quarta-feira, 28 de julho de 2010

Analista da Receita nega ter acessado dados de EJ

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Em quatro horas de depoimento, servidora disse "desconhecer" tucano

Receita investiga acesso "imotivado" do IR; dado constava de um dossiê montado por grupo que trabalhou para Dilma

Claudia Rolli e Andréa Michael

SÃO PAULO - A analista tributária Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, 45, depôs ontem na Corregedoria da Receita Federal, em São Paulo, e negou, segundo a Folha apurou, ter acessado os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge.

No depoimento, que ocorreu das 8h30 às 12h30 na sede da Receita, no centro de São Paulo, a servidora repetiu o que já havia declarado por meio do sindicato ao qual é filiada -o Sindireceita.

Afirmou que não acessou de forma "imotivada" a declaração de Imposto de Renda de EJ, como o tucano é conhecido, e disse desconhecer o dirigente tucano.

Em junho, a Folha revelou que o IR do político constava de dossiê montado pelo "grupo de inteligência" que atuou na pré-campanha da petista Dilma Rousseff.

O Sindireceita e uma das advogadas da servidora informaram que o caso está sob sigilo e que não se pronunciariam sobre o depoimento.
"Por dever de ofício, a defesa não irá se pronunciar", afirmou Carolina Santos, advogada do Sindireceita e da servidora no processo administrativo disciplinar, no qual Antonia é investigada pela Corregedoria.

A advogada disse que Antonia está "tranquila" em relação ao depoimento, porém abalada por causa da exposição que seu nome e de sua família tiveram na imprensa.

Antonia é investigada, em processo administrativo disciplinar aberto pelo fisco em 1 º de julho, como suspeita de ter acessado de forma "imotivada" a declaração de Imposto de Renda de Eduardo Jorge.

O Sindireceita já pediu esclarecimentos ao secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, e ao corregedor-geral do fisco, Antônio Carlos Costa d"Ávila Carvalho, para saber por que razão o nome da servidora "vazou" para a imprensa.

No ofício encaminhado à cúpula do fisco, o Sindireceita considera que no vazamento de informações sobre a servidora houve "desvio de conduta" e que a apuração da quebra de sigilo é importante porque, "caso a investigada venha a ser inocentada", ela poderá propor "ação de reparação por danos morais contra a União".

O Sindireceita também pediu à Polícia Federal para apurar a responsabilidade pelo vazamento do nome da servidora da Receita.

Antonia é funcionária do fisco desde 1995. Era chefe do escritório do órgão em Mauá (SP), mas foi exonerada do cargo no dia 8 de julho, uma semana depois de passar a ser formalmente investigada pela Corregedoria.

O fisco também investiga a possibilidade de a senha de Antonia ter sido usada por outro funcionário sem o consentimento dela.

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