quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reflexão do dia - José Serra

"Mas para isso temos de enfrentar os problemas nacionais e resolvê-los, sem ceder à demagogia, às bravatas ou à politicagem. E esse é um bom momento para reafirmarmos nossos valores.
Começando pelo apreço à Democracia Representativa, que foi fundamental para chegarmos aonde chegamos. Devemos respeitá-la, defendê-la, fortalecê-la. Jamais afrontá-la.
Democracia e Estado de Direito são valores universais, permanentes, insubstituíveis e inegociáveis. Mas não são únicos. Honestidade, verdade, caráter, honra, coragem, coerência, brio profissional, perseverança são essenciais ao exercício da política e do Poder. É nisso que eu acredito e é assim que eu ajo e continuarei agindo. Este é o momento de falar claro, para que ninguém se engane sobre as minhas crenças e valores. É com base neles que também reafirmo:
o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais!


(José Serra, no discurso de lançamento de sua pré- candidatura, sábado (10/4/2010), em Brasília)

Palácio das louças:: Dora Kramer



DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Faz 12 dias que Dilma Rousseff deixou de ser ministra, virou pré-candidata à Presidência da República, soltou a mão do presidente Luiz Inácio da Silva e de lá para cá sua vida de política tem sido uma desventura em série.

Criou problemas com partidos seus aliados, errou nas duas viagens aos Estados que visitou, arrumou confusão com a esquerda toda tratando involuntariamente os exilados da ditadura nos mesmos termos usados pelo mais brucutu dos generais, ouviu cobranças públicas de correligionários sobre a maneira errática de se movimentar e para todos os seus atos precisou providenciar uma explicação.

Na política vigoram várias regrinhas básicas. Uma delas reza que o que precisa ser explicado não tem explicação; está, na origem, equivocado.

Dilma Rousseff não tem necessariamente obrigação de estar em dia com o manual do político profissional. Sua formação ao longo da vida adulta foi outra. Técnica. Burocrata, sem intenção pejorativa no termo. A experiência política da juventude na luta armada não se presta exatamente às sutilezas do embate político pela via eleitoral democrática.

Portanto, de certa forma é até natural que incorra em equívocos. Por inexperiência no ramo e por questão de personalidade, item que já derrubou outros bem mais experimentados.

O que não é normal é que nenhum dos vários senhores e senhoras experientes nas atividades em jogo, política e comunicação, e que fazem parte da grandiosa estrutura montada para sustentar a candidatura de Dilma, não tenham sido minimamente capazes de, se não prever, ao menos parar e corrigir o rumo das coisas aos primeiros sinais do desastre que já se avizinhava amazônico em Minas Gerais.

Ela prossegue, os tropeços vão sendo atribuídos à má-fé das interpretações, a mal-entendidos sabe-se lá de quem, pois quem tem reclamado são exatamente os aliados, e toca-se o barco na base do vamos que vamos com Dilma trocando o pneu do avião em pleno voo.

A candidata atira no que vê, acerta no que não deve, promove uma quebradeira por onde passa e ainda paga a conta sozinha. Onde os conselheiros? Onde os marqueteiros? Onde os articuladores aos quais caberia ajeitar as questões políticas locais antes de a candidata desembarcar, ou melhor, cair sem paraquedas?

Onde o presidente Lula? Dizem que Dilma é arrogante. Mas dizem também que é dócil "para cima". O que significa que seguirá à risca as orientações do chefe. Tempo há de sobra.

Foi ele quem a inventou. Quem avaliou as possibilidades e a capacidade de sua então ministra e que outro dia mesmo disse que se soubesse antes que ela seria tão boa candidata ele mesmo nem teria se candidatado a presidente deixando a vaga para ela. Pois então, deve saber como acionar suas habilidades.

Se não souber, e esses tropeços iniciais representarem de fato um quadro de inaptidão para o exercício do ofício a que Dilma foi designada, o inepto terá sido Lula em sua avaliação na escolha da candidata.

Ou, então, foi proposital a displicência. Talvez o presidente Lula tenha o entendimento de que sua presença em cena baste. Antes, durante e depois da eleição. E que para o Brasil o importante é que alguém o represente. Tanto faz como tanto fez se não o faça a contento. Isso como candidata. Se vencer, a conferir como presidente.

Toma lá. Enquanto o presidente Lula falou sozinho, sem a companhia do contraditório, inaugurou-se e vistoriou-se de tudo sem a menor preocupação.

Agora o Palácio do Planalto toma a precaução de evitar que o presidente inaugure obras inacabadas para não fornecer munição de graça para a oposição.

Pesquisa. Ante o empate entre Dilma e Serra apontado pelo Instituto Sensus, o governo comemora e a oposição prefere aguardar as pesquisas do Ibope e Datafolha previstas para o fim da semana. É que o "campo" das duas últimas foi feito depois do lançamento do tucano.

Força Sindical divulga pesquisa do Sensus


DEU EM O GLOBO

Consulta, paga por sindicato que apoia a petista, mostra José Serra e Dilma empatados

SÃO PAULO e BRASÍLIA. A Força Sindical divulgou ontem pesquisa do Sensus, encomendada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada (Sintrapav), entidade ligada à central sindical e que também apoia a pré-candidata petista, Dilma Rousseff.

A sondagem mostra empate técnico entre Dilma e o précandidato tucano, José Serra, na disputa pela Presidência da República. Serra aparece com 32,7% das intenções de voto e Dilma, com 32,4%.

A pesquisa, que custou R$ 110 mil, mostra ainda o deputado Ciro Gomes (PSB) com 10,1% e a senadora Marina Silva (PV), com 8,1%. Foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número 7594/2010, com margem de erro de 2,2 pontos.

O registro da pesquisa, protocolado no TSE no último dia 5, mostrava que o contratante era o Sindicato dos Trabalhadores em Concessionárias de Rodovias (Sindecrep), que, no entanto, negou que tivesse pagado a pesquisa. O Sensus pediu então ao TSE que mudasse o nome do sindicato patrocinador.

— Houve uma confusão em relação apenas à sigla do sindicato porque, no mesmo local, funcionam o Sindecrep e o Sintrapav — justificou o Sensus.

Em 27 de março, em pesquisa do Datafolha, Serra aparece com nove pontos de vantagem sobre Dilma: 36% a 27%. Na pesquisa anterior, de fevereiro, Serra tinha 32% e Dilma, 28%.

O presidente do Sintrapav, Wilmar Gomes dos Santos, negou que a pesquisa tenha sido contratada para mostrar a pré-candidata do PT, que ele apoia, em melhores condições do que realmente está. Segundo ele, a pesquisa serviria para o sindicato avaliar dados da conjuntura que interessam à entidade, que representa trabalhadores da construção pesada.

Erros e explicações:: Fernando Rodrigues


DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Há em política uma regra de ouro: tudo o que precisa ser explicado não é bom.

Dilma Rousseff tem se explicado muito.

Nenhuma das derrapadas verbais da pré-candidata do PT tem ainda um efeito mortal -como quando em 2002 Ciro Gomes ofendeu um eleitor e as mulheres em geral. São apenas sinais da inexperiência de Dilma quando se trata de ficar sob a tensão de uma campanha.

O caso dos exilados políticos é de todos o mais emblemático. No sábado, num discurso no qual remetia os ouvintes para o seu passado, a petista disse: "Eu não fujo quando a situação fica difícil. Não tenho medo da luta (...) Nunca abandonei o barco". Petistas na internet inundaram blogs e sites de relacionamento interpretando a declaração de Dilma como um ataque velado a José Serra (PSDB).

