dilma é acusado de ter furtado sigilo de tucanos por jornalista

Roberto Maltchik

Em depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 15 de outubro, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., que encomendou a quebra do sigilo fiscal de tucanos e de familiares do presidenciável José Serra (PSDB), afirmou que o coordenador de comunicação da campanha da petista Dilma Rousseff, o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), furtou as informações sigilosas de seu computador pessoal e permitiu que os dados fossem levados para dentro da campanha petista. O dossiê, de acordo com o jornalista, seria utilizado por um grupo de inteligência que estava em gestação na pré-campanha de Dilma. A equipe, liderada pelo jornalista Luiz Lanzetta, foi extinta após a revelação de sua existência, no começo de junho deste ano. Rui Falcão nega as acusações.

Segundo o depoimento de Amaury, o material foi copiado por Rui Falcão em um flat no hotel Meliá Brasília, um dos mais luxuosos da capital. Ainda de acordo com o jornalista, Rui Falcão tinha a chave do quarto, pois ele já teria utilizado o mesmo apartamento antes.

Amaury estava hospedado no quarto 1419, cujo proprietário é Jorge Luis Siqueira, funcionário da empresa Pepper, que presta serviços à campanha de Dilma. A campanha da petista argumenta que Jorge não trabalha para a candidata, mas para "uma empresa que presta serviços ao comitê".

Amaury afirma, no depoimento, "ter certeza de que tal material foi copiado por Rui Falcão, pois somente ele tinha a chave do citado apartamento, pois já havia residido no mesmo, tendo o declarante verificado que o nome de Rui Falcão constava da portaria do hotel como sendo o ocupante daquela unidade".

Amaury também afirmou que "nunca entregou tal material a qualquer pessoa e acredita, com veemência, que o mesmo foi copiado de seu notebook, quando ocupava um apartamento do hotel, de propriedade de Jorge, cujo sobrenome não se recorda, mas esclarece ser o responsável pela administração dos gastos da casa do Lago Sul e da campanha de Dilma Rousseff."

Jornalista não mencionou Aécio

Os investigadores da Polícia Federal garantem que Amaury Ribeiro Jr.disseram que estava levantando as informações contra José Serra porque havia indícios de que um grupo de arapongagem ligado ao ex-governador de São Paulo estaria investigando Aécio Neves, à época cotado para ser o candidato tucano à Presidência. No entanto, no depoimento prestado à PF em 15 de outubro, Amaury diz que existe um grupo de inteligência tucano, comandado pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-SP), mas não cita o nome nem faz menção ao ex-governador de Minas Gerais. Afirma que ouviu relatos de que o grupo tucano "estaria adiantado" em relação aos petistas e que, por isso, seria importante que a campanha de Dilma também tivesse seu próprio núcleo de inteligência.

Em agosto e setembro, Amaury negou, em dois depoimentos à PF, que tivesse violado os dados fiscais de quaisquer contribuintes. No entanto, após ser confrontado com o depoimento do despachante Dirceu Garcia, intermediário de Amaury na Receita Federal em São Paulo, revelou os detalhes de sua versão para a ação ilegal. Ele afirmou que levantou informações do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros tucanos e familiares de Serra, entre eles a filha Verônica, como parte de uma investigação de "mais de dez anos", que foi concluída antes de ele pedir demissão do jornal "Estado de Minas", em 15 de outubro de 2009.

No período em que os dados sigilosos foram violados, Amaury gozava férias e teve suas passagens pagas, segundo o "Jornal Nacional", da Rede Globo, por Marcelo Augusto Oliveira, funcionário do jornal mineiro. As passagens foram faturadas pela agência de viagens Primus, que presta serviços ao "Estado de Minas". Na época em que o grupo de arapongagem estava sendo montado na pré-campanha de Dilma, Rui Falcão e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) travavam uma batalha por poder no núcleo da campanha. Rui Falcão é sócio da Marka, empresa que presta serviços à campanha no estado de São Paulo.

Questionado sobre o conflito no QG de Dilma, Pimentel informou, via assessoria, que o assunto já surgiu em outro momento da campanha e negou rusgas com Rui Falcão. Ele acrescentou desconhecer o relacionamento de Amaury e Luiz Lanzetta com o deputado paulista.

No depoimento, Amaury relata ainda que ouviu de Lanzetta o relato sobre uma dura conversa com um representante da Marka. Lanzetta desconfiava que informações sigilosas da campanha estavam sendo levadas à imprensa, num típico caso de "fogo amigo".

Amaury Ribeiro Jr. ainda relatou aos investigadores que ficou sabendo que as informações extraídas ilegalmente do Fisco a mando dele foram parar nas mãos dos petistas por meio de um repórter da revista "Veja". Na conversa com o colega, o jornalista teria sido informado de que "um novo grupo de aloprados" estava sendo montado no PT e que Amaury faria parte de tal grupo de inteligência.

A PF já decidiu indiciar Amaury pela violação do sigilo fiscal dos tucanos, além dos contadores e despachantes que participaram do esquema.

Petista, afastado da campanha, nega acusação

DEU EM O GLOBO

Rui Falcão diz que cabe a jornalista provar denúncia e nega ter morado em flat

O deputado Rui Falcão foi isolado do comando da campanha em Brasília depois do escândalo do suposto dossiê, mas mantém o cargo de coordenador de comunicação. Em nota, ele negou ontem que tenha copiado arquivos do notebook do jornalista, com informações sobre o sigilo fiscal de tucanos e de familiares do candidato à Presidência pelo PSDB.

