terça-feira, 20 de julho de 2010

Jungmann e a sua “Tribuna 232”

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O candidato chegou antes, o caixote, trinta minutos depois. Com os dois na Praça da Independência, no centro do Recife, teve início ontem o primeiro comício do candidato ao Senado pela coligação Pernambuco pode Mais, Raul Jungmann (PPS), que cumpriu o prometido de falar sobre um caixote, a Tribuna 232. Ele foi recebido pelo frevo Voltei, Recife, de Luiz Bandeira, que marcou em 1990 a campanha eleitoral de Joaquim Francisco, então no PFL.

“Usar caixote não foi ideia de Eduardo Campos, em 2006”, lembrou Jungmann. “Eu mesmo fiz vários em cima deles”, justificou, sempre ao lado de sua inseparável suplente, a vereadora Aline Mariano (PSDB). O frevo partiu de um carro de som, placas KGS-6847, com adesivo do vereador Gilvan Cavalcanti. Cerca de 50 pessoas, entre militantes e populares, cercaram o candidato. Ao fundo, a estátua pensativa do poeta Carlos Pena Filho.

A princípio inseguro se o caixote suportaria seus 105 quilos, Jungmann, mais seguro, falou sobre o que espera da campanha: “Talvez o desejo oculto do governador Eduardo Campos (PSB) seja uma campanha mais agressiva, mas de nossa parte ficaremos com três metas: a verdade, a verdade e nada mais que a verdade, e isso basta. Eduardo segue o comportamento da Dilma (Rousseff), que se recusa a participar de debates, mas ele tem capacidade de fazer um bom debate para ajudar o eleitor”, previu.

Ainda sozinho, sem a presença da chapa majoritária e sem contar com panfletos e camisetas com seu nome, Jungmann teve de fazer o papel de conciliador para conter a fúria verbal do candidato a deputado federal Marlos Porto (PPS), que contestava, aos berros, as acusações de um morador de rua que acusou “todos os políticos” de “corruptos” porque não recebeu o que pediu: uma quentinha. “Não estamos aqui para distribuir ajuda, não é nossa obrigação no momento. Onde está o Fome Zero? O Bolsa Família?”, questionou o candidato que, a cada pedido de Jungmann, elevava mais a voz. “Menos, Marlos, menos”, pediu Raul. “Não faça isso, Marlos”. Porto só interrompeu o discurso contra o governo Lula quando ganhou um microfone para desabafar diante da câmera da produtora que acompanha o PPS e recebeu ao final um fraternal abraço do candidato ao Senado.

Imitando um apresentador bem-humorado de programa de auditório, Raul apresentou, sobre o caixote e com microfone na mão, os candidatos do PPS e PMN. “Vamos ouvir o vereador da cidade do Cabo, Arimatéia, do PPS, palmas para ele”, pediu. Ou quando chamou Gustavo Rosas (PPS), candidato a deputado federal. “Atenção para as palavras do candidato, ele é médico”, frisou. Ao fundo, um casal passou diante do comício. “São todos iguais”, condenou o homem. “Ei, Dilson Peixoto, quero um emprego”, gritou um ciclista, confundindo Jungmann com o presidente do Grande Recife Consórcio de Transportes, talvez por causa do bigode e cavanhaque.

Sem perceber que estava em comício errado, um grupo de segura-bandeiras de Pedro Eugênio (PT) juntou-se aos do PPS e PMN. O grupo só deixou a praça quando foi informado que a manifestação da Frente Popular de Pernambuco estava na Praça Maciel Pinheiro.

Jungmann estará, hoje, às 16h, no Vasco da Gama e, às 19h, no PSDB, para encontro com mulheres.

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