Durante a ditadura militar, Dilma foi para a luta armada, acabou presa e torturada. Serra se exilou no Chile. O esgoto tomou conta da web. "Fujão" era o qualificativo menos vitriólico que hidrófobos virtuais atribuíam ao tucano. Tudo ia bem até alguns levantarem o dedo dentro do PT. Muitos aliados de Dilma hoje tiveram de deixar o país durante a ditadura.

Era um caso de vida ou morte.

Depois de quase 48 horas do início da celeuma, a petista resolveu se explicar. Desculpas?

Nem pensar.

Fez uma pergunta e um ataque: "De onde tiraram que fugir da luta é se exilar? (...) Querer dizer que eu os critiquei só pode ser má-fé".

Os primeiros a interpretarem a fala de Dilma como um ataque a Serra foram os blogs petistas e dilmistas. Basta saber ler e fazer buscas no Google para comprovar a origem dessa suposta "má-fé" agora apontada pela candidata de Lula.

O mais provável é esse fato acabar sepultado. Tem relevância menor. Serve de exemplo sobre como reagem certos políticos quando tensionados. E, vale sempre repetir, a campanha está só no começo.

A Sua - Marisa Monte

Lula, dono do Brasil. Qual Brasil?:: Elio Gaspari




DEU EM O GLOBO

Serra ganhou um cabo eleitoral. É Lula, Nosso Guia, Nosso Mestre

O lançamento da candidatura de José Serra com uma proposta de superação das divisões políticas nacionais, porque “o Brasil não tem dono” e “pode mais”, obriga o comissariado petista a refletir sobre sua plataforma eleitoral.

A ideia de uma campanha que contrapõe Lula a Fernando Henrique Cardoso pode ser boa, mas falta combinar com os russos. Os tucanos chegaram com outro jogo.

Melhor assim, pois fazer de 2010 um video-tape de 2002 seria no mínimo uma discussão pouco inteligente.

Serra propõe a unidade do país e terá os próximos meses para botar substância nessa proposta.

Por enquanto, dispõe da colaboração de Nosso Guia, com suas declarações desrespeitosas ao Poder Judiciário e ao aparelho de fiscalização do Estado.

Mais: Lula comporta-se como dono do país quando se mostra confortável na condição de padrinho, animador e empresário de Dilma Rousseff.

Lula diz que “não podemos ficar subordinados, a cada eleição, ao juiz que diz o que a gente pode ou não fazer”.

Tudo bem, vamos ficar subordinados a quem? Nosso Guia defende a mudança da legislação eleitoral, por meio de uma reforma política. Qual? Não diz. Por duas vezes o PT (com socorro do tucanato) tentou aprovar uma reforma que não mexia nas limitações da propaganda eleitoral. Deram prioridade ao voto de lista, que fortalece os aparelhos partidários e confisca aos cidadãos o direito de votar nominalmente em seus candidatos à Câmara dos Deputados.

Sente-se na campanha petista um certo desconforto com as instituições.

Multado pela Justiça Eleitoral, o Grande Mestre deu-se a gracinhas que levariam à cadeia um motorista que debochasse do guarda de trânsito.

A ideia de mais um mandato petista para permitir que o comissariado imponha uma mudança de qualidade às instituições republicanas será divisiva, estimulará radicalismos minoritários e, na melhor das hipóteses, obrigará o PT a escrever uma nova “Carta aos Brasileiros”.

Nela, pedirá aos eleitores de 2010 que esqueçam suas extravagâncias políticas, assim como em 2002 pediu perdão por suas extravagâncias econômicas.

As campanhas eleitorais moldam os candidatos e Dilma Rousseff ainda não se adaptou ao contraditório do cotidiano da contenda.

Disse que “nunca abandonei o barco” e, quando foi confrontada com a impropriedade da soberba, acrescentou que só “a má-fé” poderia levar à conclusão de que se referia aos exilados da ditadura, como Serra. Não quis pagar o preço da insinuação e dobrou a aposta, insultando quem a cobrou. Nesse ritmo, perde o controle do verbo em questão de meses.

Em política, um candidato tem que dizer quem é. Se não o fizer, será aquilo que os adversários querem que seja. Serra deu uma vaga ideia do que pretende ser. Dilma, nem isso.

Erro: Estava errada a informação aqui publicada há uma semana, segundo a qual as memórias do escravo Mahommah Baquaqua, que em 1847 fugiu de um navio brasileiro no porto de Nova York, nunca foram editadas no Brasil. Eduardo Coelho, do Arquivo-Museu da Literatura Brasileira da Casa de Rui Barbosa, corrige: Elas já foram editadas na Revista Brasileira de História, com apresentação da professora Sílvia Hunold Lara e tradução de Sonia Nussenzweig. O texto está disponível, como apêndice, no livro “Questão de pele” de 2009.

Serra inicia pré-campanha com viagem à Bahia

DEU EM O GLOBO

Tucano tenta aproveitar o rompimento entre aliados da base lulista no estado; amanhã ele vai visitar Alagoas

Maria Lima, Gerson Camarotti,
Adriana Vasconcelos e Flávio Freire

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, aproveita o racha entre os aliados da base lulista na Bahia e desembarca hoje em Salvador, na primeira viagem de sua pré-campanha. O tucano foi convencido pelos aliados que não poderia ficar parado até semana que vem, quando iniciaria suas viagens pelo país, com a passagem simbólica por Minas ao lado de Aécio Neves.

Hoje, ele andará por Salvador e amanhã visitará Alagoas.

A estratégia da oposição é que Serra aproveite o bom momento provocado pela reviravolta na Bahia. O senador César Borges (PR-BA) rompeu as negociações para compor a chapa à reeleição do governador Jaques Wagner (PT) e anunciou apoio ao pré-candidato do PMDB, Geddel Vieira Lima.

Os aliados de Serra avaliam que Wagner perdeu a chance de eleição no primeiro turno, pois terá que enfrentar duas chapas fortes: a de Geddel, e a do ex-governador Paulo Souto (DEM), que aparece em segundo lugar nas pesquisas, aliado ao PSDB.

Isso sem contar o candidato do PV, Luiz Bassuma.

Serra visitará hoje o Hospital Irmã Dulce, andará pelo Mercado Modelo e depois participará do programa de rádio de Mário Kertesz. Amanhã, desembarca em Alagoas, governado pelo tucano Teotônio Vilela.

Ontem, César Borges e o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), selaram simbolicamente o acordo da Bahia, no gabinete da presidência do PMDB em Brasília, junto com Michel Temer e Geddel. Eles reafirmaram compromisso com Dilma, embora os aliados de Serra alimentem expectativa de que a chapa Geddel/Borges possa dar palanque ao tucano na Bahia.

— Sou originário do carlismo.

Tenho o maior respeito e admiração pelo Serra, mas não é por aí. Estamos alinhados com Dilma — disse Borges, sem esconder a mágoa com o PT da Bahia. — Achavam que iam me deixar rendido, isolado, fraco para negociar. Muitas vezes, a pessoa fica escolhendo muito a roupa que vai vestir. Quando escolhe, já perdeu o avião.

Geddel rebateu com veemência especulações de que poderia abandonar Dilma.

— Tenho amizade com José Serra. Mas a minha candidata é Dilma. O resto é especulação, tititi, sonhos e devaneios. Não vou receber o Serra em Salvador.

Em entrevista à Rádio Jornal, de Pernambuco, Serra disse que, se for eleito, não acabará com o Bolsa Família. Afirmou que vai manter e fortalecer o programa, um dos carros-chefe da campanha de Dilma: — Não só vai ser mantido, como vamos procurar fortalecer. E procurar abrir oportunidades para os jovens das famílias que recebem o Bolsa Família.