O petista afirma que cabe a Amaury provar que as informações foram extraídas de seu computador pessoal. "Nego terminantemente - e cabe a quem acusa fazer prova - que tenha copiado dados ou arquivos do mencionado laptop do jornalista. Tive conhecimento há meses, através da imprensa, da existência de um suposto dossiê e, quando procurado, sempre informei que a campanha não produzia dossiês, nem autorizava qualquer pessoa a fazê-lo em nome da campanha."

O parlamentar também nega que tenha residido em flat do Meliá Brasília, como afirmou Amaury Ribeiro, ou que tivesse a chave do apartamento utilizado pelo jornalista durante suas viagens a Brasília.

"Não procedem as afirmações de que tenha residido em apart-hotel do Meliá Brasília, nem tampouco que tivesse chave de qualquer apartamento naquele local. Se, porventura, chegou a constar meu nome na recepção do hotel, não é de meu conhecimento, nem de minha responsabilidade", conclui a nota.

Jornalista não estava a serviço de jornal na época

DEU EM O GLOBO

PF vai investigar origem do dinheiro usado para quebrar sigilo fiscal

Roberto Maltchik e Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. O jornalista Amaury Ribeiro Jr., responsável pela violação dos dados fiscais de lideranças tucanas e de familiares do candidato à Presidência José Serra, estava de férias e a ponto de pedir demissão do jornal "Estado de Minas" quando foi a São Paulo receber as informações extraídas ilegalmente do sistema da Receita Federal. Amaury, segundo documentos obtidos pela Polícia Federal, entrou em férias no dia 25 de setembro de 2009. Os dados fiscais da filha de Serra, Verônica Serra, e do genro do presidenciável, Alexandre Bourgeois, foram violados no dia 30 de setembro na Delegacia da Receita Federal, em Santo André (SP).

Já as declarações de Imposto de Renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, do ex-ministro das Comunicações, Luis Carlos Mendonça de Barros, e do ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio, foram violadas em 8 de outubro de 2009.

Este ano, Amaury pagou R$5 mil para Dirceu Garcia

Amaury foi contratado pelo "Estado de Minas" em setembro de 2006 e pediu demissão no dia 15 de outubro de 2009, alegando que tinha que cuidar de negócios da família, porque o pai estava muito doente. No período de férias, Amaury fez as duas viagens a São Paulo com o objetivo de buscar o material que havia encomendado junto ao despachante Dirceu Garcia, que recebeu R$12 mil pelo serviço ilegal.

Nessas viagens que fez a São Paulo, Amaury fez o mesmo caminho: em 29 de setembro e 8 de outubro de 2009, o repórter saiu de Belo Horizonte, parou em Brasília e só depois seguiu rumo à capital paulista. O pagamento a Dirceu foi feito em dinheiro vivo.

A PF já descobriu que, em setembro deste ano, Amaury ligou para o despachante com a missão de dar a ele um "cala boca", segundo relato do próprio Dirceu em depoimento. O valor foi de R$5 mil, pago em duas parcelas iguais de R$2,5 mil. Segundo o depoimento do despachante, Amaury ligou a ele perguntando se o parceiro precisava de ajuda e relatou que estaria na Barra Funda, bairro da Zona Oeste da capital paulista. Entretanto, os pagamentos foram feitos em depósitos bancários, emitidos de uma agência do Bradesco, em Brasília. Os pagamentos ocorreram nos dias 09 e 17 de setembro.

Amaury afirmou em depoimento à PF que, mesmo estando de férias, tinha viajado às custas do jornal para o qual trabalhava. Aos investigadores, Amaury afirmou que "as despesas das viagens foram custeados pelo órgão de imprensa no qual trabalhou, ou seja, o "Estado de Minas"".

PF quer quebrar sigilo bancário do jornalista

A direção do "Estado de Minas" divulgou nota, porém, negando que tivesse pagado a viagem do ex-funcionário. "Amaury Ribeiro Júnior trabalhou como repórter do "Estado de Minas" de 25 de setembro de 2006 a 15 de outubro de 2009. No dia 25 de setembro de 2009, o jornalista entrou em férias e as gozou até o dia 14 de outubro do mesmo ano. No dia 15 de outubro, o repórter pediu demissão. Nenhuma viagem do jornalista no período em questão foi custeada pelo jornal", afirma a nota assinada pela direção do jornal.

A Polícia Federal vai aprofundar as investigações sobre a origem dos R$12 mil que o jornalista Amaury usou para pagar pela quebra do sigilo de Eduardo Jorge e outras pessoas ligadas a José Serra, candidato tucano à Presidência. O jornalista disse, num dos quatro depoimentos à polícia, que as despesas das viagens que fez de Belo Horizonte a São Paulo para buscar os documentos foram pagas pelo jornal "Estado de Minas". A PF já obteve papéis confirmando que o jornal bancou as passagens de avião. Resta agora saber se os R$12 mil saíram também da conta do jornal.

A polícia encaminhou ao Ministério Público Federal uma representação sugerindo a quebra do sigilo bancário de Amaury Ribeiro Júnior, do despachante Dirceu Rodrigues Garcia e outras pessoas para checar a informação. Pelas investigações da polícia, Amaury fez três pagamentos a Garcia, o chefe do grupo encarregado de obter os dados fiscais de Eduardo Jorge e dos outros tucanos nas agências da Receita Federal em Santo André e Mauá, em São Paulo. Ele teria desembolsado R$8 mil em setembro e outubro do ano passado, logo após o acesso declarações fiscais dos tucanos.

