terça-feira, 10 de agosto de 2010

Candidatos não são 'iogurte', diz Serra

DEU EM O GLOBO

Tucano defende programas de TV mais simples e afirma que não há terceirização eleitoral, pois "quem ganha é quem governa"

Flávio Freire

SÃO PAULO. Com base em análises internas do comando de sua campanha de que o PT despeja recursos na candidatura da presidenciável Dilma Rousseff para criar uma imagem palatável ao eleitor, o candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, defendeu ontem mudanças na legislação para que políticos não sejam vendidos como iogurte ou pão de centeio.

Num discurso para empreendedores, em São Paulo, o tucano reforçou os ataques ao afirmar que não existe uma terceirização no processo eleitoral, portanto, quem ganha é quem governa, num ataque direto à estratégia da cúpula petista de colar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à de Dilma.

Em 1993, cheguei a propor que nós transformássemos o horário eleitoral em uma coisa mais simples. O candidato, a câmera e (ele) apresentando sua proposta. É chato? É chato. Mas política é uma coisa chata. Com isso, a gente elimina custo e impede que candidatos sejam vendidos como iogurtes ou como novo pão de centeio. Coisas publicitárias ou não publicitárias, como, inclusive, a ocultação do candidato. Hoje parece uma importância grande ocultar o que o candidato é ou deixa de ser disse Serra, sem citar nomes.

Que sejam cinco minutos, se possível de improviso Para ele, o candidato deveria se apresentar no improviso, sem maquiagem ou grandes produções publicitárias.

Desse jeito, afirma ele, o eleitor teria informações mais concretas sobre as propostas de cada candidato e não sobre o que pensam os marqueteiros das campanhas.

Que sejam cinco minutos falando o que quer, o que pretende, se possível de improviso.

Chegar lá e falar, para não ter nenhum tipo de truque.

Chegar lá e falar. Afinal de contas, o presidente, um governador, um prefeito é insubstituível.

Quem ganha é quem governa.

Não existe terceirização. E as pessoas precisam se mostrar mais disse Serra, que lamentou a ausência de Dilma no evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo, ao qual compareceram também os presidenciáveis Marina Silva, do PV, e Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL.

À vontade, diante de uma plateia de empresários, chegando a andar de um lado para o outro do palco para ouvir as perguntas mais de perto de quem as fazia, Serra defendeu o barateamento das campanhas eleitorais.

Horário eleitoral é tudo, menos gratuito disse o tucano, que defendeu ainda a redução da carga tributária.

Em entrevista coletiva, quando advertido sobre a estimativa do PSDB de gastar R$ 180 milhões na campanha presidencial deste ano, saiu pela tangente.

Não vamos gastar isso, é só um orçamento, um teto disse ele, que, no entanto, não defendeu o financiamento público de campanha. Tem que começar diminuindo custos para diminuir pretextos que legitimem o processo todo.

O candidato ainda retomou as críticas em relação ao loteamento de cargos no governo federal. Segundo ele, esse tipo de iniciativa cria brechas para corrupção na máquina pública e atravanca o desenvolvimento do país. Serra lembrou os problemas recentes nos Correios e disse que as agências reguladoras se transformaram em órgãos dos partidos.

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