Em São Paulo, o comando da campanha de Serra reuniu-se ontem para discutir a criação de uma frente parlamentar com agenda e discurso afinados em torno da candidatura tucana.

Em reunião convocada pela equipe de comunicação da pré-campanha, líderes do PSDB, do DEM e do PPS decidiram que vão estabelecer uma ação coordenada entre as direções dos partidos, deputados e senadores, para que todos “falem a mesma língua” na campanha.

O próprio Serra foi quem pediu para o partido assumir um “discurso único”: — Todos nós, no conjunto dos parlamentares, devemos ajustar nossos discursos para que seja um só. Há muito tempo que o Serra pede uma ação mais articulada no Senado e na Câmara. Ninguém vai ver mais essa coisa de cada um pensando uma coisa diferente do outro, como aconteceu em 2006 — disse o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), referindo-se à campanha de Geraldo Alckmin.

Nem soberanos, nem vassalos: cidadãos :: José Nêumanne




DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem encontrado muito relevantes motivos para sentir saudades do tempo em que andava pajeando sua candidata à própria sucessão, Dilma Rousseff, pelo País afora. Sem a presença do patrono no palanque, a candidata do PT à Presidência da República em outubro que vem já deu mostras de que não será tão fácil como imagina noço guia genial dos povos da floresta tropical, da roça no cerrado e dos morros da periferia operar o milagre da transformação do prestígio e da popularidade pessoais dele nos votos intransferíveis com que espera elegê-la sucessora.

Ela foi ao Rio, lá posou com Anthony Garotinho e elogiou o marido de Rosinha com tanto entusiasmo que, em vez de a ex-governadora fluminense ficar enciumada, quem ficou foi o aliadíssimo Sérgio Cabral, notoriamente inimigo figadal do líder campista. Depois, em prosseguimento ao vale de lágrimas com que pretende abrandar a imagem de Dama de Ferro das Alterosas aos Pampas, visitou o túmulo de Tancredo Neves no centenário do avô de Aécio. Este se sentiu no direito de reclamar de tal oportunismo, pois, mesmo sendo neto, se negara a tirar proveito eleiçoeiro da efeméride. Para não perder a ocasião de mostrar essa sua vocação para colecionar inimigos e enxotar aliados, a candidata do ex-Lulinha paz e amor resolveu cutucar o alto tucanato com vara curta ao lembrar uma tal de "chapa Lulécio", que, reunindo o presidente e o ex-governador, teria feito, em 2006, um estrago desgraçado na votação de Geraldo Alckmin no Estado natal daquele outro Alkmin, o José Maria. Mas, mostrando que não foi das melhores alunas de tiro do capitão Lamarca à época da guerra suja, em vez de alvejar o inimigo, acertou o próprio joelho ao propagar a "cristianização" do oponente, José Serra, no segundo maior colégio eleitoral da Federação (e berço de Cristiano Machado, abandonado pelo PSD, que, em 1950, preferiu sufragar o petebista Getúlio Vargas), ao juntar seu próprio nome ao do candidato do PSDB ao governo mineiro, Antônio Anastasia. O ex-governador paulista adorou a sugestão de "Dilmasia", por lhe ter lembrado azia e neoplasia. Mas o candidato governista Hélio Costa, do PMDB, detestou e obteve dela um pedido de desculpas. Por fim (e o PT espera que por último), em São Bernardo do Campo, berço do lulismo, criou polêmica ao se vangloriar da coragem de ter ficado no País, enquanto outros não ficaram, insinuando covardia de quem preferiu o exílio aos rigores da tortura nos cárceres da ditadura. É claro que, depois, se diria mal entendida. Mas só isso já deve ter bastado para mostrar ao paraninfo que, sem a ajuda dele, em sua atuação solo, até agora, a candidata tem disparado mais contra o próprio pé que atirado na cabeça do adversário.

Ainda é cedo para dizer que efeitos esses desatinos podem provocar no devaneio continuísta da companheirada. Mas pode ser que tenham servido de combustível para turvar o costumeiro senso comum, principal virtude pessoal e política do presidente da República. Do topo de seus 73% de apoio popular, Sua Excelência já vinha violando de maneira exagerada dois pecados capitais, a vaidade e o orgulho. Mas nem um extremado grau de soberba pode justificar isoladamente as investidas que Lula fez, continuada e deliberadamente, contra a legislação eleitoral e a Justiça especializada que existe para fazer com que ela seja cumprida. Em duas ocasiões ele debochou para plateias loucas para bajulá-lo das multas que lhe foram aplicadas por antecipar uma campanha eleitoral que não tinha sido (nem foi ainda) iniciada. Em vez de "arrecuá os arfe para garantir o resultado", como ensinam os técnicos no futebol da várzea, o ex-peladeiro perguntou ao público que o aplaudia quem se disporia a pagar por ele as multas cobradas.

E foi além. Na abertura de um encontro de tradicional aliado do PT, o Partido Comunista do Brasil (PC do B), cujo modelo de gestão é o da Albânia, o país mais atrasado da Europa e até recentemente uma das ditaduras mais cruéis do planeta, disse literalmente: "Não podemos ficar subordinados ao que um juiz diz que podemos ou não fazer." Depois, em São Bernardo do Campo, tentou corrigir o incorrigível dizendo-se (como Dilma o faria na ofensa aos exilados da ditadura) mal interpretado. Ao tentar negar o inegável, disse que, de fato, havia criticado os partidos políticos, que nada fazem para o Congresso Nacional aprovar uma legislação clara que balize definitivamente as decisões do Judiciário. Se o soneto foi péssimo, a emenda não foi lá uma obra prima. O presidente da República é o chefe partidário que tem mais poder no Legislativo na história recente do Brasil. Se ele quisesse, poderia ter proposto uma legislação eleitoral mais clara, que defenda mais os interesses dos representados e menos os dos representantes. Não o fez não porque não quis, mas por formar parte da elite dirigente, nada empenhada em garantir a igualdade de oportunidades para quem se candidata a mandatos executivos ou a representatividade mais justa da cidadania no Poder Legislativo. E mais interessada em assegurar os próprios privilégios por meio do continuísmo. Foi isso, aliás, que motivou esse palpite infeliz.

Ao reagir ao destempero do maioral do Executivo, o chefe do Judiciário deu a resposta cabível: "Nós não temos soberanos. Todos estamos submetidos à lei." A democracia é o Império da lei. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, encontrou a palavra certa para responder ao desaforo de Lula. Numa democracia, não há soberanos, cuja vontade determine o destino de todos. Nem vassalos pagando impostos para servi-los. No Estado Democrático de Direito, todos são cidadãos: do engraxate, que Lula foi na infância, ao presidente da República, cargo que ele ocupa por delegação legítima da maioria da cidadania. Os direitos do engraxate e os deveres do chefe de Estado são fixados pela lei impessoal e, só esta sim, suserana.

Jornalista e escritor, é editorialista do "Jornal da Tarde"

Em rota de solução:: Rosângela Bittar




DEU NO VALOR ECONÔMICO

Até onde se pode perceber, afunilou para uma solução o mais intrincado problema que havia para a campanha de Dilma Rousseff (PT) a presidente: a aliança PT-PMDB em Minas Gerais.

O nome do PMDB é o do senador Hélio Costa. O PT promoverá uma consulta prévia sobre qual deve ser o primeiro nome do partido, para a qual já estão inscritos os dois candidatos cujos grupos de apoio são atores de uma luta que está à beira de transpor as regras da política: Fernando Pimentel e Patrus Ananias. A escolha será no dia 2 de maio.