O terceiro pagamento, o de duas parcelas de R$2,5 mil em setembro deste ano, foi feito quando Dirceu já estava sob investigação. O despachante confessou à polícia que recebeu R$5 mil de Amaury em setembro e apresentou extratos dos depósitos que fez numa conta bancária. Agora, o delegado Hugo Uruguai, que está à frente da investigação, tentará identificar se o jornalista fez os pagamentos com recursos próprios ou se recebeu ajuda de terceiros.

Numa entrevista na quarta-feira, o delegado Alessandro Moretti, que também está participando das investigações, disse que todas as despesas de Amaury com as viagens e obtenção dos documentos fiscais foram pagas pelo "Estado de Minas". Para o diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, as investigações adicionais não terão impacto substancial no resultado da apuração. Para ele, o caso sobre a quebra de sigilo está esclarecido. Se surgirem fatos novos, com novos personagens, a PF entende que, neste caso, teria que abrir novo inquérito.

PF reafirma que não vai investigar campanha de Dilma

A Polícia Federal reafirma que não cabe estender a investigação sobre a quebra de sigilo fiscal dos tucanos e o uso político das informações à campanha da ex-ministra Dilma Rousseff (PT). Pelo entendimento da polícia, o crime de quebra de sigilo foi cometido em setembro e outubro do ano passado, muito antes do início da pré-campanha eleitoral. Amaury foi chamado para trabalhar na equipe de inteligência da campanha da ex-ministra depois da quebra do sigilo.

MPF desautoriza PF no caso do dossiê

DEU EM O GLOBO

Ministério Público diz que apuração corre em segredo de Justiça e que investigação sobre quebra de sigilo não terminou

Fábio Fabrini e Sérgio Roxo

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Depois de conceder uma entrevista sobre a investigação da quebra de sigilo de tucanos e anunciar o fim das investigações para breve, a Polícia Federal foi desautorizada ontem pelo Ministério Público Federal (MPF). Em nota, os procuradores da República José Robalinho Cavalcanti e Vinícius Alves Fermino disseram que a apuração corre em segredo de Justiça - exigindo, portanto, discrição - e que não cabe aos policiais determinar a conclusão dos trabalhos.

No comunicado, de poucas linhas, o MPF informa que "não ratifica" qualquer declaração sobre o possível encerramento do caso: "Somente o MPF, como titular privativo da ação penal pública, e não a Polícia Federal, pode dar as investigações por encerradas, já que, mesmo quando relatados os autos do inquérito policial, ainda pode o procurador da República requisitar ulteriores diligências".

Os procuradores lembram que a PF não deve se pronunciar sobre o assunto, como fazem os delegados. Anteontem, o diretor-geral da corporação, Luiz Fernando Corrêa, e o delegado Alessandro Moretti convocaram uma entrevista. "O inquérito permanece sob segredo de Justiça, o que obriga ao sigilo todos os agentes do Estado, especialmente aqueles da persecução criminal", recomenda o texto.

Vinícius e José Robalinho salientaram que as investigações ainda não foram concluídas e não o serão até que todos fatos e responsabilidades sejam "integralmente esclarecidos". Por isso, diz a nota, "o MPF e a própria Polícia Federal não podem descartar, não descartam e não descartarão qualquer hipótese de investigação", sustentaram.

Advogado de Verônica pede que investigação continue

Sérgio Rosenthal, advogado de Verônica Serra, filha do presidenciável José Serra (PSDB), protocolou ontem na PF, em São Paulo, uma petição com pedido de prosseguimento das investigações sobre a quebra dos sigilos fiscais de tucanos. O objetivo é identificar a motivação do jornalista Amaury Ribeiro Jr em obter os dados, já que no período em que conseguiu as informações ele estava se desligando do jornal "Estado de Minas".

- Parece que já chegamos a um momento importante da investigação. Foi um trabalho minucioso, investigativo, muito profissional e que foi realizado até esse momento. Entendo que isso deve ter continuidade - afirmou o advogado, ao deixar a sede da PF, em São Paulo.

Aécio: 'Jamais se viu um presidente avançar tanto'

DEU EM O GLOBO

Tucano nega envolvimento com Amaury Jr. e critica o PT; Serra fala em "mentira petista"

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA, MARINGÁ (PR) e PONTA GROSSA (PR). Ao iniciar ontem, por Goiás, um périplo pelos estados onde o PSDB está disputando o segundo turno da eleição estadual, o senador do PSDB eleito por Minas, Aécio Neves, negou qualquer envolvimento com o dossiê montado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. e que foi parar na pré-campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff:

- Acho que o Brasil sabe onde está o DNA de dossiês, onde vivem e trabalham os aloprados. Tenho certeza de que o Brasil cada vez mais percebe a manipulação das suas instituições. É hora de trabalharmos para garantir que, com a eleição de José Serra, as instituições democráticas no Brasil não fiquem a serviço de uma facção política ou de um governo circunstancial. As instituições brasileiras têm de estar a serviço da democracia.

Aécio avisou que o PT não conseguirá intrigá-lo com Serra:

- Serra e eu estamos unidos, imunes a essas intrigas, e quem deve explicações em relação a dossiês, a quebra de sigilos é sempre o PT. Essa é prática do PT e não do PSDB. Aécio Neves também criticou a utilização da máquina do governo:

- Estamos assistindo ao uso das instituições públicas, ao uso de parcelas de poder do governo federal em torno de uma candidatura como jamais se viu na História deste país. Jamais se viu um presidente descer do patamar da Presidência da República para avançar tanto nas eleições.

