terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ministros fazem campanha e atacam Serra

DEU EM O GLOBO

Em evento que deveria lançar programa de governo para a saúde, Temporão diz que ações do PSDB tinham muito "marketing"

Cássio Bruno

O que deveria ser a apresentação e a discussão do programa de governo na área da saúde da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ontem, no Rio, transformou-se em palco para ataques contra o adversário da petista, José Serra (PSDB), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em encontro realizado na Associação Atlética Banco do Brasil, no Leblon, com a presença do vice na chapa de Dilma, Michel Temer, três ministros do governo Lula centraram fogo contra os tucanos, além de pedirem empenho na reta final da campanha petista a uma plateia formada por servidores públicos, sindicalistas, diretores de hospitais e deputados da base aliada. Dilma não foi ao evento.

— Quem é que sabe o programa de saúde do adversário? É um gigantismo de mutirões de varizes e atendimento ambulatorial.

Até 2002, os programas eram desconexos e de muito marketing — disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Temporão afirmou que ainda foi Lula quem fez a licença compulsória, com a quebra de patente, para a produção nacional do medicamento Efavirenz para o tratamento da Aids. O ministro desafiou Serra: — O Serra nos debates diz frases de efeito e não explica nada.

O desafio a comparar qualquer indicador em qualquer nível.

Nós fizemos muito mais.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, seguiu o mesmo tom: — Não são 13 dias de boatos, de mentiras, de campanha rasteira que vão tirar a energia dessa militância.

O tema aborto não estava entre nos 13 itens. Na entrevista, depois do evento, Temporão justificou dizendo que o aborto nunca esteve entre os itens e, sim, a garantia ao acesso da população a métodos anticoncepcionais e informações sobre doenças sexualmente transmissíveis nas escolas para, assim, haver uma visão laica do estado.

— Como no Brasil a questão do abortamento só se dá em dois casos específicos por lei (estupro e gravidez de risco), o SUS tem que estar preparado para atender e acolher as mulheres que, por algum motivo, necessitam de atendimento médico. Disso não vamos abrir mão. É uma questão de saúde pública.

Padilha: “nosso lema é a defesa da vida” Sem citar a palavra aborto, Padilha pediu às cerca de 350 pessoas na reunião que levassem às ruas “o debate em defesa da vida”: — Vamos colocar no local adequado o debate em defesa da vida, que é o nosso lema. Se o importante é nascer, nenhum governo fez mais para que as mulheres e as crianças tenham o direito de nascer nesse país.

A ministra Nilcéa Freira, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, apelou para o convencimento de eleitores indecisos.

Ela se disse “frustrada” em relação ao rumo tomado pela campanha no segundo turno.

Humberto Costa, coordenador do programa de saúde de Dilma, leu surperficialmente 13 projetos da petista para o setor.

A lista prevê melhorias na infraestrutura da rede de atenção à saúde, iniciativas para a prevenção de doenças e a atenção integral à saúde das mulheres conforme as Políticas Nacionais de Direitos Sexuais e Reprodutivos e de Planejamento Familiar.

Costa atacou Serra: — A verdade tem que vencer o ódio. Os adversários rebaixaram a discussão política, Todos defenderam a volta da CPMF. Temer, por sua vez, evitou polêmica, mas fez comparações entre governos Lula e FH em relação à política internacional: — Quando Lula assumiu, o Brasil tinha uma reserva internacional de US$ 29 bilhões.

Agora, são US$ 270 bilhões.

Deixamos de ser devedor para ser credor do FMI (Fundo Monetário Internacional).

O encontro começou às 17h40m. Os secretários estadual e municipal de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes e Hans Dohmann, respectivamente, também participaram. Alguns deputados petistas foram ao local com carros oficiais, como Gilberto Palmares.

— O motorista só me trouxe.

Vou embora de táxi — ressaltou o parlamentar, apesar de o veículo permanecer no estacionamento em boa parte do encontro.

No fim, Dilma mandou por vídeo uma mensagem, que foi transmitida num telão: — Convoco todos vocês a fazer um grande esforço nessa reta final da campanha para não permitir o retrocesso no país e na saúde para que possamos garantir a todos um sistema de saúde digno, que seja um forte instrumento de defesa da vida.

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