A prévia, oficialmente, é para apontar o candidato do PT a governador de Minas, mas na verdade o que se estará decidindo é a composição da chapa majoritária, de candidatos a governador, vice e senador, em composição com o PMDB. Claro e definitivo está, para todos os que acompanham, dentro do governo, o desenlace do grande nó mineiro para a candidata governista à sucessão do presidente Lula, que em Minas haverá uma chapa única, PT e PMDB, embora o presidente do partido no Estado continue a defender a candidatura própria e teoricamente a prévia seja para esta definição.

Não se pode falar que há um acordo, mas existe, sim, uma compreensão tácita de que não há desfecho melhor. De posse do nome mais votado na prévia, marcharão todos ao presidente de honra do partido, o presidente da República, com o pedido para que monte a chapa como bem entender, com os nomes que lhe forem apresentados. A expectativa é que o presidente arbitre, defina quem vai para o governo, quem vai para o Senado.

Se Lula continuar achando, como acha hoje, que o melhor para a candidatura de Dilma Rousseff (para a aliança PT-PMDB) é dar a Hélio Costa a candidatura a governador, o primeiro lugar das prévias do PT vai para o Senado. O perdedor pode ir para a Câmara, ou ficar na campanha nacional, pois ninguém imagina que Patrus ou Pimentel concordem em ir para a vice de Hélio Costa. Se, por acaso, Lula mudar de ideia e der ao PT a candidatura a governador, Hélio iria para o Senado ou, mais remotamente, para a vice de Dilma.

Esta pode não ser a melhor solução para algum dos contendores, talvez até para dois, pois todos querem ser candidatos a governador, mas deve ser a única aceitável para os três uma vez que não se imagina um enfrentamento de nenhum deles com Lula.

O PT ainda tem esperanças de ver esta virada do presidente porque se acha com mais chances de vencer do que Hélio Costa, embora na pesquisa realizada exatamente para orientar estas decisões ele esteja na frente. O Instituto Sensus mostrou ao PT e ao PMDB que Hélio Costa está com 38%, Pimentel com 24%, e Antonio Anastasia (PSDB) com 13%. Quando o candidato do PT é Patrus Ananias, ele fica com 18% e Anastasia oscila para até 16%.

Na avaliação dos petistas, essa votação em Hélio Costa pode ser apenas recall, tanto que ao longo da refrega vai perdendo espaço. Esta é uma das razões pelas quais petistas mineiros acham que têm mais chances

O presidente Lula já disse aos dirigentes petistas mineiros que estão cometendo um equívoco pois, na sua opinião, Hélio perdeu eleições porque tinha Lula e o PT contra si.

Agora, com o apoio decisivo de todos, seria outra a escrita. O PT não tem especial apreço por subir ao palanque de Hélio Costa, claro, mas se Lula for, todo mundo vai atrás. Se for o inverso, com Hélio na vice de Dilma ou na disputa do Senado, melhor ainda para o PT. Portanto, caminha-se para uma solução.

Depois que o vice-presidente José Alencar saiu da disputa, deixando o caminho livre para uma chapa PT-PMDB, ou PMDB-PT, se não o acordo, mas um acerto em Minas, onde o PT estava mais enroscado, se tornou realmente possível.

Educação

Desta vez, a Educação parece estar às vésperas de realmente se tornar uma prioridade nacional, vencendo a disputa presidencial qualquer um dos dois candidatos a presidente à frente nas pesquisas de intenção de voto do eleitorado. Em discurso proferido durante o Encontro Nacional do partido que apresentou-o como candidato a presidente pelo PSDB, o ex-governador José Serra, em primeiro lugar na disputa, foi ao âmago do maior problema educacional do país, hoje, num diagnóstico acurado. "Estou convencido de uma coisa: bons prédios, serviços adequados de merenda, transporte escolar, atividades esportivas e culturais, tudo é muito importante e deve ser aperfeiçoado. Mas a condição fundamental é a melhora do aprendizado na sala de aula".

Serra comprometeu-se com uma nova Educação em que "o filho do pobre frequente uma escola tão boa quanto a do filho do rico". O papel fundamental do professor, sua formação contínua e remuneração adequada foi destacado como instrumento imprescindível. Para que eles aprendam a ensinar e os alunos possam aprender.

E chamou a atenção para o que considera grave retrocesso nos últimos anos: a estagnação da escolaridade entre os adolescentes. "Para essa faixa de idade vamos turbinar o ensino técnico e profissional, aquele que vira emprego. Emprego para a juventude, que é castigada pela falta de oportunidades."

A candidata do PT, Dilma Rousseff, em entrevista ao Valor e nas formulações que tem feito com sua equipe, nesta fase da campanha, indicou que enfrentar o desafio da educação de qualidade será sua prioridade. Segundo diz, a Educação de qualidade é que vai alavancar o Brasil, e isto não é tarefa para 4 ou 8 anos, mas é preciso começar.

Dilma coloca uma atenção sobre a educação infantil, a pré-escola, e também sobre a educação técnica e científica, que liga ao desenvolvimento da Ciência e Tecnologia. O Plano Nacional de Banda Larga, por exemplo, tem dito a candidata nas discussões, é importante para dar suporte tecnológico ao seu desenvolvimento.

Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras

Eleições, democracia e estabilidade:: Marcus Pestana*

Após 15 anos de estabilização da economia, com a democracia consolidada e um processo consistente de combate às desigualdades em curso, nos encontramos diante de eleições nacionais decisivas. O embate que se avizinha coloca novamente PSDB e PT no centro da cena. Não se trata de uma escolha qualquer, com consequências superficiais e diferenças cosméticas. As candidaturas Serra e Dilma abrem horizontes radicalmente diferentes. O PT, no governo, incorporou os fundamentos da política econômica tucana (câmbio flutuante, metas de inflação, austeridade fiscal, rigidez monetária). Cabe lembrar que esta estratégia não era consensual dentro do PT, e que Palocci e Meirelles enfrentaram dura oposição de setores que advogavam uma alternativa do tipo “mudar radicalmente tudo que aí estava”. A presença da capacidade negociadora e do pragmatismo de Lula foi decisiva para que o Brasil evitasse uma aventura e consolidasse a estabilidade combinada com aumentos reais na renda da população e a expansão do crédito. Embora a manutenção conjunta de altas taxas reais de juros com câmbio valorizado tenha colocado graves problemas para o horizonte de médio e longo prazo, o crescimento (ainda que a taxas medíocres se compararmos com os BRICs e com grande parte dos países da América Latina) foi sustentado pela expansão da renda interna e pelo desempenho das exportações de produtos primários e intermediários, que usufruíram de um cenário internacional extremamente favorável.

O pragmatismo e a capacidade de adaptação de Lula nos trouxeram a bom porto. Mas a hegemonia do lulismo não sepultou os velhos e aventureiros sonhos de um projeto radical de ruptura com o atual paradigma. Não é demais repetir: Lula é maior que o PT, e o PT não se esgota em Lula. Dilma, apesar de ter sua candidatura inventada e patrocinada por Lula, à revelia do PT, tem suas raízes fincadas na pior tradição de uma esquerda autoritária e descolada do mundo real, colocando-se mais próxima do petismo radical do que do lulismo. Com a vitória de Dilma estaria aberta a possibilidade da reedição tardia e anacrônica de um estatismo nacional-desenvolvimentista, o que colocaria o Brasil na contramão das tendências do mundo contemporâneo. Também no plano internacional, aventuras perigosas poderiam ocorrer no rumo do aprofundamento de alianças com países como Irã, Cuba e Venezuela, levando o país a um isolamento crescente.