Em Maringá, onde fez atividade de campanha, Serra rebateu a versão de Amaury de que o pedido de quebra dos sigilos fiscais foi feito para proteger Aécio em uma disputa interna do partido:

- Isso aí é mentira petista. Ele (Amaury) é articulado com o PT, ele trabalhava para o PT, foi contratado pelo Fernando Pimentel, ganhava do PT. E mais ainda, os dados sobre os sigilos quebrados foram passados para a "Folha de S. Paulo" vindos do comitê do PT. Foi o PT que passou para a imprensa, logo o PT tinha os dados. E ele estava em processo de negociação para vender. Isso é que é o mais importante. Agora, vocês sabem, eles sabem fazer factoides e muitos jornalistas embarcam. Essa foi uma ação da campanha do PT, como foi também essa ação do (Valter) Cardeal, que a imprensa ignora, ninguém me perguntou até hoje sobre isso.

Por meio de nota divulgada ontem, o PSDB diz que a PF não divulgou a íntegra dos depoimentos sobre a quebra de sigilo porque "a leitura dos depoimentos joga por terra toda a farsa montada pelo PT para esconder as vergonhosas e inaceitáveis ações que ocorreram verdadeiramente dentro do comitê da campanha da candidata Dilma Rousseff, em Brasília".

Colaboraram: Adauri Antunes Barbosa e Eduardo Farias (especial para O GLOBO)

Evidências de influência partidária na PF :: Editorial- O Globo

O grau de aparelhamento do Estado na Era Lula por grupos sindicais, pela companheirada em geral e por organizações ditas sociais não é medido pelo simples - embora preocupante - inchaço da máquina burocrática. É negativo o fato de os cargos de confiança nos últimos sete anos e dez meses terem passado de aproximadamente 18 mil para mais de 20 mil postos, preenchidos sem necessidade de concurso público, exigência de aptidão profissional e outros requisitos normais nas atividades privadas.

Piores, porém, são as distorções observadas na atuação do Estado em decorrência deste aparelhamento. Por exemplo, no suporte a atividades ilegais de organizações políticas companheiras (MST), no não cumprimento de determinações judiciais por injunções partidárias - caso da desocupação de parte do Jardim Botânico, impedida pelo PT fluminense -, e assim por diante. Há incontáveis exemplos de degradação do Estado causada por esta intoxicação político-partidária de instrumentos que deveriam agir balizados pela Constituição, pelo verdadeiro interesse público, mas que passaram a se subordinar aos poderosos de turno. O ministro da Justiça da primeira fase da Era Lula, Márcio Thomaz Bastos, colocou em circulação o adjetivo "republicano", quando tratou de defender a atuação da Polícia Federal, subordinada à sua Pasta, na investigação do escândalo do mensalão, denunciado em 2005.

Uma PF "republicana" não se submeteria a pressões de governo. Reconheça-se que a Federal costuma desagradar a poderosos de ocasião. E nem é mesmo seu papel agradar a eles. Nem assim devemos considerá-la imune à forte onda de partidarização do Estado, talvez nunca antes observada neste país. A investigação meia-sola empreendida pela PF para supostamente elucidar o roubo de dados de declarações do imposto de renda de tucanos ilustres é grave evidência de que até mesmo a PF deixou de ser "republicana". Toda a história de vazamento de dados privados de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB; da filha do candidato José Serra, Verônica; e do marido dela, bem como de Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro de FH, tem um desfecho que parece feito sob encomenda para o PT e sua candidata.

A PF prestou grande serviço ao partido, e não à nação, ao validar, sem qualquer crítica, o depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr. de que começara a levantar os dados quando trabalhava no jornal "Estado de Minas", para "proteger" o então aspirante a candidato a presidente Aécio Neves, nos embates deste com o tucanato paulista (Serra). Em vez de deixar sem investigação as duas pontas políticas desse caso - o lado mineiro e o surgimento no comitê de Dilma Rousseff dos dados surrupiados num esquema de corrupção rasteira existente na Receita - , a PF deveria, ao contrário, ir fundo nestas frentes. Como o jornal mineiro teria deslocado um repórter para montar um dossiê preventivo a fim de Aécio se defender de Serra? Como essas informações foram parar no comitê de Dilma - segundo reportagem da "Folha" -, para o qual o repórter passara a trabalhar? Estas perguntas se juntarão a uma de 2006, também não respondida: qual a origem das cédulas arrecadadas pelos aloprados do PT para comprar um dossiê também contra Serra? Polícia não existe para deixar perguntas sem respostas. Quando isso acontece com frequência, algo vai mal. E o adjetivo "republicano" foi revogado há tempos.

Programa do PT exibe imagens do SBT

DEU EM O GLOBO

Propaganda de Serra mostra agressão no Rio e a de Dilma ridiculariza o fato

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. A propaganda eleitoral gratuita da candidata petista, Dilma Rousseff, exibida na noite de ontem, utilizou imagens de reportagem exibida pelo SBT para ridicularizar a agressão sofrida pelo tucano José Serra no Rio. Foram mostradas cenas em que Serra é atingido por uma bola de papel, e o locutor diz que ele mentiu:

- Para simular uma agressão que não aconteceu. Ele foi atingido por uma bolinha de papel, nada mais - afirma o locutor, acrescentando que Serra recebeu um "misterioso telefonema" e só depois levou a mão à cabeça, mas do lado contrário ao que a bola de papel teria atingido.

