domingo, 5 de dezembro de 2010

Reflexão do dia – Joseph A. Schumpeter

A maior parte das criações da inteligência ou da fantasia desaparece para sempre, em
espaço de tempo que pode variar de uma hora a uma geração. Com outras, porém, tal não
acontece. Sofrem eclipses, é certo. Mas ressurgem. E ressurgem, não como elementos
irreconhecíveis da herança cultural, mas com roupagens e cicatrizes próprias, que podem
ser vistas e tocadas. A estas podemos denominar de grandes, e não equivale a subestimar, unir a grandeza à vitalidade. Tomada em tal sentido, é, sem dúvida, a expressão que bem se aplica à mensagem de MARX. Há, ainda, uma vantagem em definir a grandeza pelo renascimento: a mensagem ressurge independentemente de nosso amor ou ódio. Não precisamos exigir que toda grande realização seja, necessariamente, fonte de luz, ou perfeita em seus pormenores e objetivos fundamentais. Ao contrário, podemos aceitá-la como um poder das trevas. Podemos achá-la fundamentalmente errada, ou não concordar com ela em numerosos pontos. No caso do sistema marxista, tal julgamento contrário ou mesmo refutação correta, por seu próprio malogro em feri-lo fatalmente, serve apenas para provar a força de sua estrutura.



(Joseph A. Schumpeter, Capitalismo, Socialismo e Democracia, pág. 22, - Editora Fundo de Cultura, Rio de Janeiro, 1961)

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