Entregar a condução do país a uma atriz política como Dilma é dar um salto no escuro e colocar em risco as conquistas dos últimos 18 anos. Dilma não é Lula, e é aí que mora o perigo, visto que:

a. Dilma não tem experiência para orquestrar alianças complexas e heterogêneas como as necessárias, no Brasil, para garantir a governabilidade. Dilma não tem acúmulo de história pessoal para arbitrar e presidir o difícil jogo de interesses que convergem em direção ao governo central.

b. Dilma vem da esquerda foquista, que a partir da ortodoxia marxista-leninista, alimentou a visão infantil e autoritária, que meia dúzia de jovens destemidos e armados, poderia substituir a sociedade, em especial a classe operária, fazendo na base do voluntarismo a “revolução brasileira”. É bom lembrar que a esquerda independente, o Partido Comunista Brasileiro, a Ação Popular, somados a liberais e democratas, diante do mesmo quadro, optaram pela longa, difícil, complexa e trabalhosa luta pela redemocratização. Essa não é uma diferença qualquer. O voluntarismo, o autoritarismo, a visão instrumental da democracia e do Estado não foram superados por estes segmentos tão bem simbolizados por Dilma.

c. Dilma, para agravar o cenário, revela, a cada dia, traços pessoais de uma personalidade absolutamente autoritária. São dezenas de casos em que a Ministra tem comportamento inadequado e desrespeitoso com interlocutores, jornalistas e assessores, revelando uma diferença fundamental em relação a Lula, que consegue construir sua ação a partir de uma perspectiva mais aberta, negociadora, abordando a realidade através da linha de menor resistência.

d. Inexperiência, formação ideológica autoritária e atrasada, personalidade autocrática: eis aí uma combinação explosiva. Imaginemos uma líder com este perfil comandando um aparato de poder composto por estatais, fundos de pensão, contas de publicidade, OGU, agências reguladoras e os desejados instrumentos de “controle social”.

e. Além disso, poderíamos viver um chavismo tupiniquim modernizado, um “autoritarismo popular” como na Venezuela, já que CUT, MST, entre outras estruturas de organização e mobilização popular, certamente aprofundariam seu papel de aliados do projeto de poder e de ferramenta de intimidação e coação das oposições.


A alternância de poder é sempre positiva, no regime democrático. Em 2010, no Brasil, essa necessidade se coloca de forma dramática.

Nós, do PSDB, lançamos agora o nome de José Serra à Presidência da República. Serra tem uma bela história pessoal: ex-presidente da UNE, militante da democracia, intelectual respeitado, ex-secretário de planejamento do governo Montoro, parlamentar mais atuante no processo constituinte, o melhor ministro da saúde da história do País, prefeito da maior cidade e governador do maior Estado do Brasil. Experiência, capacidade de formulação estratégica, conhecimento profundo da realidade, determinação, talento gerencial, liderança política: todos esses elementos reunidos na ação testada e comprovada de José Serra.

O processo eleitoral está só começando. Muita coisa estará em jogo. As diferenças são profundas, as concepções opostas, os riscos e as oportunidades abertos por cada candidatura são separados por um abismo.

Em Minas, berço da liberdade e da democracia, estaremos atentos. Travaremos o bom combate em defesa dos nossos melhores valores e tradições. E o nome que encarna o espírito de Minas, nestas eleições, é o de José Serra. Com Serra, o Brasil, certamente, pode mais.

*Marcus Pestana é economista e deputado estadual (PSDB/MG)

PSDB troca comício por mídia regional

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Julia Duailibi, Christiane Samarco e Ana Paula Scinocca

Ideia de tucanos é evitar shows e longos discursos de políticos locais e apostar nas entrevistas de Serra para rádios e televisões

O PSDB começa a esboçar o perfil da campanha do pré-candidato do partido à Presidência, José Serra, com novo formato que contemple menos comícios e mais inserções na mídia regional. A ideia é evitar shows e longos discursos de políticos locais e apostar nas entrevistas para rádios e televisões e palestras em sindicatos e associações.

Na avaliação de tucanos e aliados, esse tipo de campanha é mais compatível com o perfil de Serra e tem eficácia maior, principalmente se o candidato tratar de temas e problemas locais. "Vamos dar desdobramento regional aos temas", afirmou o senador Sérgio Guerra, que será coordenador da campanha e é atual presidente nacional do PSDB.

"Comício vira um pouco de torcida. Esse outro formato se adapta a Serra, inclusive pelo estilo dele", afirmou o presidente do PPS, Roberto Freire, que participou ontem com Guerra e o presidente do DEM, Rodrigo Maia, de reunião com marqueteiro Luiz Gonzalez para alinhar o discurso da campanha de Serra.

Desde o começo da semana, Serra concedeu três entrevistas a rádios e a uma emissora de televisão. Hoje desembarca à tarde em Salvador, onde haverá nova investida na mídia local. Ontem mesmo deu entrevistas por telefone à Rádio Sociedade, de Salvador, e ao Programa Geraldo Freire, na Rádio Jornal, do Recife. Entre outros temas, aproveitou para reforçar sua disposição de manter e aprimorar o Bolsa-Família, tema especialmente sensível no Nordeste.

O comando do PSDB decidiu improvisar duas viagens rápidas ao Nordeste - a segunda está prevista para amanhã, a Maceió - com o objetivo de preencher a agenda do tucano até a abertura oficial da pré-campanha, segunda-feira, em Minas.

As viagens nesta fase de pré-campanha servirão para inaugurar, segundo integrantes da equipe do tucano, esse novo formato, com visitas rápidas que estabeleçam vinculo com a sociedade local.

A ideia é fugir do padrão desgastado das reuniões fechadas entre aliados. O tucanato quer estimular a criação de uma outra cultura política que renda mais dividendos eleitorais para Serra Brasil afora.

Surpresa. Até o anfitrião desta terça-feira, deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), foi surpreendido com a escolha de Salvador para abrir o roteiro de visitas. Ele e o pré-candidato do DEM a governador, Paulo Souto, estão organizando uma programação de rua e de contatos com entidades da sociedade civil e com a mídia local, mas sem alarde.

Até o início da noite de ontem, Serra não confirmara a viagem a Alagoas. O Estado é o único em que o tucano venceu o presidente Lula nos dois turnos da eleição de 2002. "É o único Estado nordestino em que ele está à frente da Dilma", diz o governador Teotônio Vilela. "Todos os levantamentos de todos os institutos que já fizeram pesquisa de intenção de voto aqui registram essa dianteira."

O ex-governador de Minas Aécio Neves pediu tempo para montar uma programação que possa traduzir a força política e o empenho do tucanato mineiro - e dele próprio - para dar vitória ao PSDB na corrida presidencial.

O pré-candidato e os articuladores tucanos concordaram, mas não querem perder uma semana no imobilismo. Em vez de aguardar pela agenda mineira, Serra decidiu começar o giro pelas duas capitais nordestinas onde há paz na aliança e palanque forte garantido.

Discurso comum. Na reunião de ontem, os tucanos e aliados montaram uma espécie de força-tarefa para unificar o discurso de oposição e dar musculatura à pré-candidatura de Serra.

Os tucanos querem evitar o fantasma de 2006, quando o então candidato ao Planalto pelo PSDB, Geraldo Alckmin, foi bombardeado por ataques da campanha petista e ficou sem defesa entre os aliados, que resistiam a se posicionar publicamente contra a candidatura à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

Tucanos que atuaram na campanha de 2006 contam que era um esforço praticamente inócuo conseguir auxílio de aliados nos Estados que respondessem aos ataques feitos ao candidato.