A agressão foi exibida também pelo programa do PSDB. Foram mostradas cenas da confusão e de Serra com as mãos na cabeça, depois de ser atingido por um outro objeto, que não a bola de papel. Na sequência, foram exibidas imagens do ex-governador de São Paulo Mário Covas (PSDB), que em 2000 foi agredido por manifestantes em Diadema (SP). O programa mostra um discurso do então deputado José Dirceu, naquele ano, instando professores contra Covas:

- Porque eles têm que apanhar nas ruas e nas urnas - diz Dirceu, no vídeo.

Uma locutora afirma que o tucano foi agredido no Rio por militantes do PT e de Dilma:

- A violência começou depois do aparecimento de manifestantes do PT e mais cabos eleitorais de Dilma. Os brasileiros lutaram muito para reconquistar a democracia. É inaceitável o que aconteceu nesta quarta-feira, no Rio. O pior e mais grave é a repetição de um comportamento que não cabe na democracia. É essa a democracia que você quer para o Brasil?

Os tucanos exploraram ainda denúncias contra Valter Cardeal, dirigente da Eletrobras ligado à Dilma: "Zé Dirceu, Erenice Guerra, Valter Cardeal. Dilma: o Brasil não merece isso".

Agressão passo a passo

DEU EM O GLOBO

Tucano foi atingido em dois momentos

Fabio Brisolla

O calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, é uma rua fechada ao tráfego de carros e que concentra o comércio do bairro. No início da tarde de quarta-feira, Serra iniciou sua caminhada cumprimentando vendedores das lojas, cercado por quase cem cabos eleitorais do PSDB, recrutados pela deputada estadual tucana Lucia Helena, a Lucinha. Antes da metade do trajeto de 350 metros, ele entrou numa loja de cosméticos para cumprimentar funcionárias. Posou para fotos com algumas delas. Nesse momento, do lado de fora, começou a discussão entre a comitiva do candidato e militantes do PT, que tentavam se aproximar para protestar.

Ao cogitar sair da loja, o vice Indio da Costa se aproximou do tucano e pediu:

- Serra! Serra! Volta para dentro!

Um dos seguranças sinalizou para a comitiva desistir do passeio. Serra prosseguiu. Os empurrões e as discussões aumentaram progressivamente. A intenção dos militantes do PT era abordar diretamente o candidato do PSDB. Seguranças e assessores fizeram um cordão de isolamento para proteger o candidato e seguir até o fim do calçadão. Quando um dos manifestantes chegou, com um cartaz, a dois metros de Serra, um integrante da comitiva rasgou o material. Os ânimos se acirraram e o tumulto aumentou. O candidato tucano tentava esboçar algum sorriso e acenar para os eleitores, mas, naquele momento, sua expressão de nervosismo era clara. Indio escoltou Serra em boa parte do percurso, mas, no tumulto dos últimos metros, o candidato a vice ficou um pouco para trás por conta dos empurrões.

Em meio a gritos de apoio da militância tucana, misturavam-se insultos. Alguns chamavam Serra de "assassino". Na foto maior (acima), o candidato tenta discutir com manifestantes. Os empurrões aumentaram. O fotógrafo Gabriel Paiva, do GLOBO, registrou o momento em que Serra levou as duas mãos à cabeça. Ele viu o candidato sendo amparado por assessores. Segundos depois, Serra entrou na van da comitiva. O deputado federal Fernando Gabeira (PV) abriu a janela do veículo e avisou:

- Serra foi atingido por alguma coisa quando estava chegando na van.

O van acelerou, dobrou a esquina e parou. Cinco minutos depois, Serra saiu e continuou a caminhar em outro quarteirão. Por várias vezes, levou as mãos à cabeça, apesar de não haver ferimento aparente. Após 50 metros, foi embora na van.

Uma equipe de SBT flagrou o candidato sendo atingido por uma bolinha de papel. Naquele instante, Serra estava sorrindo e acenando para os eleitores. A cena, no entanto, foi registrada antes dos empurrões generalizados que resultaram na agressão a Serra, como constatou o perito Ricardo Molina para o "Jornal Nacional", da TV Globo. Entre a bolinha de papel e o outro objeto que atingiu Serra, passaram-se cerca de 15 minutos. O segundo objeto é uma espécie de bobina de adesivos de campanha. SBT e Record só mostraram a bolinha de papel. O médico Jacob Kligerman, que examinou Serra, disse estar indignado com as declarações do presidente Lula. E frisou que jamais faria parte de uma farsa.

'Presidente não pode acobertar violência'

DEU EM O GLOBO

Serra diz que Lula estimula a agressão contra adversários e que petistas são "profissionais da mentira"

Adauri Antunes Barbosa

MARINGÁ e PONTA GROSSA (PR). O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, culpou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela violência na campanha eleitoral ao comentar o incidente no Rio de Janeiro, na quarta-feira, quando foi atingido na cabeça por um objeto arremessado durante confusão entre petistas e militantes tucanos que o acompanhavam em Campo Grande. Antes de saber que o presidente minimizara a agressão, Serra acusou os petistas de "profissionais da mentira" e de "profissionais da violência" pelos ataques no Rio. Ele afirmou que, diferentemente de Lula, não trata adversário político "como inimigo a ser destruído".

