terça-feira, 13 de julho de 2010

'Lula não mandará mais'

DEU NO ESTADO DE MINAS

Serra diz que o presidente não vai terceirizar o mandato e, se Dilma for eleita, quem governará o país será o PT, com suas %u2018contradições%u2019

Ezequiel Fagundes e Thiago Herdy

O candidato do PSDB à Presidência, ex-governador de São Paulo José Serra, afirmou ontem, em Belo Horizonte, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai mandar no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2011. Com um discurso de contraponto à alta popularidade de Lula, Serra disse que ninguém nunca conseguiu “terceirizar cargo presidencial”. Em tom de crítica, o ex-governador paulista afirmou que, em caso de vitória da candidata petista Dilma Rousseff, quem vai governar o país será, na realidade, o PT. “O Lula é um homem inteligente, duvido que ele pense que vai continuar mandando. Se pensar isso, está enganado. O Lula é mais forte que o PT, e a Dilma mais fraca que o PT. Se ela ganhasse, quem iria ficar por cima é PT com todas aquelas contradições e dificuldades”, criticou.

Mais tarde, em entrevista exclusiva à TV Alterosa, o ex-governador repetiu o discurso e afirmou que “a administração tem de ser feita por quem for eleito”, por isso, está certo de que “a população vai procurar fazer a sua própria avaliação a respeito dos candidatos”. Serra viajou a Belo Horizonte para participar de caminhada na região de Venda Nova com o governador Antonio Anastasia, candidato tucano à reeleição, e com o ex-governador Aécio Neves, candidato ao Senado.

Acompanhados de uma claque e de um carro de som, os candidatos percorreram dois quarteirões da Avenida Padre Pedro Pinto, a principal da região, onde cumprimentaram comerciantes e gravaram cenas externas que serão usadas na propaganda eleitoral da TV.

Na entrevista à Alterosa, Serra negou ter pedido a demissão do diretor de jornalismo da TV Cultura, emissora estatal paulista, Gabriel Priolli, na última semana. “Eu nem soube, nem sabia quem era o diretor (de jornalismo da TV Cultura). Aí, você tem os twitters e os blogs sujos que vão espalhando (isso) na esperança de fazer pauta para a imprensa. Se teve algo que nunca tutelei, foi a TV Cultura. Ao contrário, é o governo federal que tem as suas emissoras usadas de maneira política muito clara”, criticou o ex-governador, referindo-se à Radiobrás e à TV Brasil.

Questionado sobre a forma como isto acontecia, Serra respondeu: “De várias maneiras, o jornalismo é bastante criativo para poder fazer isso, esse jornalismo oficialista. A TV Cultura tem autonomia completa, pode pegar o noticiário para ver. É só ir olhar para ver se alguma vez houve alguma espécie de favorecimento”, disse. Serra ficou irritado quando perguntado se o tema pedágio o incomoda. “Não”, respondeu, fechando a cara. Ontem, a TV Cultura negou, por meio de nota, que o afastamento do diretor tenha tido motivação política.

O candidato fez fortes críticas ao fato de Dilma ter retirado assinatura de seu esboço de programa de governo entregue à Justiça eleitoral no ato de registro da candidatura. Ao se referir a pontos polêmicos do programa petista, ele afirmou que não tem “dupla cara”. “Ainda vamos recolher muitas propostas porque não apresentamos um plano detalhado, mas somente as diretrizes gerais. Não se trata de versão do tipo você é aliado do MST e na outra adversário do MST. Em uma você prega a coação da imprensa, na outra uma imprensa livre. Não temos essa dupla cara, digamos”, alfinetou.

Na primeira visita de campanha, Serra aproveitou para reafirmar compromissos com os eleitores do segundo maior colégio eleitoral do país. Ele prometeu finalizar o metrô de BH, inclusive se esforçando para “construir alguns quilômetros” em tempo viável para a Copa de 2014. “O governo federal não aumentou em um metro o metrô. Quanto mais a cidade se expande, mais caro é o metrô, que já custa uma fortuna”, disse.

Além da construção de um Rodoanel e da ampliação da capacidade do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, por meio de concessão, o ex-governador prometeu criar defensivos agrícolas genéricos, entrosar os diferentes programas sociais do governo e colocar dois professores na sala de aula no primeiro ano do ensino fundamental.

SE EU FOSSE PRESIDENTE...

A primeira coisa que eu faria se fosse eleita presidente do Brasil seria montar uma boa equipe no governo, porque o presidente não faz nada sozinho. Eu tentaria fazer um governo realmente democrático, para os trabalhadores, e criaria condições para que o povo participasse cada vez mais dessa democracia. Eu faria projetos populares, principalmente. Também investiria na educação. Hoje, várias pessoas estão desempregadas, não porque não têm capacidade ou porque querem, mas porque não tiveram condições de ter boa educação. Eu também investiria no emprego, mas não no emprego de mão de obra barata. Iria investir no bom emprego, com salário justo para o trabalhador.

Júlia Raffo, estudante, presidente do Grêmio do Colégio Estadual Central, 15 anos

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