O encontro de ontem definiu uma linha de ação conjunta da oposição em Brasília. O objetivo é que os parlamentares do PSDB, DEM e PPS formem essa força-tarefa que encabeçará as críticas ao governo federal e a defesa de Serra, de modo que as respostas aos ataques não fiquem dependendo só do candidato ou do coordenador.

José Serra - O Brasil Pode Mais!

Dilma tem problemas em alianças em 15 Estados


DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

A definição de alianças em torno de Dilma Rousseff(PT), cuja candidatura presidencial foi lançada há dois anos, ainda enfrenta dificuldades em 15 Estados (63% do eleitorado). Já o tucano José Serra está com o palanque montado em 15 Estados. A diferença se dá porque o arco de partidos que o presidente Lula tenta cooptar para Dilma é superior a dez, bem maior do que o dos que apoiam Serra - PSDB, DEM e PPS. O Ceará é um exemplo: a aliança feita em 2006, com o PT prestando apoio à eleição do governador Cid Gomes, do PSB, está ameaçada.

Dilma tem problema para montar palanque em 15 Estados; Serra, em 3

Sucessão. Mais de dois anos depois de seu lançamento por Lula, dificuldades para ex-ministra só se agravam. Já a demora do tucano em se tornar pré-candidato, embora tenha levado aliados ao desespero, não atrapalhou a articulação das alianças regionais

João Domingos / BRASÍLIA

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, está com problemas na montagem de palanques em 15 Estados, que abrigam 63% do eleitorado. E alguns são muito sérios, como Bahia, Maranhão e Pará. O número de Estados é exatamente o mesmo em que seu principal rival, o tucano José Serra, já tem palanques prontos.

Os percalços no caminho das coligações que vão apoiar Dilma são maiores e a explicação é simples, de acordo com políticos ligados às duas campanhas: o arco de partidos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta cooptar para a ex-ministra é superior a dez, muito maior do que os três que apoiam Serra - PSDB, DEM e PPS. E, como dificuldade adicional, PT e PMDB, hoje unidos pela cúpula, são partidos que possuem um histórico de trombada em vários Estados.

É natural, portanto, que os desentendimentos nesse quadro complexo sejam maiores na base do governo. O que não é natural é a demora na definição dos palanques. Mais de dois anos depois do lançamento da candidatura de Dilma por Lula, em vez de ser resolvido, o problema tem se agravado em alguns Estados.

Já a demora na definição de Serra em se tornar pré-candidato, embora tenha levado aliados como o DEM ao desespero, não atrapalhou a montagem de seus palanques. O PSDB deverá ter candidatos próprios em 15 Estados e garantia de aliança em 24 das unidades da Federação. Só enfrenta dificuldades no Distrito Federal, Rio e Santa Catarina, que somam 13,3% do eleitorado.

Ceará. A aliança que foi feita em 2006, com o PT prestando apoio à eleição do governador Cid Gomes, do PSB, está ameaçada. Como os petistas cearenses cogitassem lançar uma candidatura contra o antigo aliado, Dilma e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, passaram os últimos dois dias tentando contornar o impasse no Estado.

Depois de ver-se boicotada por Cid Gomes durante sessão da Câmara Municipal de Fortaleza de segunda-feira à noite, em que recebeu o título de cidadã da cidade, Dilma procurou ontem o governador. Levou Dutra. A dupla prometeu não abandonar o irmão do deputado Ciro Gomes - que apesar de aliado de Lula mantém a intenção de disputar a Presidência pelo PSB.

No Maranhão o PT busca uma saída para controlar o grupo do deputado Domingos Dutra, que comanda a oposição à governadora Roseana Sarney, do PMDB, e o apoio à chapa do comunista Flávio Dino. O PT tenta não fazer intervenção no diretório do Maranhão, para não agravar a crise.

Cenário favorável. Levantamento feito pelo PSDB aponta oito candidatos da coligação PSDB, DEM e PPS em condições de vencer se as eleições fossem hoje. Eles estão nos Estados de São Paulo, Paraná, Goiás, Alagoas, Tocantins, Roraima, Pará e Piauí. Não significa que o voto em um aliado de Serra vá se reverter para o candidato, pois o Brasil tem muitos antecedentes em contrário.Os votos em Fernando Collor, em 1989, e no próprio Lula, em 2002 e 2006, mostram que o eleitor não vincula o candidato local ao presidencial.

A maior bancada de governadores do PSDB teve sete integrantes, eleitos em 1998, façanha repetida pela legenda em 2002, quando Lula foi eleito presidente. Na reeleição de Lula, em 2006, os tucanos elegeram quatro governadores. Um deles, Cássio Cunha Lima, da Paraíba, acabou cassado em novembro de 2008, por abuso de poder econômico na campanha.

A boa situação dos palanques de Serra deve dar sobrevida ao DEM, partido que vem sofrendo redução de quadros a cada eleição e até já pensa em se fundir ao PSDB. O DEM elegeu apenas um governador em 2006 - José Roberto Arruda, de Brasília. Mas ele se envolveu num gigantesco escândalo de corrupção que acabou por desgastar ainda mais o antigo PFL. Já O PPS não tem nenhum governador.

FHC alfineta Lula na questão dos direitos humanos

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Elder Ogliari e Sandra Hahn

Sem citar nomes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso questionou as diferentes posições de seu sucessor em relação aos direitos humanos, durante debate realizado ontem no 23º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. "Você não pode ser a favor da liberdade política em Honduras e não ser a favor em Cuba", alfinetou FHC, referindo-se indiretamente à postura do presidente Lula diante da situação política dos dois países.

"Não pode ser a favor de que haja direitos humanos aqui e não se opor à falta de respeito aos direitos humanos em outros países", completou o ex-presidente,

A pedido de um participante, Fernando Henrique também falou sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos, elaborado pelo governo Lula. Segundo FHC, a equipe que elaborou o plano tem "autenticamente sentimento de direitos humanos". Mas ele considerou o resultado "politicamente bastante desastroso". Lançado em dezembro, o plano - com propostas que vão do controle social dos meios de comunicação ao marco regulatório dos planos de saúde, passando por mudança nas questões de terras invadidas - provocou onda de protestos.

"Creio que a essa altura o governo está dando um jeito para que aquilo não seja discutido."

Luciano Huck faz jantar no Rio para "celebrar" Aécio

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Audrey Furlaneto
DA SUCURSAL DO RIO
Luciano Huck vai receber 30 amigos para "celebrar" o tucano Aécio Neves. O ex-governador de Minas se diz candidato ao Senado, mas continua cotado para vaga na chapa de José Serra (PSDB-SP) à Presidência.

"Talvez tenha algum político no meio, mas por ser amigo dele, e não com cunho político", disse Huck. O jantar, segundo ele, "não tem nada a ver com política".

"Zero campanha. O que acontece é que, em dez anos de Rio, é um dos meus grandes amigos. Ele terminou uma fase importante na vida e estamos oferecendo um jantar para alguns amigos", disse o apresentador.

O empresário Luiz Calainho, amigo de Aécio há sete anos, diz que o tucano "é um mineiro com alma carioca". "Não creio que vá ficar tanto no Rio, porque vai trabalhar muito em Minas, Estado de grandes dimensões."

Os voos de Aécio entre BH e Rio, ainda assim, são frequentes. Dono de um apartamento em Ipanema, zona sul do Rio, ele tem sido visto em corridas pelo calçadão na orla.

Aliados brigam por cargos em agências

DEU EM O GLOBO

Partidos aliados do governo brigam para ocupar seis cargos vagas de diretoria em agências reguladoras e outros dez que ainda serão abertos este ano.