- Somos contra a violência e contra tratar adversário como inimigo a ser destruído. Creio que, infelizmente, a atitude do presidente da República, de se jogar de corpo e alma no processo eleitoral, em vez de governar o país, e ao mesmo incitar a destruir os adversários, só contribui para esse clima de violência - disse.

"Eles provavelmente teriam feito uma simulação"

Em Ponta Grossa, depois de terem sido divulgadas as declarações de Lula duvidando da agressão, Serra criticou a reação do presidente.

- Fico preocupado porque o presidente ocupa o cargo mais importante do país e não pode ficar dando cobertura à violência. O PT mede com a régua deles. Eles provavelmente teriam feito uma simulação - disse. - O PT não sabe disputar uma eleição democrática. Fui agredido e todo mundo que estava em volta viu que não foi nada leve - afirmou.

Serra disse que "é o outro lado" que acirra os ânimos, por meio de uma "campanha de mentiras".

- É a maior campanha de mentiras que eu já vi. São os profissionais da mentira. E são também profissionais da violência. Já houve várias situações onde fizeram cerco, agressões e intimidações. Ontem (anteontem, no Rio) passaram da medida, inclusive pelo tipo de gente que foi levada lá. Não são militantes tradicionais. É gente de repressão, de atividade de reprimir mesmo. E o incidente comigo foi apenas um exemplo. Teve uma jornalista que também foi ferida. É gente preparada para intimidar, mas não vão nos intimidar. Vamos continuar nossa campanha, sem reproduzir o que eles fazem.

Colaborou: Eduardo Farias, especial para O GLOBO

PSDB anuncia ação na Justiça contra Lula

DEU EM O GLOBO

Sérgio Guerra diz que reação do presidente "foi o caso mais grave até agora nesta eleição"

Henrique Gomes Batista

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), anunciou ontem que vai processar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa da forma com que o presidente tratou publicamente a agressão ao candidato tucano, José Serra, em um ato de campanha na quarta-feira em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Ontem, Sérgio Guerra disse que o partido não comentaria mais o fato, mas que tomou a iniciativa de procurar a imprensa depois que Lula deu sua opinião sobre o caso, minimizando o golpe que Serra recebeu na cabeça e dizendo que o tucano estava "mentindo" sobre a agressão que sofreu.

- Essa participação de Lula é o caso mais grave até agora nesta eleição. Se doeu mais aqui ou mais ali, não tem importância. Essa não é a questão. Houve ato de violência contra a democracia. Nunca desejamos que a campanha tomasse esse rumo - disse Guerra.

"Não pense o presidente que está acima do mal"

Guerra classificou como absurdo o envolvimento de Lula no caso, porque, segundo ele, o posicionamento pode incitar o ódio em vez de estimular a paz no processo democrático. Ele disse que o partido está estudando, com seus advogados, a ação judicial sobre este caso, que pode ser enquadrada no crime de injúria:

- Houve um ato de violência contra o nosso candidato, contra a democracia. Não aceitamos isso. Não pense o presidente que está acima do mal, que pode fazer tudo o que quiser, desrespeitar a democracia. A Justiça é sempre o caminho, nem sempre eficaz

O senador disse ainda que a caminhada que o candidato Serra fará no Rio no domingo como ato de campanha será agora um ato de desagravo ao tucano. O evento está previsto para a manhã do dia 24, na orla de Copacabana, com a presença de diversos tucanos, inclusive o senador eleito por Minas Aécio Neves. Guerra afirmou também que a utilização do caso durante a propaganda eleitoral de Serra na tarde de ontem não se tratou de apelação eleitoreira:

- Isso é episódio das eleições. Não podemos esconder - disse o presidente do PSDB.

Questionado por jornalistas sobre se o incidente não foi superdimensionado por Serra, que procurou um médico e fez tomografia, Guerra disse que cabe a Serra avaliar a extensão do dano e que nem procurou saber se ele foi atingido por outro objeto:

- Serra não costuma mentir, e nós não somos de fazer teatro. Não faz sentido quem foi agredido ter de ficar se explicando.

Guerra voltou a criticar a atuação do presidente da República no inquérito que apura a quebra de sigilo de pessoas ligadas ao PSDB. Segundo ele, a conclusão da Polícia Federal não reproduz o que está nos depoimentos dos envolvidos - a que ele disse ter acesso através dos advogados de Eduardo Jorge, integrante do PSDB que também teve parte de seu sigilo violado.

Presidente é "chefe de facção", diz senador

Guerra questionou o fato de Lula ter informado, na quarta-feira pela manhã que, durante o dia, seriam divulgadas novidades sobre a investigação da quebra do sigilo. O presidente do PSDB também estranhou o fato de o PT ter convocado uma coletiva sobre o tema, antes mesmo de a PF ter divulgado a sua conclusão - que, em sua opinião, é parcial:

- O presidente deu uma demonstração inequívoca de que não fala pelos brasileiros, que é chefe de facção, não é chefe de um país. Ele se julga acima do bem e do mal, um próprio Deus. Como o presidente diz uma coisa dessas? Que presidente é esse? Ele não honra a tradição democrática brasileira.

