terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Para Dirceu, mídia ''teme concorrência''

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Ex-ministro lamentou que ""centro-direita"" tenha controlado governos desde a redemocratização

Alfredo Junqueira

O ex-ministro da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu (PT-SP) afirmou ontem que os grandes veículos de imprensa temem a concorrência de novas empresas privadas. Em discurso durante o evento Democracia e Liberdade Sempre, promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o líder petista disse ainda que o País passa por uma batalha no campo da comunicação social.

"Não é uma batalha simples. Vai ter muitas nuances, muitas formas", afirmou. "O que eles não querem é concorrência. É o que eles temem. Não é imprensa alternativa, de esquerda ou sindical. É a própria concorrência capitalista", acrescentou.

Questionado se sugeria abertura do mercado brasileiro para grupos estrangeiros no setor de comunicação, Dirceu negou. Disse que defendia apenas a ampliação do número de veículos no País. O petista ainda afirmou ser favorável à regulação da mídia.

"Regulação da mídia não é censura à mídia. Ter um órgão regulador, como existe nos EUA, na França e na Inglaterra, adaptada às nossas necessidades e pactuada. Nós estamos numa democracia. É o Congresso que aprova. Se não pactuar, não construir consensos, não se aprova."

Dirceu disse que a eleição de Dilma Rousseff representa a chegada da geração de 68 ao poder, mas evitou fazer declarações sobre o futuro governo, para, segundo ele, evitar polêmica.

No discurso, o petista falou sobre a luta armada e o processo de redemocratização brasileiros. Lamentou que a redemocratização tenha ocorrido a partir de frente ampla controlada pela centro-direita. "Uma hegemonia que prevaleceu até a vitória do Lula. E que ainda tem presença nos nossos governos pelas condições e características do nosso processo político."

Argumentou que a resistência, na ditadura, ocorreu como resposta ao ataque inicial das Forças Armadas. "Quem pegou em armas foi a ditadura. As armas que a nação entregou às Forças Armadas para defender a Constituição e a democracia, elas usurparam para impor ao País uma ditadura", disse Dirceu. "E foi contra ela que nós nos levantamos e resistimos."

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