Briga política por cargos de agências

Partidos aliados do governo disputam seis vagas e outras dez que serão abertas

Maria Lima e Luiza Damé

BRASÍLIA -Em meio às disputas e negociações para a montagem dos palanques eleitorais nos estados, os partidos da base aliada têm outra agenda urgente com o governo: tratar da ocupação imediata de seis cargos de diretorias das agências reguladoras que já estão vagos. Outros dez deverão ser desocupados até o fim do ano, e também já estão na mira.

É grande a corrida de aliados do governo para indicar apadrinhados — ainda que sejam técnicos especializados nas respectivas áreas — para os colegiados que regulamentam atividades de setores que movimentam bilhões no país. A demanda será levada ainda esta semana ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Enfraquecidas e esvaziadas por longos períodos na gestão Lula, as agências agora são objeto de desejo.

Os aliados não querem deixar para um eventual governo de oposição a indicação de novos diretores, que têm mandatos de cinco anos.

Romero Jucá nega que a pressa seja para engessar ou atrapalhar um eventual governo de oposição, mas admite o interesse nas indicações.

— Por enquanto está tudo parado, mas vamos nos reunir com o Padilha esta semana para ir preenchendo todas as vagas. Queremos fazer isso já para facilitar o trabalho da Dilma — disse Jucá, já esperando que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, seja eleita presidente.

Em quase oito anos de governo, Lula nomeou praticamente todos os diretores das nove agências reguladoras mais importantes.

Das 16 diretorias — entre as que já estão desocupadas e as que vão vagar até o fim do ano —, três são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a única que está sem poder de decisão, pois são cinco seus diretores; uma na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); uma na Agência Nacional de Cinema (Ancine); duas na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); uma na Agência Nacional de Petróleo (ANP); três na Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS); uma na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); uma na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); duas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e uma na Agência Nacional de Águas (ANA).

— O governo tem que mandar os nomes logo para o Senado apreciar, porque as agências já começaram a ficar com problema de quórum para deliberação. Vamos nos reunir com o ministro Padilha para ver quantas vagas de diretoria estão abertas para fazer logo as indicações — disse o líder do PTB, senador Gim Argelo (DF), um dos encarregados de encaminhar cinco indicações pelo seu partido.

Padilha diz que decisão será técnica

A urgência maior seria na Anac, mas nenhum nome ainda foi indicado pelo setor, que tem de conciliar interesses dos ministérios da Defesa, da Fazenda e da Casa Civil.

Segundo o ministro Padilha, o presidente Lula não autorizou negociações políticas para esses cargos.

— Estamos abertos a receber propostas dos deputados, dos senadores, dos partidos, dos governadores, mas a definição será técnica e discutida com os ministros. O presidente Lula não autorizou negociações políticas dos cargos nas agências.

Nos setores do governo responsáveis pelas agências, fontes confirmam que a pressão política é grande, mas que o presidente Lula não tem tratado deste assunto. Nem decidiu ainda se nomeará todos os cargos que ficarão vagos até o fim do ano, especialmente os que vagarem no segundo semestre.

Enquanto o governo não dá início às indicações, os aliados travam uma guerra para emplacar seus apadrinhados.

No caso da ANTT, estão na disputa a bancada do PMDB de Minas, o PRB do vice José Alencar, e o PR do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento.

O PMDB de Minas encaminhou à Casa Civil o nome de Jorge Bastos, chefe de gabinete do ex-senador Wellington Salgado. Mas está esbarrando em outras indicações, como a de Alfredo Nascimento, que indicou Deusedir Martins.

— Em politica é assim: surgiu uma vaga, todo mundo corre para ver se pega. Igual Cosme e Damião: onde estão dando saquinho de bala, correm para pegar. Querem pegar o nosso saquinho.

O PMDB deve ser um partido porcaria, porque não está emplacando nada. Já o PRB é um partido muito grande, né? Fenomenal! Querem um nome ligado ao vice Alencar, que sozinho é mais forte que o PMDB de Minas — reclamou Salgado.

O senador César Borges (PR-BA) afirmou que seu partido não saiu dessa briga.

— Se é uma diretoria da ANTT, do Ministério dos Transportes, o PR vai reivindicar sim, não tem por que ser uma indicação do PMDB. E, se a diretoria está vaga, temos que indicar logo. Não podemos ficar esperando o próximo governo.

O Lula também herdou vários diretores de agências indicados no governo FH — disse o baiano.

Ex-líder do DEM na Câmara, o deputado Ronaldo Caiado (GO) criticou a corrida do governo para não deixar margem de manobra para o futuro presidente nas agências reguladoras.

— Esse desespero para continuar controlando o governo é um sinal claro de que Lula não confia na eleição de Dilma.

Está fazendo o que pode para continuar mantendo o controle de tudo em 2010 — disse Caiado.

E a briga não é só na ANTT. O ex-ministro José Dirceu, por exemplo, tentou emplacar na ANA um nome.

Mas a indicação, de Paulo Vieira, foi derrubada no Senado, em dezembro.

A partir daí, o vice José de Alencar entrou na disputa e espera emplacar o geólogo Luiz Amore.

Mas Paulo Vieira é também ligado ao PT de São Paulo e a Rosemary Noronha, secretária da Presidência da República na capital paulista, e poderá ter seu nome indicado, agora, para uma diretoria da Antaq, onde já é ouvidor.

Seu irmão, Rubens Vieira, também tem as bênçãos de Rosemary para uma das diretorias da Anac.

— O governo sempre tentou esvaziar e matar de inanição as agências reguladoras. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Indústria de Base mostra que, das seis principais agências, 28 diretorias ficaram desocupadas 84 dias em 2004, 58 dias em 2005, 99 dias em 2006, e 27 dias em 2007 e 2008 A conclusão é que não interessa ao governo fortalecer as agências — afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Especialistas analisam tropeços de Dilma

DEU EM O GLOBO

Para alguns, supostos erros da petista mostram falta de traquejo político e podem gerar problemas na campanha

Leila Suwwan e Ludmilla de Lima

SÃO PAULO e RIO. Inexperiência eleitoral, falta de traquejo político e escolhas erradas de agenda.

Assim especialistas em ciência política e marketing eleitoral analisam as causas dos tropeços da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) nas últimas semanas, quando ela irritou aliados no Rio, em Minas Gerais e no Ceará. Ela também causou polêmica ao dizer que não foge da luta — o que foi interpretado como uma crítica ao exílio do seu adversário tucano, José Serra, na ditadura, o que a petista nega.

— É uma candidata inexperiente, nunca disputou. É natural que cometa erros de “falta de rodagem”. As visitas são um erro do staff de campanha. Se deixou de conversar com aliados, feriu sensibilidades, foi mais falha da equipe. É possível que as pessoas a seu redor estejam mal acostumadas, porque Lula era um candidato muito experiente, capaz até de unir adversários.

Existe uma ansiedade em fazer a candidata ser conhecida, percorrer o país. Mas quem tem pressa come cru — diz Cláudio Couto, professor da Fundação Getulio Vargas em São Paulo.

Além da falta de experiência em campanha, outro erro estaria ligado ao discurso “belicoso”, quando poderia tirar vantagem ao se associar ao continuísmo e à pacificação.

— Fica claro que ela não tem o traquejo de um político. Ela não fez carreira nos palanques e na mídia, foi uma protagonista na parte administrativa. Ela deveria adotar uma conduta apaziguadora, de união e continuidade.

Mas faz ao contrário. Grande parte das declarações dela é bélica.

É incapaz de falar o que o PT vai fazer sem ofender os governos anteriores. Acaba passando uma imagem de rancor — disse Rubens Figueiredo, diretor da Associação Brasileira dos Consultores Políticos.

