quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um dos alvos, Marin cobra a punição dos culpados

DEU EM O GLOBO

Mendonça de Barros e Ricardo Sérgio, também espionados, não comentaram o caso ontem
Adauri Antunes Barbosa e Silvia Amorim
SÃO PAULO. O empresário Gregório Marin Preciado, marido de uma prima do presidenciável José Serra (PSDB), divulgou nota dizendo que está indignado com a violação de seus dados fiscais por servidores da Receita e que espera "que os culpados sejam rapidamente identificados e punidos, conforme determina a lei". O advogado de Preciado, Wagner Alberto, afirmou que pedirá acesso à investigação da Receita.

O ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, também vítima do vazamento, não foi encontrado ontem, assim como o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira.

Mendonça de Barros foi envolvido no caso no qual cinco ex-presidentes do BNDES responderam à Justiça pela concessão de empréstimos para o processo de privatização no governo Fernando Henrique. Em um dos processos, no qual era acusado de favorecer o banco Opportunity e outras empresas no leilão de privatização da Telebrás, Mendonça foi considerado inocente, assim como outros integrantes do alto escalão do governo tucano.

Diretor da área internacional do BB entre 1995 e 1998, Ricardo Sérgio foi um dos principais articuladores da formação dos consórcios que disputaram o leilão das empresas ligadas à Telebrás. Ele foi militante político ao lado de José Serra durante a ditadura militar e, em 1998, foi o tesoureiro das campanhas de FH para a Presidência e de Serra para o Senado. Espanhol naturalizado brasileiro, Preciado é casado com a prima de Serra Vicência Talan Marin. Sócio de Serra até 2002 num terreno no Morumbi, bairro da capital paulista, atualmente ele tem duas empresas no Brasil, nos ramos de vidros para a construção civil e automobilístico.

Além dos três ligados a Serra, outras três pessoas de São Paulo tiveram o sigilo fiscal quebrado: Gilmar José Argenta; sua mulher, Carla Argenta; e Amauri Jacintho Baragatt. Argenta é chefe de gabinete do deputado Roberto Santiago (PV-SP), candidato à reeleição e vice-presidente licenciado da União Geral dos Trabalhadores (UGT).

- Fui pego de surpresa. Vejo isso com a maior estranheza. Não tenho motivo para ter o sigilo fiscal quebrado. Não tenho relação com PT e nem com PSDB - disse Argenta.

Mesmo trabalhando para um deputado do PV, Gilmar é filiado ao PCdoB, partido pelo qual teve 3.838 votos na eleição de 2004 para a Câmara de Vereadores de São Paulo. Quando confirma que Santiago é candidato à reeleição, lembra que pode existir relação entre esse fato e a divulgação da quebra do seu sigilo fiscal.

- Aí é que pode estar a sacanagem, essas coisas de dossiê. Não sei se tem (dossiê). Mas esse negócio virou bagunça - disse.

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