quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

PSDB e PSB unem-se para fortalecer o FPM

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Raymundo Costa De Brasília

Em uma semana de composição do novo governo e de um novo escândalo na Comissão do Orçamento, o senador eleito Aécio Neves conseguiu "cavar" espaço na mídia e apresentar seu cartão de visitas como potencial candidato do PSDB a presidente, em 2014. Nas 24 horas em que permaneceu em Brasília fez muita espuma, lançou pontes em direção a um futuro ainda distante e sem feitio aparente e deixou a convicção de que será um protagonista de primeiro plano da cena político-eleitoral dos próximos quatro anos.

Vindo de São Paulo, onde manteve encontros com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador eleito Geraldo Alckmin, antes mesmo de se encontrar com os correligionários tucanos, Aécio esteve ña presidência do Democratas, onde o deputado Rodrigo Maia (RJ) está com sua liderança contestada. Maia era um dos aliados com que contava no DEM para ser o candidato do PSDB a presidente, nas eleições de outubro, indicação que acabou sendo de José Serra, tucano apoiado, entre outros, por Jorge Bornhausen, hoje entre os que querem defenestrar o presidente do DEM.

Aécio é um político de gestos. Sua agenda em Brasília previa um jantar com o presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ninguém, no PSB, esperava grandes anúncios, na sequência do jantar, por um motivo simples, nas palavras de um pessebista: "Se fosse sério, Aécio não anunciava na TV". De fato, em entrevista concedida ao programa "Roda Viva", na segunda-feira, Aécio contou que iria jantar com Campos.

O governador de Pernambuco, no momento, está mais preocupado com a composição de governo e a participação do PSB no ministério da presidente eleita, Dilma Rousseff. Por enquanto, o destino do PSB está atado ao de Lula-Dilma. Eduardo e Aécio procuram manter conservada uma ponte entre ambos. Os dois acham também que há margem para uma atuação conjunta de PSDB e PSB, independentemente da posição de cada um em relação ao governo, oposição e situação, respectivamente. Exemplo: o fortalecimento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), de modo que o valor dos repasses não caia quando o governo precisar reduzir a alíquota do IPI para incentivar o consumo.

O que Aécio não deixa claro é que tipo de oposição pretende fazer ao governo Dilma. O grupo serrista acompanha a movimentação de Aécio e julga que o ex-governador mineiro está equivocado. Sua avaliação é que não há no país um partido com o nível de organização do PT, que fica mais forte na medida em que consolida suas posições na máquina estatal. À oposição só restariam duas alternativas: o PT racha, em 2014, como rachou o PSDB nas três últimas eleições, ou o governo Dilma é atropelado por uma improvável - vista de hoje - crise econômica. Ou seja, a "refundação" do PSDB passaria antes por sua reunificação e não pela divisão.

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