domingo, 15 de agosto de 2010

Para voltar ao governo de Alagoas, Collor cola imagem a Lula e Dilma

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Rejeitado pela classe média, senador aposta nos grotões, onde ainda é recebido como popstar

Bernardo Mello Franco
Enviado especial a Feira Grande (AL)

"Não se esqueçam deste nome: Dilma Rousseff presidenta, número 13 na cabeça! Obrigado, minha gente!"

Foi assim, misturando o velho bordão às novas alianças, que o senador Fernando Collor (PTB) encerrou comício para cerca de mil pessoas em Feira Grande (AL), a primeira de cinco cidades que visitaria na sexta-feira.

Ele quer voltar ao governo alagoano 21 anos após renunciar para concorrer ao Planalto. Para isso, tenta apagar o passado e colar sua imagem na do ex-desafeto Luiz Inácio Lula da Silva e em sua candidata.

"Lula vai encerrar o mandato como o melhor presidente que o Brasil já teve", disse a uma rádio, na quarta-feira. "Sou candidato do presidente Lula, da ministra Dilma e do governo federal."

Na versão de Collor, o petista teria adotado a cartilha que o levou ao poder. "Continuo na mesma posição, com as ideias que defendi em 1989", sustenta.

Como o PT alagoano está coligado ao PDT de Ronaldo Lessa, o Tribunal Regional Eleitoral proibiu o jingle "É Lula apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma".

Ele mandou regravar o trecho com uma mensagem subliminar: "Não adianta, o povo sabe quem tá apoiando quem, o povo tá decidido e vai apoiar também".

Desde o início da campanha, Collor só anda com um adesivo de Dilma no peito direito. No esquerdo, exibia um broche com a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

O resto do figurino lembrava os tempos da Presidência: Rolex de ouro, calça Ralph Lauren, camisa Tommy Hilfiger e tênis Nike para percorrer as ruas de barro de mãos dadas com Caroline, 28 anos mais nova.

Rejeitado pela classe média de Maceió, o senador aposta nos grotões, onde ainda é recebido como popstar. Em Feira Grande, o povo se acotovelou num campo de futebol para assistir à sua chegada, de helicóptero.

Desembarcou de punhos cerrados e desceu em disparada para a praça, seguido por populares. Militantes pagas pelo prefeito Fabinho do Chico da Granja (PTB) agitavam bandeiras por R$ 20.

Collor discursou na escadaria da igreja. Em 21 minutos, prometeu escola, asfalto, merenda, ambulância e lares para idosos. Atacou "a ladroagem e a sem-vergonhice" e ameaçou esmagar bandidos "que atormentam a família alagoana" com "o peso da minha munheca".

A seu lado, a ex-prefeita de Arapiraca (AL) Célia Rocha definiu o governo estadual como "primeiro passo" para voltar ao Planalto.

Ele não nega o plano. "Depende das circunstâncias e do destino que Deus reserva", disse, dois dias antes.

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