Falta jogo de cintura, dizem especialistas Cientistas políticos avaliam que a escolha de viagens e agenda potencializou as dificuldades de uma candidata “sem jogo de cintura para situações difíceis”.

— São escolhas de viagens estranhas. Pode ser apenas erro de avaliação, mas na política é muito importante saber medir força. Ela nunca disputou uma eleição. É normal cometer erros estratégicos. Mas tem uma hora em que acaba a política e vira hora de eleição — disse Marcelo Serpa, professor de comunicação eleitoral da UFRJ.

Rubens Figueiredo completa: — Ela já provou que está mal acompanhada. Por que brigar e passar recibo para a oposição? Ela não contemporiza, não absorve os impactos.

O cientista político Fernando Abrucio, da FGV, diz que a pré-candidata precisa aprender a lidar com histórias infladas pela oposição. Para ele, Dilma não chegou, até agora, a produzir grandes problemas para sua pré-campanha: — Ela está aprendendo a fazer campanha antes de a campanha começar. Ela pode errar mais agora, não no segundo semestre.

Mas, se ela será o Kassab do Lula, ninguém sabe ainda — avalia o cientista, lembrando do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que conseguiu se reeleger apesar da inexperiência e mesmo depois de alguns tropeços no cargo, como chamar de “vagabundo” um autônomo que protestava numa unidade de saúde.

O cientista político Eurico Figueiredo, da UFF, segue a mesma linha: para ele, pelo menos por enquanto, Dilma não cometeu grandes erros nem provocou crises. Figueiredo diz que ela ainda não chegou também a demonstrar inexperiência. Mas ele adianta que o fato de Dilma ser estreante nas urnas pode se tornar uma dificuldade: — Ela não é vista como um quadro tradicional do PT. O principal problema não é inexperiência.

Acho que o problema dela é capacidade de comunicação. Especialistas já detectaram uma antipatia muito grande nela.

O cientista político da UFMG Carlos Ranulfo também não vê crise nas situações polêmicas envolvendo a ex-ministra até agora. E acrescenta que deslizes serão naturais na trajetória de Dilma como candidata. A prática do PT com campanhas, por outro lado, deve ajudá-la: — Evidente que haverá um deslize ou outro. Mas ela é pessoa experiente em partido experiente.

Hoje campanha é coisa de profissionais.

"Dá vergonha" ter um presidente que mentiu sobre mensalão, diz Freire

DEU NO PORTAL DO PPS

Roberto Freire diz que está indignado com toda essa mentira.

Por: Valéria de Oliveira


“Me dá vergonha ter um presidente que mente para a nação”, disse Roberto Freire, presidente nacional do PPS, ao se referir à confissão de Lula - feita ao Supremo Tribunal Federal - de que tinha conhecimento do mensalão do PT. Na época do escândalo, ele disse reitaradas vezes, consternado, que "naõ sabia" de nada. Em 2005, quando a existência do mensalão ficou evidente, alguns ministros de Lula repassaram à imprensa a informação de que o presidente havia sido comunicado do caso, informalmente, pelo ex-deputado Roberto Jeffersson (PTB-RJ). Porém, o governo não acionou a Polícia Federal para investigar a denúncia.

Durante os últimos cinco anos, Lula nunca admitiu a existência da "mesada" a parlamentares, preferindo caracterizar o assunto como caixa 2 de campanha. “Temos um presidente mentiroso e isso só poderá ser resolvido pela cidadania, no processo eleitoral; os brasileiros é que devem analisar isso”, afirmou Freire. Pior, disse ele, é que “só podemos concluir que houve conivência de Lula com aquela sujeira toda”.

Em ofício ao STF, referente à ação penal relativa ao mensalão, Lula também reconheceu que pode ter havido um acordo financeiro entre o PT e o antigo PL (hoje PR) na campanha eleitoral de 2002, informa o jornal Correio Braziliense. “Ele enganou a todos, durante cinco anos, sobre um assunto muitíssimo grave; estou indignado, envergonhado por o país ter esse homem na Presidência.

Testemunhas e comparsas

Segundo relato de Lula ao STF, no encontro em que discutiram o mensalão, estavam presentes, além de Jefferson, os ex-ministros Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG), e os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e José Múcio Monteiro (PTB-PE).

O presidente nega, no documento, que conhecia o publicitário Marcos Valério, dono da agência de propaganda que operacionalizava o esquema junto com o Banco Rural. Entretanto, Freire lembra que quando o esquema foi denunciado, Lula deu uma entrevista “absolutamente estranha” em Paris, a uma jornalista desconhecida, e minimizou os fatos, dizendo tratar-se de caixa dois. Valério e Delúbio Soares também gravaram depoimentos para a televisão, “contando essa mesma história mirabolante, e por isso o assunto foi parar na CPI dos Correios”, diz o ex-senador.

O esquema do mensalão desviava dinheiro público para comprar apoio para o governo no Congresso. A verdade apareceu agora, tanto tempo depois, porque o presidente poderia ter de responder por perjúrio se mantivesse a versão fictícia que se montou para os fatos.

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Gabeira busca plano B para não desistir

DEU EM O GLOBO

Diante da resistência de seus aliados ao nome de Cesar Maia (DEM), o pré-candidato do PV a governador, Fernando Gabeira, busca uma alternativa - lançar quatro candidatos a senador em vez de dois - para não desistir de disputar o governo pela aliança PV-DEM-PSDB-PPS.

Gabeira dá a última cartada para não desistir

Pré-candidato verde ao governo estadual admite ter "plano B": sair do páreo e disputar a reeleição como deputado

Chico Otavio

Em vez de um ou dois, quatro candidatos a senador pela mesma coligação. Essa é a solução encontrada pelo deputado federal Fernando Gabeira, précandidato do PV ao governo do Rio, para evitar uma dobradinha solitária com o ex-prefeito Cesar Maia, que deve disputar vaga no Senado pelo DEM. Essa saída, porém, depende de uma resposta da Justiça Eleitoral à consulta feita pelo verde sobre a hipótese de cada partido, da aliança que está sendo construída no Rio (PV, PSDB, PPS e DEM), ter o seu próprio nome par o Senado.

Preocupado com o possível desgaste que a presença de Cesar Maia no palanque pode representar para sua candidatura, Gabeira admitiu que o o seu “plano B” seria desistir da candidatura ao governo do estado e disputar a reeleição: — Jamais abandonarei a política.

Mesmo com certo desgaste, estou trabalhando para que a coligação dê certo. Vamos esgotar as possibilidades.

Mas, caso não consiga, não pretendo deixar de representar os meus eleitores.

Gabeira disse que, mesmo considerando Cesar Maia o candidato mais experiente, não consegue convencer os correligionários, o que dificultaria a campanha eleitoral.

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, disse que a hipótese de desistência não foi discutida em conversa ontem com o tucano Márcio Fortes, provável candidato a vice de Gabeira: — Há muita turbulência no Rio, mas sempre defendi e acredito na aliança dos partidos que vão compor o palanque do Serra naquele estado.

Cesar Maia evitou a polêmica: — Tenho me dedicado à pré-campanha Serra-Cesar Maia viajando pelo estado e fazendo contatos. Por isso, eu nem informado estou a respeito.

Gabeira reitera que não quer DEM em sua chapa

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Pré-candidato ao governo do Rio pelo PV, Fernando Gabeira reiterou não querer o DEM na chapa, porque seus eleitores não aceitam compor com o ex-prefeito Cesar Maia como candidato ao Senado.

Ele vai "examinar plano B" se o PSDB também deixar a aliança. A alternativa é disputar a reeleição como deputado. Sua posição dificulta a campanha do tucano José Serra à Presidência, emperrada no Rio por desentendimentos entre o PV e o DEM.