Imagens desmentem ‘indignação’ de Lula

DEU EM O GLOBO

Serra foi atingido duas vezes por objetos lançados por petistas durante tumulto no Rio; presidente acusou-o de fingir

Imagens do tumulto de anteontem no Rio mostram que José Serra foi atingido duas vezes por manifestantes petistas: primeiro, por uma bolinha de papel, de acordo com imagens do SBT e da Record; e, 15 minutos depois, pelo que seria um rolo de adesivos. Então Serra pôs as mãos na cabeça e encerrou a caminhada. O presidente Lula, citando somente as imagens da Record e do SBT, classificou de "farsa" a reação do tucano. E comparou-o ao goleiro chileno, que, num jogo com a seleção brasileira, em 1989, fingiu ter sido atingido por um foguete: "Vocês assistiram a uma mentira mais grave que a do Rojas." O programa do PT também divulgou a versão do SBT. Em Curitiba, moradores jogaram balões com água e uma bandeira contra o caminhão da candidata Dilma. Ela não se feriu.
Lula 'compra versão' e ataca Serra

Em evento oficial, presidente acusa o tucano de simular agressão, mas imagens desmentem o que Lula disse

João Guedes*

RIO GRANDE e PELOTAS (RS). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como uma farsa a reação do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, à agressão sofrida pelo tucano durante caminhada anteontem em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O presidente fez as acusações em entrevista coletiva na cidade gaúcha de Rio Grande, durante evento oficial.

O presidente teria se baseado, porém, apenas em imagens do SBT e da Record. Estas imagens mostram Serra sendo atingido por uma bolinha de papel, mas não mostram o momento, cerca de 15 minutos depois, o momento em que o tucano foi atingido por um outro objeto, maior, que o feriu.

Lula chegou a comparar a atitude de Serra à do goleiro chileno Rojas, que - nas Eliminatórias da Copa do Mundo, em 1989, no Maracanã - fingiu ter sido atingido por um foguete jogado por uma torcedora. E ainda acusou a "equipe de publicidade" do PSDB:

- Primeiro bateu uma bola de papel na cabeça do candidato. Ele nem deu toque para a bola, tanto que olhou para o chão e continuou andando. Vinte minutos depois, esse cidadão recebe um telefonema, que deve ser do diretor de produção dele, que orientou que ele tinha de criar um factoide. Ele bota a mão na cabeça e vai ser atendido por um médico que foi secretário da Saúde do prefeito Cesar Maia, e foi diretor do Inca quando Serra foi ministro da Saúde - disse Lula, após cerimônia de inauguração do polo naval local.

Lula afirmou que, ainda na quarta-feira, chegou a recomendar a colegas de partido que ligassem para Serra e se solidarizassem com ele:

- Ontem (quarta-feira), venderam o dia inteiro que esse homem tinha sido agredido, e o que vocês assistiram foi uma mentira mais grave que a do goleiro Rojas.

"É uma coisa vergonhosa"

O presidente citou suas três derrotas em eleições presidenciais, afirmando nunca ter feito "qualquer agressão" ou "mentido para a sociedade brasileira".

- Vocês não me viram, em nenhum momento de campanha, fazer qualquer agressão ou mentir para a sociedade brasileira (...) O povo é muito sabido e muito preparado para ser enganado em época de eleição. A mentira que foi produzida ontem pela equipe de publicidade do candidato José Serra é uma coisa vergonhosa; aliás, ontem deveria ser denominado o dia da farsa, o dia da mentira, porque venderam o dia inteiro que esse homem tinha sido agredido, e se vocês não viram ainda, vocês peguem o que foi divulgado no Jornal da Record ou o que foi divulgado no SBT, e assistam para vocês verem uma mentira mais grave do que a mentira daquele goleiro Rojas, aquele goleiro do Chile. - disse: - E eu espero que o candidato tenha um minuto de bom senso e peça desculpas ao povo brasileiro pela mentira descarada.

Foi a terceira visita de Lula ao município gaúcho, onde Dilma venceu no primeiro turno. Desta vez, a viagem serviu para a inauguração do polo naval na cidade e também para, à noite, fazer um comício para sua candidata.


Especial para O GLOBO

Às raias da irresponsabilidade

O presidente Lula ultrapassou todas as fronteiras do bom senso. Chegou às raias da irresponsabilidade.

Não é possível que o chefe da Nação esqueça a importância do seu cargo e faça uma acusação tão irresponsável de chamar de “farsa” a agressão da qual foi vítima José Serra. Bem ao seu estilo populista, comparou o candidato ao goleiro chileno Rojas, que fingiu ter recebido um foguete na cabeça, no Maracanã, num jogo entre as seleções de futebol de seu país e do Brasil.

Diante da aberração que disse, Lula está na obrigação de denunciar Serra nas instâncias competentes, em decorrência de que teria estimulado a violência, criado uma fraude e de ser o responsável pela agressão à jornalista da TV Globo que recebeu uma pedrada. Mais do que isto: deve ir à Justiça Eleitoral para que impugne a candidatura de Serra, acusando-a de querer fraudar o processo eleitoral e introduzir o vírus da intolerância. No STF, o fórum dos candidatos à presidência, Lula deve denunciar o tucano por incitação à violência pública.

Se não fizer isto e se não provar o que afirmou, é Lula que estará na berlinda. O bumerangue cobrará seu preço.

Compete à oposição acionar rapidamente todos os meios legais para que o presidente arque com as consequências de sua irresponsabilidade. Não é possível que em um momento tão delicado da vida nacional, o presidente da República ignore o peso do seu cargo, sua liturgia e se ache no direito de afirmar o que bem entender, por se achar acima da lei.

