sexta-feira, 2 de julho de 2010

Jogo duro:: Fernando de Barros e Silva

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - José Serra e Dilma Rousseff estão tecnicamente empatados, diz o Datafolha. E o tucano aparece um ou dois pontos à frente da petista, conforme o cenário analisado -sem ou com os nanicos na disputa. Há 40 dias, o Datafolha mostrava os dois empatados em 37%. Quase nada mudou -seria essa a conclusão mais óbvia a ser extraída da pesquisa. Sim e não.

Objetivamente, estavam empatados e assim continuam. Ocorre que Dilma vinha numa trajetória ascendente: estava na casa dos 30% até abril e pulou para 37% no final de maio. Com Serra se passou o contrário: tinha 42% em abril e havia caído para 37% em maio.

Soma-se a isso o seguinte: desde pelo menos as convenções partidárias, na segunda semana de junho, quando Serra e Dilma foram lançados, criou-se um ambiente político francamente favorável à petista.

A influência mais evidente do apoio de Lula, a consolidação da aliança com o PMDB, as boas novas na economia -tudo contribuiu para consolidar a percepção do favoritismo de Dilma. Para reforçar ainda mais o clima de barbada, pesquisas divulgadas recentemente por outros institutos, como Ibope e Vox Populi, apontaram a petista cinco pontos à frente de Serra. O Datafolha não confirma esse movimento de ultrapassagem de Dilma -isso a despeito dos humores quase opostos vividos pelas duas campanhas.

É preciso levar em consideração que Serra esteve muito presente na TV em junho, beneficiado pelo programa e pelas inserções do PSDB, além das aparições que fez nos programas do DEM, do PPS, do PTB.

À luz dessa exposição, o fato de que tenha se mantido no mesmo patamar poderia ser visto quase como uma marca ruim. Não, porém, à luz da sucessão de más notícias que sua campanha conseguiu fabricar, culminando com a comédia de erros que veio desembocar na escolha de Indio da Costa para vice.

Quem já previa uma goleada deve, pois, ter mais cautela. Talvez sirva como alerta para o jogo de hoje.

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