segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PT mede reação de eleitores sobre escândalo

DEU EM O GLOBO

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Preocupada com a possibilidade de desgaste político, a coordenação da campanha da petista Dilma Rousseff à Presidência passou a monitorar diariamente a reação dos eleitores ao episódio da violação de sigilo bancário de Verônica Serra, filha do candidato tucano, José Serra. Internamente, já se admite o uso do programa eleitoral gratuito na TV para rebater os ataques de Serra.

Segundo um integrante da campanha, isso só será feito se as pesquisas detectarem uma queda nas intenções de voto de Dilma. Até ontem, números internos de tracking indicavam a estabilidade nas intenções de voto. Existe receio de que, com a mudança radical do programa de Serra, será necessário entrar no assunto, o que levaria a campanha definitivamente para uma agenda negativa.

O comício de Dilma na noite de sábado em Foz do Iguaçu, no Paraná, foi encerrado com um discurso do presidente Lula, no qual ele afirmou que "o nosso adversário bateu tanto hoje à noite que ela (Dilma) passou 12 pontos na pesquisa de São Paulo."

- O Lula fez mais uma vacina para proteger a campanha. Não é para mexer na linha do programa eleitoral. O Lula falou no programa para deixar a Dilma fora do assunto. As pesquisas mostram uma estabilidade nos números. Agora, temos que levar a campanha assim até o dia 3 de outubro - disse o líder do governo e coordenador da campanha, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Campanha petista teme desgastes com escândalo

De forma reservada, os petistas avaliam que além dos ataques à quebra de sigilo, outros dois temas podem causar desgaste na campanha: a imagem do senador Fernando Collor (PTB-AL) pedindo voto para Dilma e o resgate do escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, episódio que levou à queda do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Já na campanha de Serra, a determinação é intensificar esses episódios na propaganda eleitoral. A expectativa é que, com esse novo discurso, o tucano possa recuperar intenções de voto na classe média e nas regiões Sul e Sudeste do país, onde ele já liderou nas pesquisas.

- Além disso, a violência contra a campanha de Serra deu nova animação para a nossa militância - observou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Mesmo assim, todos os programas estão sendo testados antes, pois existe o reconhecimento de que uma agenda negativa na campanha pode aumentar a rejeição do candidato tucano. Entre os tucanos, a ordem é evitar ataques diretos ao presidente Lula.

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