Concretamente, o presidente da República assumiu o papel de insuflador de violência ao, mais uma vez, blindar seus companheiros do PT e encontrar uma desculpa esfarrapada para o ato insano praticado por uma horda fascista, comprovadamente formada por petistas, no Rio de Janeiro.

Nunca é demais repetir: violência gera violência. Esperamos que o outro lado – a militância oposicionista e seus partidos – mantenham o sangue frio e tenham nervos de aço. É hora de não se aceitar nenhuma provocação. Tudo o que o lulopetismo quer é que os tucanos deem o troco e respondam na mesma moeda. Seria o portal do paraíso para que Dilma venha a posar de vítima, para tentar virar o jogo.

A pregação do ódio e a irresponsabilidade do presidente desserve a democracia e nos faz desconfiar de que ele não tem tanta certeza da vitória da sua candidata, por mais que certos institutos de pesquisas turbinem os seus números.

Qual é a de Lula? Estimular um clima de confronto e de divisão entre brasileiros para, na hipótese de uma derrota, dizer que o resultado eleitoral não foi legítimo? Ou quer intimidar a oposição para que seus ativistas tranquem-se em suas casas e deixem as ruas livres para o proselitismo petista?

O que aconteceu ontem no Rio de Janeiro não foi apenas uma agressão pessoal ao candidato José Serra. Foi uma agressão à Constituição e ao conjunto da legislação eleitoral. É assegurada a livre manifestação e o livre trânsito de todas as correntes nas disputas eleitorais, para que haja igualdade na disputa eleitoral, no caso, para Serra e Dilma, neste segundo turno.

A atitude de Lula opera para suprimir o direito constitucional da oposição. Com seu radicalismo está contribuindo, mesmo que não tenha plena consciência disso, para derramamento de sangue entre brasileiros. Desejamos, do fundo do coração, que estas linhas estejam pecando pelo exagero, fruto da indignação da hora.

Torcemos que a coisa não chegue a tanto e que a democracia brasileira seja suficientemente forte para que a etapa final da disputa presidencial aconteça em paz e em observância aos ditames do Estado de Direito Democrático.

O Brasil é maior do que Lula. Ele passa. A pátria fica. Lula queira ou não, os brasileiros decidirão, no segredo das urnas, a sucessão presidencial. O recado das urnas em 3 de outubro foi claro. A maioria dos brasileiros, que votaram em Serra e Marina, quer saber a que vieram as duas candidaturas. A normalidade do processo eleitoral, inclusive a livre circulação dos candidatos, é condição necessária para o cumprimento da vontade da maioria.

A paz vencerá, apesar de termos um presidente que, se não chegou às raias da loucura, afundou os pés no território da irresponsabilidade.


FONTE: Blog do Pitacos

Datafolha: Dilma tem 50% dos votos contra 40% de Serra

DEU EM O GLOBO(online)

RIO - Pesquisa Datafolha divulgada na madrugada desta sexta-feira mostra que a candidata Dilma Roussef (PT) tem uma vantagem de dez pontos sobre José Serra (PSDB) na disputa pela Presidência da República. Nos votos totais, a petista aparece com 50% enquanto o tucano registra 40% das preferências. Há uma semana, Dilma tinha 47% das intenções de voto e Serra, 41%. Os que dizem votar em branco, nulo ou nenhum continuaram estáveis, com 4%. Os indecisos caíram de 8% para 6%.

Considerando-se apenas os votos válidos, excluídos os brancos, nulos e indecisos, a petista aparece com 56% contra 44% do tucano. Na pesquisa anterior Dilma tinha 54% e Serra, 46%.

A pesquisa encomendada pelo jornal "Folha de São Paulo" e pela Rede Globo foi registrada no TSE com o número 36.536/2010. O Datafolha entrevistou na quinta-feira 4.037 pessoas em 243 cidades. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos.

O Rio com Serra




PTrobras S.A

DEU EM O GLOBO / COLUNA ANCEMO GOIS

Mar de dinheiro

O que se diz em Brasília é que num eventual governo Dilma, o desejo do PR do ex-ministro Alfredo Nascimento, além de manter a pasta dos Transportes , será incorporar à sua coleção de cargos a Transpetro, responsável por um programa de construção de navios orçado em R$ 8,3 bi.

O partido cresceu muito.. Pulou de 23 para 41 deputados, meio PMDB – em grande parte, pelos votos de Tiririca, em São Paulo, e de Garotinho, no Rio.

Só que...

A subsidiária da Petrobras pertence, na partilha do governo Lula, a Renan Calheiros, que indicou o ex-senador Sérgio Machado para sua presidência.

Convencer o PMDB a sair desse barco de ouro não é fácil.

O que pensa a mídia

Editoriais dos principais jornais do Brasil
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Palavras - IV :: Graziela Melo

chegam
aos ouvidos
em gotinhas

se acumulam
na alma
invadem
espaços
no coração

se agasalham
em nossa
mente

até o
instante
máximo

de alguma
conclusão...

Palavras!!!

Ditas,
benditas,
malditas...

algumas
com
excessiva
rispidez,

outras,
manhosas,
optam
pela
disfarçatez!!!

Palavras!
macabras
raivosas

que provocam
medo,
temor...

Palavras
pobres
de afeto
de amizade,
ternura


e

até mesmo
de amor!!!

Palavras!

Plenas de
fúria,
de raiva
de esbravejos
de violência...

de tanto
medo
o coração
pula!!!


São
as
palavras
do Lula!!!!



Rio, 22/10/2010