terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tucano condena petista por críticas feitas a sua mulher

DEU EM O GLOBO

"Campanha é para discutir propostas", afirma Serra

Isabel Braga

BRASÍLIA. O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, reclamou ontem das críticas de sua adversária, Dilma Rousseff (PT), à família dele, no debate de anteontem. Serra afirmou que campanhas devem priorizar propostas e não ser usadas para ataques “à família de candidato”.

Ele se referia ao fato de Dilma ter citado declaração atribuída a sua mulher, Mônica, que teria acusado a petista de querer “matar criancinhas”: — (A atitude ofensiva) é uma estratégia dela. Para mim, foi até uma surpresa ela voltar a atacar a família. Campanha eleitoral é para discutir propostas, comparar os candidatos, para eles (candidatos) apresentarem o que fizeram ou que vão fazer. Não é atacar reiteradamente a família de candidato.

Após participar de evento de campanha no centro de Goiânia, Serra se irritou, ao ser perguntado sobre as referências feitas por Dilma, no debate, sobre a privatização do petróleo da camada do pré-sal e denúncias contra o assessor da campanha tucana Paulo Vieira da Souza. Segundo a Revista “Isto É”, Souza, mais conhecido como Paulo Preto, arrecadou R$ 4 milhões e não repassou a quantia à campanha.

— Nunca ouvi falar disso.

Eles (os petistas) põem factoides para que vocês (a imprensa) perguntem. Não é fácil entender, naquele programa, o que ela estava dizendo. Nunca aconteceu. Por que eu vou gastar horas de um debate nacional com coisas que não tenho ideia, que são bobagens? Sou o candidato, você acha que eu não saberia se tivesse havido isso? Saiu uma matéria vagabunda, não sei do que se trata.

Líder do PTB, que vota em Dilma, recepciona Serra Serra chamou de “factoide do PT” as insinuações de que tucanos querem privatizar o pré-sal, feitas por Dilma.

Antes do evento nas ruas de Goiânia, o tucano recebeu a visita, ainda no hangar do aeroporto, do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), que apoia Dilma. Jovair disse que continuará votando em Dilma no segundo turno, e que só foi cumprimentar Serra: — Vim cumprimentar o Serra, somos adversários, mas ele é um homem de bem, sério.

Desejo boa sorte aos dois, e quem ganhar está bom para o Brasil. Somos soldados, mas até agora a campanha de Dilma não nos escalou. Se precisarem, irão sinalizar.

Durante cerca de uma hora, o tucano dançou e saudou cerca de mil militantes, cabos eleitorais e populares, incluindo o padre Genésio Ramos, que usava uma batina preta. O padre deu a Serra um terço — beijado pelo candidato — e foi convidado a desfilar com o tucano pelas ruas da cidade, em cima do caminhão de som. Apesar da presença do padre, durante todo o trajeto uma bandeira com as cores do movimento GLS estava bem perto do caminhão de som.

Um dos santinhos distribuídos, em formato de calendário de bolso, continha a frase: “Jesus é a verdade e a Justiça”, com a assinatura de Serra abaixo.

— Estou aqui pelos direitos humanos e pela defesa da vida e das liberdades democráticas.

Estamos com medo de o Brasil virar uma Cuba, uma Venezuela — disse padre Genésio.

O tucano Marconi Perillo, que disputa o segundo turno da eleição ao governo estadual com Iris Rezende (PMDB), estava ao lado de Serra no comício. O candidato a presidente defendeu a construção de um aeroporto melhor para a cidade, além de metrô. E voltou a falar em fé: — Estamos movidos por fé que vem de dentro da gente e vai nos ajudar a construir o Brasil. Nosso povo é de fé, não apenas religiosa, mas fé na mudança e em esperança para o Brasil.

Antes de Serra voltar ao aeroporto, uma estudante, com potes de tinta azul a amarelo, pinto o rosto do tucano, numa lembrança do movimento estudantil “Fora Collor”, em 1992. O candidato, pouco antes de embarcar de volta a São Paulo, disse que gostou do gesto e afirmou: — Eu gostei da cara pintada.

Sou até capaz de ir (assim) a um debate.

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