segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Que fazer na Campanha da Oposição? :: Vagner Gomes de Souza

Em tempos de Revolução Passiva no processo eleitoral os herdeiros da prática da política de Frente Democrática se questionam sobre o grau de despolitização dos debates em curso. Estamos num ciclo de expansão econômica das forças capitalistas onde as classes sociais não estão motivadas a pontuar seus antagonismos. Invertemos a situação estudada por E.P. Thompson de “Luta de Classes sem classes”, pois estamos num momento de “Classes sociais sem luta” o que é um indicador favorável ao continuísmo governamental.

O continuísmo governamental é beneficiado por uma campanha onde se debate estilos ao contrário de marcar politicamente as diferenças. Como já percebemos, o tema da igualdade não é hegemônico nas principais candidaturas presidenciais. Aprofundou-se a americanização da política onde a propaganda política ganha espaço na mídia e na cultura de massa na campanha. A maior vítima é a formulação de uma política. Aliás, quem faz a formulação política da candidatura da oposição?

Se o cenário nacional é alarmante, imaginem-se os limites da prática da política no Estado do Rio de Janeiro. Nesse estado, onde. saiu a candidatura do Vice-presidente da chapa de oposição, os oposicionistas estão com indicadores desfavoráveis a cada pesquisa de opinião. Por ironia do destino, a carência da aceitação da política de Frente Democrática explicaria esse indicador negativo uma vez que o chamado “palanque de oposição” é liderado por um candidato vinculado a uma ideia de Terceira Via que “patina” numa campanha de poucos recursos, ou pior, pouca unidade política.

Muito visível a ausência de articulação política diante da força da “máquina política” do Governo Estadual que aparentemente está realizando a refundação da cultura política do “chaguismo” e do “amaralismo”. A oposição fluminense, fragmentada na falta da política ao nível nacional, aprofundou essa fragmentação na pré-campanha com idas e vindas sobre nomes que fariam parte da chapa majoritária. Agora, cada grupo político atua como se fosse facção na busca de defender seu espaço político temendo se expuser num enfrentamento direto do debate da política na campanha majoritária (estadual e gradualmente a nacional).

A situação é grave, pois não há um sujeito político a disposição de fazer uma articulação do processo em nome da “Grande Política”. A campanha pulverizada em candidaturas proporcionais não acompanha a tese de um fortalecimento de um debate político que está ausente. Uma nova classe média surge sem ser formada politicamente, pois estamos no momento do “salve-se quem puder”. O tempo em política é fundamental. O tempo de reação é agora para as forças políticas de oposição desde que façam o mínimo na política que é mobilizar politicamente de forma unitária seus diversos segmentos. Afinal, há outra cultura política fluminense que não apareceu nessas eleições: “a cultura política oposicionista de votar contra todos que estão no Governo”.

Estamos aguardando apenas somar votos para quociente eleitoral? Esperamos que não. Afinal, como diz um candidato governista no TRE: “O Povo merece respeito!”


[1] Candidato a Deputado Federal pelo PPS-RJ.

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