segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Qual Oposição? :: Vagner Gomes de Souza

Mais uma vez o governismo tomou a iniciativa em dar a pauta política nacional quando o Presidente da República em fim de mandato declarou que a Oposição ao Governo dele foi cruel nas suas ações. Horas depois a idéia da CPMF voltava com força e apoio de governadores eleitos por legenda da Oposição (como observamos na declaração do Governador Reeleito de Minas Gerais). Para além disso, as lideranças do heterogêneo campo oposicionista se adiantaram em reafirmar diversos adjetivos para nossa postura oposicionista sem demarcar que há um segmento eleitoral de oposição que não se viu representado no segundo turno das eleições. Esse segmento foi aquele que votou em Marina Silva no Primeiro Turno e voltou para o campo governista no Segundo Turno, pois não percebeu uma política clara de diferenciação oposicionista mais no campo de “centro esquerda”.

Em 16 anos de continuidade de um modelo político hegemônico formou-se um eleitorado que sempre leva o processo eleitoral para o Segundo Turno, mas não impôs sua agenda política. Esse eleitor silencioso não deseja a ruptura mas assume uma postura pelo aprofundamento das mudanças por uma via democrática. Um eleitor que deseja mais que a distribuição da renda nacional, pois sabe que é necessária a redistribuição através de um critério desenvolvimentista, humano e ecológico. Esse eleitor já votou em Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) em 2002. Já votou em Heloisa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT) em 2006. Votou em Marina Silva (PV) esse ano acrescido de eleitores que “fugiram” da polarização PSDB e PT no primeiro turno.

A votação desse eleitor está ampliando sem que haja uma política de oposição para ele uma vez que falam em adjetivos oposicionistas, mas falta um Programa de Oposição com base real nesse eleitor urbano, atuante nas redes sociais da INTERNET, militante em causas diversificadas e entre outras formas mais clássicas de militância política. Um eleitor onde a renda ascendeu pelo acesso aos meios de informação e no aumento do acesso a anos de estudo. Um possível novo segmento político a ganhar força nas próximas eleições se ganhar um ator político que faça seu discurso. Esse segmento não defende o pragmatismo eleitoral e conservador de uma fictícia “nova classe média” que é base de uma possível oposição mais à direita como estaria pretendendo o DEM.

Há espaço para ampliar o espaço político das forças políticas comprometidas com a vocação democrática de um Estado Laico sem concessões ao oportunismo eleitoreiro das Direções Partidárias Regionais de partidos como PV e PPS. Não podemos deixar que esse debate fique em segundo plano ou ao reboque de uma reflexão simplista. Uma possível aproximação entre Verdes e Socialistas do PPS pode ser um núcleo de intervenção para que lideranças independentes de filiação partidária se filiem a esses partidos para dar novos ares à política brasileira com maior atenção do segmento político que destacamos acima. Entretanto, esses novos sujeitos políticos não podem ser alijados pelas “máquinas eleitorais partidárias” criadas em muitos grupos partidários estaduais para se sempre se reeleger.

O PPS poderia ser o melhor exemplo e defender a prática das prévias eleitorais com a inscrição de eleitores simpatizantes de um programa de oposição a ser criado num documento de Carta de Princípios de uma vertente Social-democrática de novo tipo no país. As prévias mobilizariam a sociedade civil sem filiação partidária e estabeleceriam as políticas de alianças nas eleições municipais, escolheriam candidatos majoritários e até poderiam estabelecer os critérios concentração eleitoral na campanha em determinadas candidaturas para Vereador. Esse é um bom momento para apontar para mudanças de rumos partidários na “Centro-esquerda” nesse debate no campo de oposição. Vamos fazer o possível para que isso ganhe espaço no debate interno de nosso partido.

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